Uma Longa Batalha
Quando a New Line anunciou a produção de uma das mais adoradas obras da literatura mundial, muitos fãs de John Ronald Reuel Tolkien entraram em pânico pela possibilidade de o resultado não ser lá grande coisa. Pois bem, o diretor neozelandês Peter Jackson não só dirigiu a trilogia O Senhor dos Anéis como também fez deles grandes conquistadores de bilheterias mundiais e oscars.
Com esse histórico, nada mais justo do que apostar todas as fichas na empreitada baseada no livro O Hobbit do mesmo autor J. R. R. Tolkien. Porém, o primeiro susto veio com o fato de que a obra de teor bem infantil seria dividida em três partes e em segundo que criariam um vilão inexistente no livro. Bom, dada a qualidade técnica dos envolvidos, a expectativa de que teríamos algo bom era alta, isso é fato.
O HOBBIT: A BATALHA DOS CINCO EXÉRCITOS começa exatamente onde o filme anterior, A Desolação de Smaug, termina, com o dragão chegando na Cidade do Lago. A sequência, embora esteticamente bem orquestrada, já mostra os excessos em CGI que vem sendo usados desde a primeira parte da trilogia. Não que isso estrague a experiência, mas a grande duração da cena passa sensação total de artificialidade. Pelo menos o divertido Smaug, em rápida ponta neste episódio, consegue manter seu carisma e poderio sobre os reles mortais, causando a total destruição da vila em questão de minutos. Pelo menos isso serviu para que Bard (Luke Evans) seja imediatamente elevado ao status de salvador, já que responde pela morte do saudoso cospe fogo.
Apesar da rápida cena inicial findar uma história que começou no filme anterior, o roteiro já pula para a razão do filme existir: Erebor. A montanha citada é imediatamente tomada pelo grupo de anões que, liderados por Thorin (Richard Armitage) assumem o local como algo de direito natural. O grande problema disso é que outros também tem interesse no local, não só pela grande fortuna presente em ouro e pedras preciosas, mas sim pela posição altamente estratégica. Dadas as circunstâncias, temos aí o começo da Batalhas dos Cinco Exércitos.
As brigas que ocorrem por conta da tentativa de manter/tomar o controle da montanha são dignas de nota, principalmente pela dimensão. Os exércitos que lutam entre si travam uma batalha imensa, envolvendo um enorme número de personagens e armas, culminando, evidentemente, na morte de muitos orcs, humanos, elfos e animais. É de se destacar também que, o apuro técnico do diretor Peter Jackson e de sua equipe ajudam a criar maior impacto, principalmente pelo visual, pois as lindas locações da Nova Zelândia e planos aéreos, como os vistos na trilogia original, respondem enormemente pelo impacto da película.
Ainda falando sobre aspectos técnicos, a qualidade das CG's são soberbas, com grande variação de ambientes, texturas e animais, todos com boa qualidade e movimentos naturais, mostrando o que Peter aprendeu com os filmes anteriores a essa trilogia. Os aspectos sonoros, pra variar são excelentes, com destaque para a trilha sonora composta or Howard Shore, sempre encaixando bem na situação para criar tensão ou alegria.
Quanto ao elenco, temos muitos personagens marcantes, mesmo que em ocasiões homeopáticas, como Radagast, o marrom; Saruman; Galadriel; Elrond e por aí vai... Ou mesmo aqueles fundamentais para o roteiro como Gandalf; Bilbo; Thorin; Légolas e tantos que trazem drama ou mesmo alegria em suas atuações. O fato é que, assim como a primeira trilogia, o grandioso elenco de personagens e figurantes surpreendem pela boa logística da equipe, embora o abuso de computação gráfica para ampliar os exércitos soam artificiais e desnecessários, ainda mais por saber que O Senhor dos Anéis nos trouxe figurantes em número absurdo e com resultado muito melhor.
Nitidamente sustentado pelo sucesso alcançado na produção anterior, O HOBBIT: A BATALHA DOS CINCO EXÉRCITOS é uma longa batalha com mais de duas horas de duração, orquestrando grandiosas sequências de ação ao som de melodias pra lá de bem produzidas. Com a épica e triste conclusão desta terceira parte, fica a sensação de que o universo de Tolkien já foi visitado o suficiente e que, nem sempre mais tende a ser melhor em produções milionárias.