Pouco mais que feminina.
Mad Max e Despertar da Força provaram ao mundo do que as mulheres são capazes quando protagonizam filmes de qualidade. Ainda que tenham ajuda de homens em alguns momentos, as engrenagens giram graças a força motriz desferida pelas personagens cuja motivação vai além do desejo de serem bem sucedidas, mas também de mostrar do que são capazes.
Jane Got a Gun possui um pouco desse conceito, pois o filme narra a história de Jane Hammond (Natalie Portman), uma mulher que leva a vida sempre disposta e lidar com os problemas e buscando todas as forças para tal. Certo dia, seu marido Bill Hammond (Noah Emmerich), chega em casa baleado por membros de sua antiga gangue, o que deixa a protagonista em estado de alerta, uma vez que Hammond continuará sendo perseguido, sem trégua, por John Bishop (Ewan McGregor), o impiedoso e calculista líder do grupo de criminosos que compõe o lado "maldoso" da produção.
Visando buscar auxílio, Jane pede ajuda a Dan Frost (Joel Edgerton), um antigo caso amoroso que, por ter servido o exército, possui grandes chances de afugentar ou mesmo acabar com a turma de Bishop. A partir daí, o roteiro de Brian Duffield se encarrega de desenrolar o passado de alguns personagens através de flashbacks, algo que até funciona bem, já que não há outra maneira de descrever as ligações de forma mais direta. Surgem alguns dramas e explicações razoavelmente bem fundamentadas, algo que deixa Jane e Dan refletirem sobre a importância que um tem sobre as ações do outro, criando simpatia e a torcida pelo sucesso de ambos na empreitada complicada.
Um bom figurino de época, com locações que remetem a ambientes desérticos envoltos em montanhas e vegetação escassa ajudam a pontuar o esse drama western do diretor Gavin O'Connor, além da bela fotografia amarelada que abusa de planos em que por do sol desafia a arte em prol de uma imagem que deveria durar mais alguns segundos em tela.
O elenco conta também com a presença de Rodrigo Santoro e Boyd Holbrook (da série NARCOS) que, apesar de pouco tempo em cena, já chamam a atenção pela forma caricatural de seus personas.
JANE GOT A GUN é um bom filme, possui uma história interessante e um bom elenco, mas carece de polpa para se sustentar pelos módicos 95 min de duração. O final que se acovarda perante uma tragédia para fazer todo mundo feliz foi o maior erro do diretor, que tinha tudo para concluir a narrativa com a satisfação do público por conta da ousadia, mas acaba deixando o vilão Bishop "menos mal" do que deveria, uma pena.