Pela 1ª vez no Brasil, usa-se o Negativo Plus X da Kodak, em 2 de janeiro de 1940.
O filme não sobreviveu completo, perdendo-se certos trechos, substituídos para efeito de compreensão da estória por fotografias e legendas. Mesmo assim evidencia as potencialidades e os problemas de um cinema de estúdio no Brasil àquela altura. Há prodígios cenográficos, como o prédio da escola, assim como limitações gravíssimas, como a ausências de móveis em certos ambientes, substituídos por réplicas singelas.
As grandes qualidades de Romance Proibido estão em sua força como documento de época, revelando um desencanto com a elite perdulária, vazia e descompromissada politicamente, e uma adesão ao ideal do "novo homem brasileiro" estadonovista. Bem entendido, o nacionalismo gonzagueano se serve do contexto do momento, mas não sem fazer certos reparos e indicar os limites do projeto governista. É particularmente interessante o contraste que se estabelece entre os freqüentadores chiques do cassino e a apresentação de um número de bailado na escola nacionalista de dança folclórica, e a introdução do projetor cinematográfico na escola pública, sem prejuízo do consumo de cinema, qualquer que seja a cinematografia (no filme, corta-se da sala de aula para a porta de um cinema que está exibindo um western norte-americano), sabendo-se o quanto parte do governo getulista era xenófobo à América.
Estréia de Dercy Gonçalves no cinema, sem ser figurante.
Típico exemplar do cinema brasileiro dos anos de guerra e do Estado Novo, "Romance Proibido", a exemplo de "Aves sem ninho" e "Caminhos do céu", é filme nacionalista e austero, que exalta o valor dos seres humanos que abdicam de suas aspirações pessoais em benefício do progresso da coletividade, através do nobre exercício de uma profissão. O nacionalismo gonzagueano flertava com o autoritarismo varguista em sua face de renovação espiritual e social do homem brasileiro, com direito à presença do projetor cinematográfico em plena sala de aula, como um instrumento fundamental de difusão da educação e da cultura.
O filme era uma refilmagem disfarçada de "Barro Humano" e do inacabado "Saudade", que Adhemar Gonzaga pretendia dirigir em 1930. As personagens são, em sua estrutura, as mesmas. Porém, as situações e o cunho didático nacionalista foram introduzidos posteriormente. Em vez do final feliz original, a protagonista agora ficava sozinha e decidia levar a educação para as comunidades do interior, em missão patriótica tão ao gosto do momento.
Esteve seis anos em produção, freqüentemente interrompido. Somente em 1944 foi terminado. Iniciado em 1939, teve a sua realização cerceada por vários motivos: a dificuldade de obtenção de filme virgem, de produtos químicos necessários à revelação e copiagem, e a recessão econômica do país em virtude da II Guerra Mundial e seus efeitos colaterais, além dos rigores da censura da época.
"Romance Proibido" foi o terceiro filme dirigido por Adhemar Gonzaga.
Hippólito Collomb, a 26 de janeiro de 1940, recebeu o prêmio dos críticos como o melhor cenógrafo.
O automóvel em que a professora viaja é um Buick 1928, sedã, usado, equipado com todos os seus pertences e acessórios.
A 26 de outubro de 1939, na Cinédia, filmava-se sob a direção de Amadeu Castelaneta, "Joujoux e balangandãs", repetição cinematográfica do espetáculo de caridade do Teatro Municipal, patrocinado pela Sra. Darcy Vargas. A cessão inesperada dos estúdios - era por dez dias e ficaram à disposição de "Joujoux" por noventa dias prejudicou seriamente as filmagens e os recursos para Romance Proibido. Estavam também iniciados os preparativos para a produção de Pureza.
Um momento muito importante do filme, na concepção de Adhemar Gonzaga, é a cena em que a professora acaba de projetar um filme educativo aos alunos. A câmera fecha no projetor de 16mm (pela primeira vez mostrado no cinema), e abre num cartaz de um filme de cowboy do cinema local.
Romance Proibido, um dos filmes mais luxuosos e de maior pobreza (pólos extremos), com montagens grandiosas, guarda-roupa bem cuidado, de Iracema Gomes Marques, uma das maiores modistas do Rio de Janeiro, na época.
Exteriores: Ilha de Pancaraíba, Excelsior, Fazenda Carlos Guinle, Casa Benzazoni Lage, fazenda na Gávea de Raul Monteiro Guimarães e seqüências rurais em Deodoro.