As Libertinas : secretos do rodagem

Alunos da Escola Superior de Cinema São Luis, em São Paulo, Carlos Reichenbach e João Callegaro uniram-se ao crítico mineiro Antônio Lima e, abandonando seus projetos cinematográficos de teor político, progressista e revolucionário, realizaram esse filme debochado, já no estilo que ficaria conhecido como "cinema cafajeste" ou "marginal", seguindo as lições do "quanto pior, melhor".

Com sua opção por uma estética do mau gosto, o filme apontava para um vértice extremo do nascente movimento tropicalista. As Libertinas foi feito no mesmo ano que O Bandido da Luz Vermelha, de Rogerio Sganzerla, dando início ao movimento cinematográfico da Boca do Lixo.

Curiosamente, As Libertinas estreou em um tradicional cinema de arte de São Paulo, o Belas Artes. Foi um extraordinário sucesso de bilheteria, permanecendo mais de três meses em cartaz no cine Normandie.

Para homenagear Primo Carbonari, Jose Mojica Marins, Nilo Machado e Ody Fraga, Reichenbach chegou a pedir ao fotógrafo Waldemar Lima (o mesmo de Deus e o Diabo na Terra do Sol), para tremer o tripé durante as panorâmicas, abolir os filtros, saturar o contraste fotográfico e girar a câmera alucinadamente em volta dos atores. Ele contou ter se inspirado também em Brigitte Bijou (pseudônimo literário de Silvino Neto) e no prolífico Marcel Kappa, do best-seller pornô "Lua de Mel a Quatro".

O filme se encerra com um longo striptease em plano fixo, concebido por João Callegaro como homenagem a Superbeldades, de Konstantin Tkaczenko.