Testemunha 4: Críticas

Marcelo Grabowsky, em seu longa-metragem de estreia, muito peculiar para um tema tão assombroso, se saiu como um veterano. A partir de depoimentos de sobreviventes de Auschwitz No tribunal de Frankfurt, o dramaturgo Peter Weiss concebeu “O interrogatório”. Colagem de relatos contundentes, o texto também confronta o leitor/ espectador com a estrutura do funcionamento de um campo de concentração. A peça foi encenada na década de 1970 por Celso Nunes, na de 1990 por Luiz Fernando Lobo e, recentemente, por Eduardo Wotzik. Esse último trabalho motivou Marcelo Grabowsky a investir no projeto de Testemunha 4. Propôs que o elenco continuasse apresentando a montagem de seis horas, recomeçando até completar 24 horas ininterruptas, esta duração o levou a recriar, com boa dose de veracidade, a atmosfera de modo a permitir que os espectadores transitassem livremente pelo teatro sem o risco da dispersão. Testemunha 4 revela que o diretor lançou mais um desafio aos atores: eles não deveriam se desconectar de seus personagens em nenhum instante. Grabowsky verifica a viabilidade desse controle ao fechar o foco em torna da interpretação emotiva de sua mãe, a atriz Carla Ribas, onde a registra em close. Ao captar as mesmas cenas realizadas em momentos diversos dessa maratona, o diretor evidencia que o ator não tem como fazer exatamente igual a cada vez. A sequência final dos atores na praia deixa a sensação de um sopro de liberdade. Filme para poucos.