OS GUARDIÕES DA GALÁXIA
Peter Quill, Drax, Gamorra, Racket e Groot são nomes que eu nunca tinha ouvido falar, nem mesmo quando a Marvel ficou mais famosa com sua bem sucedida empreitada nas telas.
Quando anunciaram que os Guardiões viriam se juntar ao bloco de heróis, enquanto muitos leitores fiéis vibraram, outros acharam que seria uma tolice já que não eram famosos. Eu que não os conhecia me perguntei: Quem são esses caras?
Fuçando um pouco, vi que são importantes no universo que envolve os Vingadores. Eles têm um inimigo em comum, e isso, creio eu, ainda há de ser retratado.
A árdua e incansável preparação da Marvel Studios para esse futuro nos cinemas ganha um novo ingrediente, o qual eu considero um dos melhores até aqui. Com certeza é o mais engraçado.
Com uma abertura incomum, mostra uma criança despedindo-se da sua mãe prestes a falecer devido ao câncer. Logo após sua morte, o garoto desesperado corre para fora do hospital onde é abduzido por alienígenas. Aí entramos em um distante mundo onde um ser, embalado ao som de clássicos dos anos 80, surge dançando e surpreendendo a todos com a mais divertida abertura que já vi em anos. É Peter Quill, o garoto da primeira cena, agora um ladrão que rouba coisas importantes de outros planetas para fazer dinheiro.
Geralmente esses filmes de heróis e etc tem trailers que sugerem ação e movimento, Nesse caso, o trailer se Guardiões sugere humor. E é assim mesmo que o filme se apresenta: como uma comédia intergalática, com ação sem fim, bons diálogos, personagens extremamente estranhos e imprevisíveis.
A coisa importante que Peter, o Senhor das Estrelas (rs), rouba é chamada de Orbe. Para ele, é nada mais que uma encomenda, mas para outro constitui-se no alto preço a pagar para ter o direito de se vingar de um planeta inteiro e levá-lo a extinção. O malvado em questão chama-se Ronan, O Acusador, que trabalha para Thanos (que aparece no fim de Os Vingadores, lembra?), o interessado no Orbe.
A confusão que envolve essa busca pelo objeto leva os futuros guardiões a se conhecerem na prisão, após uma divertida briga travada entre eles.
É lá que cada um é esclarecido ao espectador, e ao se conhecerem, descobrem a necessidade de se unirem para pegar o objeto e vendê-lo ao comprador certo, o Colecionador (Benicio Del Toro), e evitar que caia nas mãos de Ronan.
Ao fugirem da Prisão e levarem o objeto, acabam por perceber que o Orbe é muito mais que parece e pode acarretar em perdas inimagináveis. Assim, mantê-lo a salvo de todos se torna prioridade.
Apesar de cada um ter suas motivações pessoais contra os vilões, unir-se contra o mal, em prol do todo parece mais inteligente. Começa aí a formação dos Guardiões da Galáxia.
O filme, além de muito engraçado, tem um roteiro bacana bem amarrado, com qualidade técnica absurda, maquiagem, efeitos e outros aspectos.
Apesar de se tratar de algo que já existe nos Gibis, é extremamente original, desde a concepção visual, as características dos protagonistas e a valorização do trabalho em grupo que torna os atores mais famosos e os menos em uma única célula, onde cada um tem seu papel mas sozinhos não fazem muita coisa.
Dá um pouco de pena de Vin Diesel, escalado para dublar o bicho-árvore Groot, já que profere uma única frase umas 10 vezes o filme todo "Eu sou Groot", mas única frase diferente que ele diz faz toda a diferença para consolidar o conceito de equipe que o filme tenta impregnar.
A trilha maravilhosa recheada de músicas clássicas de 70 e 80, não só se encaixa perfeitamente no contexto espacial do longa como se justifica a cada cena que elas tocam, em particular nas cenas finais que mostram a importância sentimental delas para Peter Quill.
Cris Pratt, o Peter, pouco conhecido até então torna-se a força motriz do filme. Carismático e competente, se adequa com maestria ao seu personagem. Zoe Saldaña, a Gamorra, não é nada demais mas também vai legal. Dave Bautista, no entanto, surpreende muito no pele de Draxx e também desempenha um trabalho fenomenal, assim como o ótimo Bradley Cooper, conhecido por Se Beber não Case e Lado Bom da Vida, na dublagem hilariante do guaxinin Racket. Além de ser um personagem bizarro e louco, consegue comover a platéia em momentos de emoção diante da perda. Groot tem poucas falas, como dito, mas é sem dúvida o mais cativante dos 5, como na bela cena em que para de andar com eles para oferecer uma flor a uma menina.
Aliás, sentimentos também são alvo de brincadeira no filme inteiro. Nenhum clima de romance ou de emoção se sustenta tempo suficiente antes que uma boa piada venha e "estrague" tudo.
Como de costume, Stan Lee está lá de novo em uma cena especial. No entanto, a cenas pós-créditos não trazem nada relevante, a não ser a certeza de uma sequência, o que já fica estampado no final do filme com a frase: OS GUARDIÕES DA GALÁXIA RETORNARÃO.
Com cenas frequentes de boa ação, ótimos efeitos e um carisma sem fim, a Marvel não só cumpre o prometido em fazer a melhor série heróica de todos os tempos como consegue escrever para sempre o nome dos Guardiões da Galáxia na lista dos heróis que tanto admiramos.
Se antes não passavam de desconhecidos da maioria, agora terão seu justo e merecido lugar nos corações dos fãs de todo o mundo.