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15 Críticas do usuário

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Enviada em 24 de janeiro de 2015
Confesso que Hitchcock (o diretor) é um dos diretores que mais admiro. Sou daqueles que veem em sua pessoa o verdadeiro diretor/autor. Quando o filme com seu nome foi lançado e assisti cenas isoladas, pelo meu deslumbramento, fiquei empolgado com tudo aquilo. Porém ao olhar de perto, como se estivéssemos olhando cada frame, veremos que é um filme extremamente artificial no que tange à sua verdadeira essência. Do que se trata esse filme? É sobre Psicose e sua influência sobre o diretor, é sobre os bastidores desse filme, é sobre a relação entre Alma (sua esposa) e Hitchcock ou é sobre tudo isso? Fico com a última, o que acaba tornando esse filme superficial por não conseguir atingir nenhum objetivo.
Hitchcock (Anthony Hopkins) acaba de apresentar o seu Intriga Internacional e após o sucesso se vê sem ideias para superar este bem sucedido filme. Alguns chegam a perguntar se não era a hora de parar, já que está no auge. Porém como não aceita ficar fora dos holofotes, além de ser uma pessoa que vive de/para o cinema, Hitchcock insiste com seus colaboradores para que achem algo interessante. Quando lê o livro Psicose fica deslumbrado e mesmo sem o apoios da Paramount, resolve que vai bancar o filme e arcar com um possível fracasso do filme.
O que foi escrito acima apenas se trata de um tema que, em minha opinião, teria que ser mais abordado. Teria que ter uma ênfase ao que realmente o filme veio falar, já que o roteiro é adaptado do livro Alfred Hitchcock e os bastidores de Psicose de Stephen Rebello. Assim, o roteiro parece querer falar mais de outros assuntos do que realmente do tema do livro que serviu para a adaptação. Assim os bastidores da construção do clássico Psicose perdem espaço para alusões amorosas de Alma Hitchcock. Além da possibilidade do romance extra conjugal da esposa de Hitchcock o filme ainda quer abordar como esse filme impactou em sua vida, fazendo com que algo o perturbe mentalmente. Assim temos vários aspectos que não são abordados em sua totalidade e o foco principal que era a construção do filme perde o lugar de destaque.
Se analisarmos o quanto esse livro poderia se tornar um filme, não conseguiríamos achar grande material para a realiza-lo, pois funcionaria mais como um documentário ou bastidores da obra prima do que realmente transformá-lo em um filme. Assim ele é preenchido com uma trama entre o senhor e a senhora Hitchcock que faz com que a famosa cena do chuveiro tenha um Hitchcock à beira de um colapso esfaqueando pessoas que ele detestava. Além disso há cenas que facilmente tiraríamos da montagem final. Apesar dela acrescentar cenas que facilmente poderiam ser retiradas, gostei de alguns raccords (ligação entre dois planos).
Mesmo a construção da narrativa não focando no que realmente lhe cabia confesso que gostei de ver as cenas, mesmo que mínimas, de como Hitchcock conseguia vencer a censura imposta pelo Código Hays, assim como sua capacidade de promover seus filmes. É interessante assistir a falta de apoio que o diretor tinha, pois mesmo tendo êxito em seus filmes, ele não conseguia com que os estúdios o financiassem tão facilmente, pois ele só foi visto como um diretor/autor quando a Nouvelle Vague passou a idolatrá-lo. Foi nessa época que ele conseguiu ter um pouco mais de respeito na indústria cinematográfica.
A interpretação de Hopkins não conseguiu atingir o esperado, pois o que assistimos é em certos momentos uma cópia de alguns gestos característicos de Hitchcock. Acaba por ser mais uma imitação do que ele próprio. Aqui cabe uma frase de Bernard Shaw: "Não é surpreendente que o pecado mais imperdoável do ator seja o de ser aquele a quem ele representa, no lugar de representa-lo." A maquiagem que somada ao desempenho dele acaba formando um paradoxo em que ele reforça a imitação do verdadeiro, assim como acaba sendo efetiva na transformação do ator no diretor. Hellen Mirren nos mostra uma Alma que começa a sentir um incomodo por viver a esposa do famoso diretor e de ter que aturar suas idolatrias as atrizes com que trabalha. Sua atuação é segura, mas fica um pouco apagada por procurarmos o que realmente o filme deveria passar e não o que ele realizou.
Hitchcock é um filme quase desnecessário, que não consegue se enquadrar em algo que realmente seja digno do diretor e acaba não servindo nem para cinéfilos amantes do diretor conseguirem desfrutar de um breve sonho de ver o mestre na telona. Acaba entrando a fundo no desnecessário e foca no essencial somente superficialmente, transformando em algo que passa batido por nós. Nos resta esperar o documentário que, a princípio estão fazendo, com o famoso livro em que Truffaut entrevista Hitchcock.
2,5
Enviada em 22 de julho de 2013
Considerado o 14º melhor filme de todos os tempos pelo American Film Institute e indicado a 4 Oscars, “Psicose”, longa dirigido por Alfred Hitchcock, é considerado uma das maiores obras do gênero de suspense/horror. O primeiro filme de terror da carreira daquele que viria a ser conhecido como o Mestre do Suspense, “Psicose” foi o filme mais bem-sucedido (em termos de bilheteria) da carreira de Hitchcock. A produção de “Psicose” durou 30 dias. É justamente os seus bastidores o objeto principal do filme “Hitchcock”, do diretor Sacha Gervasi.

Apesar do roteiro escrito por John J. McLaughlin (com base no livro de autoria de Stephen Rebello) falar sobre as filmagens de um verdadeiro clássico do cinema, “Hitchcock”, na realidade, usa isso como pano de fundo para abordar aquele que é o verdadeiro assunto do filme: a personalidade do icônico – e genial – diretor inglês (Anthony Hopkins); a forma como ele se relacionava com seus colaboradores (notadamente, as atrizes, com quem ele estabelecia ligações um tanto complexas, que muitas vezes invadiam o espaço da vida privada delas) e com os figurões de Hollywood; e, principalmente, o seu casamento não-convencional com Alma Reville (Helen Mirren).

A ligação de Hitchcock com sua esposa Alma Reville merece a atenção especial da plateia no decorrer do longa. Colaboradora mais próxima do marido, ela contribuiu com a maior parte dos filmes do marido, muitas vezes sem receber o devido crédito por isso. “Hitchcock”, neste caso, vem para corrigir um grande erro, na medida em que mostra o papel importante que Alma exerceu durante, especialmente, a pós-produção de “Hitchcock” – com certeza, foram algumas de suas dicas que acabaram por transformar “Psicose” no grande sucesso que o longa foi.

Originalmente, ainda em 1960, Alfred Hitchcock decidiu fazer “Psicose”, pois estava cansado dos filmes com grandes orçamentos e muitas estrelas. Ele queria se dedicar a algo que fosse mais simples e que tivesse a influência da estética da televisão. De uma certa maneira, “Hitchcock” abraça muito também essa mesma linguagem, especialmente se percebermos que o longa tem uma cara enorme de telefilme – e, talvez, tivesse funcionado melhor se tivesse sido lançado diretamente neste formato. Com um trabalho incrível de maquiagem (Hopkins está irreconhecível como o diretor inglês) e de reconstituição de época, “Hitchcock” será uma obra que ficará mais conhecida por nos colocar mais próximo do método meticuloso de dirigir de um dos profissionais mais lendários da indústria cinematográfica e de um filme que, não só marcou uma época, como também um gênero.
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