É difícil de ver filmes sobre gangsteres que fujam de sua atmosfera tradicional. “O homem de gelo” tenta ser diferente pela abordagem de personalidade do personagem principal, mas não consegue surpreender no quesito ‘estilo máfia’ ao se prender demais nos clichês do subgênero.
Tudo é bem orquestrado, o roteiro é encaixadinho, a fotografia transmite perfeitamente a frieza peculiar da temática, tem a violência típica dos mafiosos, a reconstituição de época é convincente e o elenco tem boa atuação (Michael Shannon está ótimo como sempre), mas a direção burocrática de Ariel Vromen carece de criatividade e impacto.
A trama, inspirada em fatos reais, fala sobre um assassino profissional Richard Kukliski que esteve a serviço da máfia por mais de 40 anos no subúrbio de New Jersey. O tal ‘homem de gelo’ do título se refere a um coadjuvante, também psicopata, com o qual Richard se envolve, que matava suas vítimas e as congelava para, algum tempo depois, se desfazer do corpo sem pistas.
O interessante da narrativa, baseada no livro "The Iceman: The True Story of a Cold-Blooded Killer", de Anthony Bruno, e também no documentário “The Iceman Tapes: Conversations with a Killer”, de Jim Thebaut, é o contraste do comportamento do protagonista que se esforça para manter uma vida dupla: ser um dedicado pai de família que faz de tudo para manter o segredo de sua ‘profissão’ e ser um frio especialista em tirar vidas no submundo do crime.
“O homem de gelo” é bom, porém ‘mais do mesmo’.