Zelig foi escrito e dirigido por Allen em 1983 e traz Mia Farrow no elenco (aquela do apocalíptico O bebê de Rosemary – Rosemary’s Baby), além de, pra variar, o próprio diretor – que (também pra variar) atua no papel principal. Ambientado nos anos 20 e 30, o roteiro traz, em forma de documentário, a história de Leonard Zelig, uma figuraça que possui a habilidade de adaptar sua aparência e sua personalidade ao ambiente em que se encontra.
A primeira pessoa a perceber tal aberração foi nada menos que F. Scott Fitzgerald (excelente escritor de que certamente falarei algum dia), que percebeu, durante uma festa em sua casa, que Zelig adotava uma postura quando conversava com alguns convidados (com gestos refinados, linguagem rebuscada e até conhecimentos específicos), e outra (mais xucra e rudimentar) quando se encontrava na cozinha, conversando com os serviçais. Não demorou muito até ele se tornar uma celebridade internacional, conhecida como “camaleão humano”.
Aí entra a Mia Farrow, sua psiquiatra (Dra. Eudora Fletcher), que busca ajudá-lo a superar esse transtorno bizarro e descobrir seu “eu verdadeiro”. Através de sessões de hipnose, ela descobre que, por trás dessas transformações aparentemente inexplicáveis, existe um trauma enorme e um desejo incontrolável de ser aceito – tão incontrolável que seu corpo chega a sofrer mutações para que essa vontade se realize.
E então ela começa a tratá-lo. Se o tratamento dá certo e ele passa a ser uma pessoa normal e eles vivem felizes para sempre, acho que vocês têm que assistir pra saber. Mas basta eu dizer que o filme (além de ter sido indicado a uma série de prêmios – desde Oscar até Festival de Veneza) atingiu a impressionante marca de 100% de aprovação no Rotten Tomatoes. É, não é pra qualquer um.