Béla Tarr nos surpreende com incríveis 7 horas e meia de Hungria fria e úmida, e seus personagens misteriosos. A fotografia, vinda dos filmes desse diretor não há nem o que falar, é fantástica! A gente pode sentir o vento e a chuva durante as longas cenas em que se mostram as vazias paisagens rural e urbana. O movimento do filme, aliás, tem esse mesmo intuito, de colocar o espectador dentro do filme. O destaque dentre os personagens fica para a menina Estike, e sua melancolia. Com certeza uma atuação impressionante. O que muitos talvez não gostem (e acontece em todo Béla Tarr) são as tomadas (muito) longas. A câmera permanece estática por muitos minutos, o silêncio absoluto reina, as pessoas são acompanhadas em suas longas caminhadas, e tudo isso resulta em mais de 7h de filme. Mas como já foi dito, a intenção é fazer com que o nos sintamos dentro do filme. Se a pessoa não estiver disposta a sentir toda a atmosfera das paisagens lamacentas da Hungria rural, extrair as personalidades e intenções duvidosas dos personagens, sentir-se dentro da frieza entre a busca por uma vida melhor e a miséria,que não o veja. Eu assisti em 6 dias, por falta de tempo e parava quando me fadigava. Nos dias em que não me sentia capaz de me infiltrar em tal atmosfera melancólica, não assistia. É um filme que exige, mas que surpreende. Ninguém faz o que esse diretor faz, que é deixar tudo muito intrínseco. Vale a pena a experiência, mas não pode ir com a mente fechada.