Parte de uma série, Oldboy é um filme que, posso atestar, funciona sozinho, apesar de ser exatamente o filme do meio da chamada Trilogia da Vingança. Digo isso primeiramente por tê-lo visto sem assistir aos outros, e em segundo — mas não menos importante — por sequer saber de antemão da trilogia (soube pouco depois, ao comentar com amigos).
Porém, pelo que pesquisei, a história dos três filmes originalmente dirigidos e roteirizados pelo diretor sul-coreano Park Chan-wook não possui ainda sua perfeita contraparte americana, de forma que o remake de 2013 para Oldboy não tem ainda a ‘companhia’ das outras duas partes devidamente adaptadas (ao menos não foram lançadas ainda). Não é improvável que sejam ambas produzidas, no entanto, tendo em conta a atenção dada a Oldboy e, por tabela, à trilogia. Pois bem, foi justamente essa versão que assisti, a adaptação comandada por Spike Lee, e é sobre esse filme que pretendo tecer meus comentários de cinéfilo amador (e principiante).
O filme baseia-se, como o nome da trilogia já indica, em vingança — mas não uma vingança imediata, que tem desde o começo um alvo certo e conhecido. Na verdade, se tem uma definição que caberia muito bem a Oldboy é o famoso ditado que diz “A vingança é um prato que se come frio”. A incompreensão seguida de revolta com o fato de perceber-se preso logo vemos tornarem-se paciência, sagacidade e disposição para encarar o desafio de sair vivo da prisão forçada por motivo desconhecido. Porém o protagonista ainda procura não precipitar-se, evitando tomar por alvos quem não tenha culpa por sua situação — o que não lhe impede, mesmo assim, de cometer enganos terríveis.
Pode-se considerar perfeitamente a trama como uma versão modificada de Édipo Rei, com paralelos bastante interessantes e bem trabalhados, por baixo dos pontos algo surrealistas da história e dos elementos que não constam na clássica obra, fossem pela modernidade da trama ou para manter o filme num ritmo de ação, e não de simples adaptação do clássico de Sófocles. Penso que não há como detalhar mais precisamente esse background do filme sem comprometer a surpresa desse bom filme. Posso adiantar, no entanto, que é definitivamente um filme de ação com uma trama instigante sem exageros de um filme do Van Damme, e interessante sem tornar-se enfadonho. As lutas estão lá, o sangue idem, assim como ‘vilões’ e ‘heróis’, mas a historia que os envolve não é deixada tão de lado ao ponto de perder-se o fio da meada (ao menos eu não perdi).
É preciso, no entanto, assistir sem esperar ‘pureza’ dessa produção, que passa longe de ser puramente de ação, suspense ou drama: há toda uma mistura entre tais gêneros, incluindo pequena dose de comédia. Se você não tem problemas com isso, vale assistir, e ainda rende a curiosidade para assistir a trilogia inteira an versão coreana, tanto pela história quanto para comparar Oldboy americano com a versão original.