O filme “O senhor das moscas”, baseado no livro do William Golding, o qual ganhou o prêmio Nobel da literatura em 1983, foi roteirizado por Jay Presson Allen e dirigido por Harry Hook em 1990.
O filme aborda a história de um grupo de garotos que sofre um acidente de avião, e acaba tendo que “se virar” do jeito que dá em uma ilha deserta. No início, todos estão de acordo em relação a lutarem juntos pelo mesmo objetivo – o resgate – , porém a questão de estarem no meio do nada, sem adultos (pois o piloto e o professor morreram), e na pressão de ter que caçar seu próprio alimento, batalhar pela sua sobrevivência, o medo entre diversos outros fatores, leva a mudanças psíquicas, as quais se tornam o prelúdio para transformar crianças normais, em selvagens, e chegar ao ápice do pior que o ser humano tem a oferecer.
Esse grupo o qual envolvia todos, principalmente por conta de estarem compartilhando da mesma experiência e do mesmo medo, se dividiu em dois por conta da disputa de poder: onde alguns ainda estavam crentes de que o resgate poderia de fato acontecer, enquanto outros, queriam explorar e “curtir” esse momento sem responsáveis, e ocuparem seu tempo com brincadeiras, ritos – que mais tarde se tornam bem agressivos – e caças.
Este segundo, com seus “novos” ideais, e essa repentina mudança de consciência, criam novos mecanismos de proteção, os quais atraem mais crianças para esse grupo dos “rebeldes”. Estas, com práticas selvagens, criam ritos que envolvem ferir uns aos outros e perseguir opositores. Além do fato de o nome do filme, fazer referência ao sacrifício ao monstro: a cabeça do porco que colocaram na frente da caverna onde o suposto monstro estava, juntava moscas.
Ao final do filme, quando os “rebeldes” estão próximos de eliminar o último “opositor”, chega o resgate tão esperado por uns e tão repudiado a partir do ponto de vista de outros. Os quais já estavam totalmente transformados e, já haviam passado de crianças normais à assassinos, além de já deixarem transparecer e emergir a selvageria que havia, oculta dentro deles. O filme, por mais que “parado”, traz incontáveis questionamentos que abrangem questões históricas, psicológicas e sociais, e nos faz pensar e muito acerca desses assuntos. Um filme interessante, e que vale a pena assistir.