Dragonball Evolution (2009), dirigido por James Wong, é uma das adaptações cinematográficas mais desastrosas da história do cinema baseado em animes e mangás. O filme, que tenta trazer a icônica obra de Akira Toriyama para as telas em live-action, falha em praticamente todos os aspectos, resultando em um projeto que não apenas desrespeita a fonte original, mas também decepciona profundamente tanto os fãs da franquia quanto os críticos de cinema.
A história segue um Goku jovem, interpretado por Justin Chatwin, em sua jornada para reunir as sete Esferas do Dragão e impedir que o vilão Piccolo (James Marsters) conquiste o mundo. A premissa, que é uma adaptação livre da trama do mangá Dragon Ball, apresenta um enredo simplificado e adaptado para os padrões hollywoodianos, mas as mudanças feitas para "ocidentalizar" a narrativa são, em grande parte, prejudiciais à fidelidade da obra original. Em vez de um épico de aventura e artes marciais, o filme se transforma em uma mistura mal executada de clichês de filmes de super-heróis e fantasia, com uma trama repleta de furos e incoerências.
O maior erro de Dragonball Evolution é o completo desrespeito à essência da obra de Akira Toriyama. A decisão de mudar aspectos fundamentais dos personagens, dos cenários e do tom da história para algo mais palatável para o público ocidental resultou em um produto que mal reflete o espírito do mangá. Um exemplo claro é o personagem principal, Goku. No filme, Goku é retratado como um adolescente comum, com pouca das características que o tornaram icônico nos quadrinhos e no anime — sua natureza ingênua, mas cheia de potencial, e seu desejo incansável de melhorar como lutador estão praticamente ausentes. Justin Chatwin, o ator que o interpreta, é incapaz de capturar o carisma e a energia do personagem, resultando em um protagonista sem profundidade ou empatia.
Outro exemplo de descompasso com a obra original é a figura de Mestre Kame (interpretado por Chow Yun-fat). O personagem no mangá é um mestre excêntrico, sábio e carismático, mas no filme ele é uma sombra do que deveria ser: sem o charme, a irreverência e a sabedoria que tornaram o personagem tão amado. As mudanças na caracterização dos personagens não param por aí. Piccolo, o vilão, se torna uma figura plana e sem a complexidade que ele apresenta nas versões originais, com Marsters entregando uma atuação sem brilho.
A tentativa de transformar a história em um filme de ação convencional, com uma narrativa apressada e sem profundidade, também é um erro fatal. Em vez de explorar os temas que tornaram Dragon Ball um fenômeno mundial, como amizade, superação e batalhas épicas, o filme se perde em uma sucessão de cenas de ação mal coreografadas e um roteiro previsível, que nunca se aproxima do charme e da emoção que os fãs esperavam.
A parte técnica do filme também deixa a desejar. As cenas de ação, que deveriam ser um ponto forte de uma adaptação de Dragon Ball, são rasas e mal executadas. A utilização do ki e da famosa Onda Kamehameha, que deveria ser um momento de grande empolgação para os fãs, é tratada de forma superficial e sem o impacto visual que a cena exigiria. O design de produção do filme, embora tente refletir o universo de Dragon Ball, falha em capturar a grandiosidade e o estilo único da obra original, resultando em um cenário genérico que parece mais uma recriação barata de um filme de ficção científica do que uma adaptação fiel a um mangá.
Além disso, os efeitos especiais são, em muitos momentos, pobres e datados, o que contribui ainda mais para a sensação de um filme barato e sem inspiração. O uso do CGI, em vez de ser um atrativo, torna-se um ponto negativo, com criaturas como o Grande Macaco (Ōzaru) sendo visualmente risíveis, quando deveriam causar um impacto dramático.
A recepção de Dragonball Evolution foi amplamente negativa. A crítica especializada, em sua maioria, se uniu para apontar os graves problemas do filme. No IMDb, o filme recebeu uma classificação de 2,8/10, uma das piores pontuações já vistas para uma adaptação de um popular mangá, enquanto no Rotten Tomatoes, a aprovação é de apenas 14%, um reflexo claro de sua recepção morosa e sem entusiasmo.
A bilheteira também refletiu o fracasso. Com um orçamento de US$ 30 milhões, o filme arrecadou apenas US$ 9,4 milhões na América do Norte e US$ 56,5 milhões globalmente, um resultado extremamente abaixo do esperado, especialmente considerando o nome de Dragon Ball e o potencial de seu público-alvo. A decisão de planejar uma sequência foi rapidamente descartada após o fracasso de Dragonball Evolution, e os planos de uma trilogia foram abandonados.
A falha de Dragonball Evolution não se limita apenas ao seu fracasso crítico e comercial, mas também teve um impacto negativo sobre futuras adaptações de animes para o cinema. O filme se tornou um exemplo clássico do que não fazer ao adaptar uma obra amada por milhões de fãs ao redor do mundo. A tentativa de "americanizar" a história, ao mesmo tempo em que se descarta elementos importantes da trama e dos personagens, é um reflexo da falta de respeito pela origem do material. A má recepção do filme e seu impacto negativo sobre os fãs podem ser observados na escolha de futuras adaptações, que, em grande parte, aprenderam a partir dos erros cometidos neste desastre cinematográfico.
Em última análise, Dragonball Evolution é uma adaptação que falhou em todos os aspectos: não consegue capturar o espírito da obra original, não apresenta personagens memoráveis ou profundos, e suas escolhas estéticas e técnicas são, em grande parte, problemáticas. É um exemplo claro de como a tentativa de simplificar ou ocidentalizar uma obra japonesa, sem levar em consideração sua essência, pode resultar em um produto vazio e sem alma. O filme, como tal, é um dos maiores fracassos do cinema de adaptação, um exemplo clássico de como uma grande ideia pode ser transformada em um fiasco completo.