É sempre interessante ver um personagem icônico voltar às telas, ainda mais nesses revivals dos anos 80 - o celular dado a Gekko no começo é um resumo genial do tempo que se passou. Uma pena que Stone passe um pouco do ponto com uma mão pesada demais. Também peca um pouco no sentimentalismo. Gordon Gekko segue fascinante, embora Oliver Stone não consiga repetir a relevância ou a dinâmica central do primeiro filme. Ainda sim, o diretor imprime o seu estilo enérgico de direção, com uma montagem acelerada e constantemente utilizando truques visuais. O resultado é que, ainda que atinjam o objetivo de prender a atenção do espectador, muitas dessas soluções soam meros exercícios de estilo, sem qualquer propósito, como a animação que acompanha a explicação de Jake sobre energia – em contrapartida, as cenas dos gráficos se formando no skyline de Nova York é uma boa sacada. Outro momento que merece destaque é a belíssima cena, logo no início do filme, na qual a câmera de Stone sai do chão para subir quase até o topo de um arranha-céu: além de ser um plano inspirado e de difícil execução, ela oportuniza uma significativa rima temática quando estoura a crise, instante no qual o cineasta realiza o mesmo movimento, mas em sentido contrário. Em suma, o Gordon Gekko de Michael Douglas continua um personagem fascinante, mas tudo aquilo que o cerca não consegue manter o mesmo nível. Ainda que o filme original esteja longe de ser uma obra-prima, ele teve a sua importância. Não é nada excepcional, mas recomendo como entretenimento digno. NOTA : 7.5 / 10