"Seita mortal" é um filme de surpresas, somos inseridos a um filme de terror clichê, com jovens, sexo e sangue, tudo isso realmente está presente na obra de Kevin Smith, porém tem mais, tem um direção autoral, moderna e inteligente e atuações maravilhosas, a baixa expectativa adquerida pelo telespectador por um começo fraco é substituído por ódio, medo e tensão.
O roteiro é básico em seu enrendo, que serve basicamente de desculpa para desenvolver seus personagens, aí sim, temos um cuidado maior, com diversos personagens que entram e saem da obra, são marcantes e breves, cada um com seu drama que conversa com o plot principal, isso é maravilhoso, já as escolhas de história em si tem problemas, principalmente no primeiro ato.
"Seita Mortal" é um filme que fala sobre fanatismo religioso e intolerância, de um modo sádico e direto, a apresentação da seita é maravilhosa e todos os seus integrantes compoem com perfeição um todo. Em nenhum momento o longa se preocupa em ser muito reflexivo, Isso até faz o filme ficar mais vazio, mas mesmo assim funciona muito bem pois as características da direção ajudam muito o roteiro.
A direção em questão é ótima, ela começa bem discreta e começa a aparecer aos poucos, nos momentos em que o roteiro está ruim e não encanta, pequenos detalhes chamam a atenção, como câmeras rodando e presa aos atores, câmera tapada, trilha sonora e fotografia, depois quando o longa melhora um pouco seu enredo e entra a atuação de Michael Parks o filme muda completamente o tom, e o falecido e maravilhoso ator rouba a cena completamente, uma atuação magistral, uma atuação física e linguística, o ator até desfoca um pouco do restante da obra visto sua entrega total ao papel, o resto do cast ainda tem bons atores, como John Goodman que faz uma atuação centrada e dúbia, um personagem que entra tarde, mas que tem uma profundidade bem eita e uma importancia grande, apesar de que o mesmo poderia ter sido melhor utilizado, o resto do Cast é mediano para ruim.
"Seita mortal" é um filme de péssimo primeiro ato e maravilhoso segundo ato, com uma conclusão boa, mas que deixa a desejar, os toques do diretor e suas pitadas de humor negro nos fazem lembrar que a obra tem Kevin Smith no comando, um diretor que não é brilhante mas é bem autoral, uma ótima atuação de MIchael Parks, boas cenas de ação e suspense mas um roteiro fraco compõem o bom e surpreende longa. NOTA 7,5/10