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cinetenisverde
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1.122 críticas
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4,0
Enviada em 19 de julho de 2018
A Era da Inocência é conhecida em sua versão inglesa como Day of Darkness (e assim o é no original em francês). Isso tem um pouco a dizer sobre o teor do filme, que apesar de se passar em um ambiente depressivo (e opressivo), seu exagero sugere uma certa inocência em sua abordagem. Isso porque o diretor/escritor Denys Arcand está a todo vapor desde As Invasões Bárbaras, filme onde ele já atacava com todas as forças a ideia pré-concebida que o resto do mundo tem que o Canadá é um primeiro mundo ideal e desejável por todos, quando na verdade o sistema de saúde celebrado por todos é um pesadelo distópico digno de filmes como Brazil, THX 1138 ou até mesmo 1984.
Denys Arcand usa um humor fino para criticar os dias atuais, onde reina o politicamente correto e as pessoas buscam meios para levar uma vida mais excitante. Jean-Marc é daquelas pessoas que levam uma vida chatíssima e têm consciência disto. Sua válvula de escape são os sonhos, através dos quais pode realizar suas fantasias e ao menos amenizar suas frustrações. Estas sequências são bastante divertidas, pelo próprio inusitado que proporcionam e também pelo contraste com a vida real de Jean-Marc. Mas o melhor é o que ocorre em seu trabalho, onde o politicamente correto é confrontado com o absurdo de determinadas situações, quando este é levado mais a sério do que deveria. A Era da Inocência funciona muito bem em sua 1ª metade, até que seu foco passa a ser não as pessoas que sonham com outra realidade mas que tentam recriá-la. Trata-se de uma crítica explícita aos adoradores da trilogia O Senhor dos Anéis , mais especificamente aqueles que se vestem como os personagens e criam locais como se estivessem na própria Terra Média. A crítica funciona ao ser apresentada, mas é estendida demais. A partir de então o filme começa a perder o tom de crítica, sua maior qualidade, e segue o caminho do próprio Jean-Marc, que passa a lidar mais com a realidade à sua volta. E torna-se bem mais desinteressante, culminando em um péssimo final.
Considero o final bom. Nele o protagonista resolve apostar em ser ele próprio. Por consequência, abre mão de suas fantasias inúteis em prol de um cotidiano genuíno para si.
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