Último Episódio
Média
2,9
7 notas

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NerdCall
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41 seguidores 397 críticas Seguir usuário

3,5
Enviada em 28 de setembro de 2025
Entre os lançamentos nacionais recentes, poucos filmes conseguem equilibrar com tanta sensibilidade memória afetiva e energia juvenil quanto O Último Episódio, dirigido por Maurilio Martins. A produção mergulha na atmosfera dos anos 90 e nos leva de volta a um tempo em que pequenos gestos da infância e adolescência pareciam carregar o peso de grandes aventuras. A trama acompanha Erik, um garoto de 13 anos que, para impressionar Sheila — a nova colega de escola e sua paixão platônica —, inventa ter em casa a fita com o lendário episódio final do desenho Caverna do Dragão. A mentira, claro, vira o estopim para que ele e seus melhores amigos embarquem numa jornada que mistura amizade, descobertas e a urgência típica da adolescência.

O grande trunfo do filme é conseguir ir além do “truque fácil” da nostalgia. Ela está presente o tempo todo, é inegável: nas músicas que embalam a narrativa, nos figurinos coloridos e marcados pela estética da época, nos objetos de cena que vão desde os cadernos cheios de adesivos até os brinquedos e aparelhos antigos, além do próprio mito em torno do desfecho de Caverna do Dragão. Mas Martins e o roteirista Thiago Macêdo Correia não usam esse elemento apenas como isca emocional. O passado é resgatado para criar uma sensação de pertencimento, de reconexão com memórias que todos carregam, ao mesmo tempo em que serve de pano de fundo para discutir sentimentos universais: a amizade, o primeiro amor, a perda e até a paternidade.

Essa escolha narrativa é inteligente porque impede que o filme se reduza a um “festival de referências”. Embora o título gire em torno da promessa do “último episódio”, a real força da trama está nos vínculos entre Erik e seus amigos. São eles que dão vida ao filme, sustentam os conflitos e constroem o carisma que prende o público. O tal episódio perdido de Caverna do Dragão é, na prática, um pretexto para que a história avance, e o longa não tem vergonha de assumir isso. O “último episódio” é simbólico: representa o fim de uma fase, a necessidade de crescer, mas também a tentativa de preservar algo que parece eterno — a infância.

A ambientação em Laguna, bairro da periferia de Contagem (MG), é outro ponto alto. Longe de ser apenas cenário, o espaço é retratado como um organismo vivo, pulsante, onde cada rua, cada comércio e cada vizinho contribuem para a construção desse universo. A fotografia de Leonardo Feliciano valoriza essa dimensão com planos simples, mas que respiram autenticidade, destacando tanto a vida nas ruas quanto a intimidade das casas. A cidade não é apenas pano de fundo: é também personagem, reforçando a ideia de comunidade e pertencimento.

A trilha sonora cumpre papel essencial. Entre canções que marcaram os anos 90 e composições originais que capturam a essência da época, a música funciona como gatilho afetivo. O espectador sente como se voltasse à rotina de ligar a TV depois do almoço para assistir a desenhos, ou à tensão ingênua de convidar alguém para sair pela primeira vez. É por meio da música que a narrativa alcança uma camada extra de emoção, tornando a experiência ainda mais imersiva.

O elenco jovem é outro grande acerto. Matheus Sampaio, Daniel Victor e Tatiana Costa formam um trio que irradia química em cena. A amizade entre os personagens é tão convincente que desperta no público a vontade de fazer parte daquele grupo. Não é apenas carisma gratuito: os atores entregam uma dinâmica que oscila entre a leveza da comédia e momentos mais emocionais, revelando a complexidade da transição entre infância e adolescência. O elenco de apoio também contribui, seja no retrato afetuoso de familiares ou no humor de figuras secundárias como professores e comerciantes.

É verdade que o roteiro não acerta sempre. Ao tentar costurar diversas subtramas — como questões familiares, dramas individuais e pequenas aventuras paralelas —, em alguns momentos o filme se perde. Há situações que surgem sem grande preparação e que não encontram conclusão satisfatória, o que gera uma sensação de dispersão narrativa. Porém, ainda que falhe na organização de algumas linhas secundárias, a obra nunca perde de vista sua essência: um retrato caloroso e afetivo da adolescência nos anos 90.

O mais curioso é que, apesar desses tropeços, o saldo final é amplamente positivo. O Último Episódio não é apenas uma viagem ao passado, mas uma experiência que se mantém viva pela maneira como retrata sentimentos universais. A nostalgia aqui não é um fim em si mesmo, mas um veículo para falar de crescimento, amizade e memória. Há também uma camada delicada sobre a ausência paterna e o luto, que aparece de forma sutil, mas que amplia o impacto da narrativa e dá peso emocional ao que poderia ser apenas uma comédia juvenil.

No fim, o longa se revela uma das mais agradáveis surpresas do cinema nacional em 2025. Ele conquista pela simplicidade, pela sinceridade e pelo frescor de sua proposta. É o tipo de filme que nos faz sair da sala com a sensação de ter reencontrado velhos amigos, de ter voltado a um tempo em que cada pequena experiência tinha o tamanho do mundo. Mesmo com falhas estruturais, o que fica é a energia contagiante e a emoção de revisitar um período da vida que, para muitos, nunca deixará de ser o verdadeiro “último episódio” da infância.
mateus barros
mateus barros

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5,0
Enviada em 15 de outubro de 2025
Maravilhoso o filme. Lembrei da minha infância e adolescência, levar bilhete da escola pra mãe assinar, a brincadeira na rua com os vizinhos, o videocassete, o rádio. Adorava gravar as músicas em fita cassete. Parabéns pela produção, roteiro, fotografia, adorei!!!!
Pokepata
Pokepata

1 crítica Seguir usuário

4,0
Enviada em 21 de outubro de 2025
O grande mérito do filme, e o que faz a nostalgia funcionar tão bem, é ser um filme adolescente totalmente brasileiro. Não há "americanismos". Não há "não-lugares". O filme se passa em um subúrbio de uma cidade mineira e não poderia se passar em nenhum outro lugar. Apesar das referências aos anos 90 ficarem exageradas em certos pontos (a população de Contagem às vezes parece estar em um desfile de moda temático) a atmosfera criada é uma delícia. No princípio fiquei um pouco ansiosa porque a história da caverna do dragão não se desenvolvia na velocidade que eu esperava. Depois que entendi que o filme não era sobre isso, entrei no ritmo e adorei. Ah, e os atores adolescentes estão ótimos.
Kelly Fortini
Kelly Fortini

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5,0
Enviada em 8 de outubro de 2025
Filme lindo, trás uma nostalgia muito bonita para quem viveu os anos 90.
Super recomendo a assistir.
saulo lima
saulo lima

1 crítica Seguir usuário

5,0
Enviada em 13 de outubro de 2025
Primeiramente: Quem mandou pegar a cama que eu dormi em 1992 com cabeceira de madeira escura adesivada com a marca da Company e colocar no filme?
Uma volta aos anos 90, os melhores e mais simples anos de nossas vidas. Tanto materialmente como emocionalmente. Os vizinhos eram simples, os eventos eram simples, nossas vidas já não eram tão simples: inflação, aluguel... depressão escondida.
Filme que mostra relação de pai e filho me comovem bastante. Mas sinceramente, o trailer nos engana nos fazendo achar que uma história boba de amor entre dois adolescentes.
Filmaram os nascidos em 1980 e estamparam na tela do cinema. E como isto nos traz saudade. Hora de chorar! E hora de de se sentir representado, principalmente os que viveram num bairro emocionalmente humano. Não importava dinheiro, e sim a sobrevivência!
O Último Episódio é nosso Eterno Episódio que nos faz lembrar de onde viemos.
Pablo Melo
Pablo Melo

1 crítica Seguir usuário

5,0
Enviada em 20 de outubro de 2025
A arte cumpre seu papel também quando serve como identificação. O filme é um mergulho nostálgico pra quem viveu a adolescência, nos anos 90, numa era pré-informática, nas periferias dos grandes centros urbanos. Um filme desprentesioso, com atuações sinceras, que me transportou no tempo e no espaço, para um lugar de pertencimento.
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