Críticas AdoroCinema
3,0
Legal
Invasores

Sonho ou realidade

por Lucas Salgado

Cerca de três anos após o lançamento de Corpo Presente, o diretor Marcelo Toledo e o codiretor Paolo Gregori voltam aos cinemas com Invasores. Em comum, além dos realizadores, está a forte presença da cidade de São Paulo, quase como uma protagonista de história, palco de injustiças sociais, mas também de sonhos por algo melhor. A São Paulo da selva de pedras àquela de belos palcos como a Sala São Paulo.

O novo longa gira em torno de Cláudia (Emanuela Fontes), uma jovem que mora com a mãe, a avó e os irmãos em uma área pobre da capital paulista. Ela é uma aluna bem sucedida que sonha com uma vaga no curso de música da USP. Para isso, precisa praticar muito piano. Como não tem um a disposição, acaba pedindo a ajuda do namorado Nilson (Maxwell Nascimento) para invadir lojas, centros culturais e espaços em que teria um piano para praticar.

Sem os mesmos planos (ou sonhos) da namorada, Nilson não vê muita esperança pela frente, cometendo pequenos crimes e andando com um grupo de jovens sem muita perspectiva: Sharise (Rita Batata) e Jamais (Fábio Neppo). O trio costuma pichar prédios da cidade, o que consideram uma atitude contestadora contra o sistema.

A trama é bem simples (por vezes simplória), mas o elenco se sai bem, principalmente Fontes e Nascimento, que transmitem a naturalidade perfeita para seus personagens, por mais que as falas presentes no roteiro não soem tão naturais na maioria do tempo. Por sinal, o roteiro de Ana Paul é um dos principais problemas da produção, com diálogos artificiais e desinteressantes.

Também cabe valorizar o trabalho técnico do filme. A fotografia de Miguel Vassy, dos ótimos JardsElena, é excelente, até por transmitir bem a sensação de que estamos diante de algo real, quase um documentário.

Destaca-se ainda o trabalho sonoro da produção, especialmente captação de som e mixagem. A trilha sonora, é claro, também é parte importante da história do longa, contando com presenças de nomes marcantes como Villa Lobos, Bach, Beethoven, Mozart, Tchaikovsky e companhia.

Trata-se de uma produção de baixo orçamento. Isso pode ser visto claramente no momento em que temos um acidente em uma linha de costura - momento que por sinal poderia muito bem ter ficado de fora do filme -, mas a falta de dinheiro não está exposta por todo filme. Não estamos diante de um filme amador.