Críticas AdoroCinema
1,5
Ruim
Tinha Que Ser Ele?

Se 'O Pai da Noiva' fosse ruim...

por Renato Hermsdorff

Tinha que Ser Ele? é uma versão piorada de tudo que você já viu. É como uma tentativa frustrada de atualizar O Pai da Noiva, jogando o filme com Steve Martin no universo yuppie de A Rede Social. Sem o charme do primeiro – ou a complexidade (nem precisava) do segundo –, Why Him? (no original) nem sequer se preocupa em fazer sentido para a audiência.

O pai é Ned, o certinho – e falido – proprietário de uma gráfica, interpretado por Bryan Cranston. Quando leva a família para passar as férias de Natal com a filha superprotegida, Stephanie (Zoey Deutch), que mora em outra cidade, a moça acaba os apresentando ao namorado, o desbocado e excêntrico Laird (James Franco), um multimilionário do ramo dos games.

A ideia do conflito geracional, embora não seja exatamente original, não é um problema em si, afinal, é no embate do clichê familiar que está a inocência – e a diversão! – de filmes como o já citado Father of the Bride ou Entrando numa Fria. A tentativa de dar uma roupagem mais contemporânea, com referências a Skype´s, Netflix’s e afins, por exemplo, também parece uma decisão acertada, no sentido de que tem potencial para provocar identificação com a audiência, sobretudo a jovem.

O problema é que, na essência, há basicamente apenas duas piadas embutidas no filme do diretor – e também roteirista – John Hamburg (Quero Ficar com Polly). Com (quase) nenhuma variação, elas se prestam a apresentar situações que, repetidas à exaustão, mais entediam do que divertem.

É tanta falta de comprometimento com o mínimo de inteligência do público que, ao valorizar as mesmas piadas (ou a tentativa de fazer piadas) acima de tudo, além de descambar para uma sequência de ações das mais previsíveis, o enredo deixa de fazer sentido. Como Ned pode deitar a cabeça no travesseiro desejando o pior para Laird e, no dia seguinte, acordar na loja que vende árvores de Natal para escolher a decoração ao lado do genro que odeia, por exemplo?

Noves fora um desfecho de inclinação feminista (outro pontinho a favor do filme no quesito “atualização”), a verdade é que, a essa altura, quem se importa?