Críticas AdoroCinema
1,5
Ruim
Educação Sentimental

Para poucos

por Lucas Salgado

O cinema de Julio Bressane sempre foi para poucos, do clássico Matou a Família e Foi ao Cinema até o recente A Erva do Rato. Com Educação Sentimental não foi diferente. O filme possui um discurso intelectualizado e adota uma linguagem não convencional, mas no fundo é simplesmente vazio.

Abusando de planos fixos, Bressane investe numa trama aborrecida sobre um relacionamento improvável entre um jovem garoto e uma professora solitária. Ao longo dos 84 minutos de duração, nos deparamos como uma infinidade de diálogos piegas que deveriam significar algo. "Não há lugar para sensibilidade no mundo", "as pessoas são mal informadas sobre o coração humano", "privar também é uma forma de possuir" e por aí vai.

Sem continuidade narrativa, diante de uma fotografia precária e com atuações pouco inspiradas de Josie AntelloBernardo Marinho, o discurso do filme - seja ele qual for - se perdeu antes mesmo do primeiro ato. Além disso, o longa peca por uma falta de personalidade, chegando a adotar um discurso em prosa e até a investir em erros de gravação e cenas dos bastidores durante os créditos.

Não bastasse a trama central ser desinteressante, o filme ainda insere uma nova personagem em seu último terço, surgindo em um momento de teatralidade vazia, prejudica ainda por um desenho de som pobre e pouco inspirado.

Bressane possui seu público, que pode se atrair pela forma pausada e aparentemente reflexiva que a narrativa é conduzida. A maioria, no entanto, sentirá a falta de personagens mais ativos e um ritmo menos sonolento.