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    Cinquenta tons de fetiche: quando o cinema exibe gostos sexuais peculiares

    De voyeurismo a vorarefilia. Não conhece? Descubra!

    Talvez até a sua avó saiba o que significa a sigla BDSM graças à popularidade dos livros de E.L. James e da subsequente franquia Cinquenta Tons de Cinza nos cinemas. Isso mostra como a cultura pop pode apresentar para a esfera pública debates sobre questões comportamentais que muitas vezes ficam marginalizadas. Com a estreia de Cinquenta Tons de Liberdade, que encerra a cinessérie que é sucesso de público mas costuma ser chicoteada pela crítica especializada, aproveitamos para rememorar os caminhos das representações eróticas no cinema.

    Por um lado, o sexo sempre fez parte das pulsões artísticas desde que o mundo é mundo. No cinema, mesmo antes mesmo de Marilyn Monroe conquistar seu lugar como o símbolo sexual que definiu Hollywood no século XX, a sétima arte sempre explorou o interesse humano pelos assuntos da libido. Entretanto, é certo que maneiras mais convencionais de representar o sexo nas telonas ganharam mais espaço do que as que fugiam da "norma".

    Ainda assim, seja no criticado Cinquenta Tons de Cinza ou nos dois abrasivos volumes de Ninfomaníaca, não faltam cineastas que mostram em seus filmes prismas diferentes sobre a sexualidade humana.

    Neste slideshow, o AdoroCinema reúne 20 filmes que abordam diversos fetiches sexuais e parafilias em suas tramas, chocaram audiências ou serviram como ponto de partida para discussões. Tramas sobre relacionamentos amorosos para além do "e viveram felizes para sempre" e representações do sexo para além do "papai e mamãe".

    Crash - Estranhos Prazeres (1996) | Direção: David Cronenberg

    Submissão? Roupas de couro? Pés? Crash - Estranhos Prazeres explora um fetiche bem menos comum. No filme de David Cronenberg, que jamais foi o cineasta mais family friendly que existe, os protagonistas se sentem excitados com batidas de carro. A cena em que o personagem de James Spader penetra uma cicatriz na perna de Rosanna Arquette é uma das mais chocantes do longa-metragem premiado em Cannes.

    De Olhos Bem Fechados (1999) | Direção: Stanley Kubrick

    Tom Cruise e Nicole Kidman eram as celebridades mais comentado do mundo quando atuaram no controverso De Olhos Bem Fechados. O trabalho final de Stanley Kubrick aborda as pulsões e tensões sexuais de um casal — embora não da maneira que você está pensando. O filme ficou famoso por conta famosa cena de orgia marcada pelo voyeurismo do personagem de Cruise e pela amaurofilia (excitação por pessoas usando máscaras).

    O Império dos Sentidos (1976) | Direção: Nagisa Ôshima

    Com cenas de sexo não simuladas, o drama erótico japonês O Império dos Sentidos acompanha o romance extremo entre um homem e sua serva, uma ex-prostituta. Nagisa Oshima explora a obsessão latente do casal que, inebriado pelo desejo, buscar estímulos cada vez mais intensos mesmo que isso seja fatal. Além de mostrar uma cena real de ejaculação, um tabu para a época, o filme explora a prática da asfixia erótica.

    Secretária (2002) | Direção: Steven Shainberg

    A comédia romântica erótica Secretária foi um dos trabalhos mais marcantes de Maggie Gyllenhaal nos cinemas em uma história que carrega similaridades estruturais — e nada mais — com a, posterior, franquia Cinquenta Tons de Cinza. Uma jovem e frágil mulher conhece um homem (James Spader mais uma vez) de negócios bem sucedido e intimidador e os dois se envolvem em um relacionamento marcado por BDSM.

    Beleza Adormecida (2011) | Direção: Julia Leigh

    Badalado em Cannes no ano de 2011, Beleza Adormecida examina a natureza de posturas abusivas e consentimento. Emily Browning vive a cobiçada integrante de um bordel no qual os encontros entre homens e mulheres se dão quando elas estão desacordadas. A trama se relaciona com o fetiche da sonofilia — excitação por pessoas dormindo ou inconscientes — e, de certa forma, com a necrofilia.

    Ninfomaníaca: Volume 1 e Ninfomaníaca: Volume 2 (2013) | Direção: Lars Von Trier

    Lars Von Trier, provocador como sempre, condensou alguns dos principais temas de sua filmografia nas duas partes de Ninfomaníaca, uma fábula sobre solidão, filosofia e, claro, sexo. A protagonista Joe passa por uma odisseia erótica na qual experimenta estímulos sexuais mais e mais extremos para se satisfazer. Quando Joe se sente incapaz de ter orgasmos, ela se submete a sessões de sadomasoquismo.

    Desejo e Obsessão (2001) | Diretor: Claire Denis

    Uma palavra: Vorarefilia. Uma definição: Excitação sexual com o ato de literalmente comer ou ser comido por uma pessoa. Um filme que representa essa parafilia: Desejo e Obsessão. Com direção de Claire Denis, o drama erótico aborda a vida de personagens cuja libido visceral descamba para o canibalismo.

    Calígula (1979) | Direção: Tinto Brass, Bob Guccione, Giancarlo Luii

    O imperador romano Calígula ganhou uma cinebiografia repleta de depravações, violência e sexo explícito para representar a corrupção do poder. Apesar dos realizadores dizerem que o filme era "anti-erótico", a produção é chamada de drama pornográfico e traz cenas que abordam tantos fetiches que é até difícil contar. O principal tabu, provavelmente são as cenas de incesto. O elenco tem Ellen Mirren e Malcolm McDowell.

    O Porteiro da Noite (1974) | Direção: Liliana Cavani

    Com uma premissa politicamente incorreta ao extremo e de gosto discutível (para dizer o mínimo) este filme acompanha a relação de sadomasoquismo envolvendo uma sobrevivente do Holocausto (vivida por uma jovem Charlotte Rampling) e o oficial nazista que a torturava nos campos de concentração. Controverso por natureza, o filme se propõe a explorar a Síndrome de Estocolmo, mas foi acusado de sensacionalismo.

    A Bela da Tarde (1967) | Direção: Luis Buñuel

    A Bela da Tarde é um dos mais celebrados filmes sobre sexualidade já feitos e a presença de Catherine Deneuve na tela é puro magnetismo. Repleto de comentários comportamentais sobre a burguesia francesa, o filme traz a musa como uma dona de casa que se aventura como prostituta. Mesmo fora do bordel, a mulher tem fantasias eróticas vívidas e surrealistas envolvendo BDSM.

    Audição (1999) | Direção: Takashi Miike

    Para representar o medo masculino da sexualidade feminina, o subversivo diretor Takashi Miike imaginou a história de um homem viúvo mais velho que faz testes para encontrar sua nova esposa no terror Audição. O homem só não sabia que sua candidata favorita viveu traumas sexuais no passado e tem uma mentalidade vingativa e sadomasoquista.

    A Mão do Desejo (1994) | Diretor: David O. Russell

    Antes de ser indicado ao Oscar cinco vezes, David O. Russell estreou como realizador de longas-metragens com uma comédia de humor negro envolvendo incesto. O tabu é abordado em A Mão do Desejo, que acompanha o relacionamento de um jovem frustrado que passa o verão cuidando de sua mãe enquanto seu pai viajou à negócios. Não é o filme mais indicado para o segundo domingo de maio.

    Veludo Azul (1986) | Direção: David Lynch

    O AdoroCinema não incluiu Veludo Azul na lista dos piores filmes para se assistir no Dia dos Namorados à toa. Fruto da mente surrealista de David Lynch, o clássico do cinema americano aborda fetiches bizarros e traz cenas como Dennis Hopper gritando "Mamãe, mamãe! O bebê quer foder" para a vagina de Isabella Rossellini. Além do sadismo e do masoquismo, também é explorado o fetiche do voyeurismo.

    Encaixotando Helena (1993) | Direção: Jennifer Lynch

    O filme de estreia de Jennifer Lynch, filha de David, passou muito longe de conquistar o prestígio das melhores obras do pai. Com um roteiro escrito por Jennifer quando ela tinha 19 anos, a trama explora o fetiche da acrotomofilia, excitação com pessoas que perderam partes do corpo. Na trama, um cirurgião sequestra uma mulher por quem é sexualmente obcecado e amputa as pernas e os braços de sua vítima.

    Professor Marston e as Mulheres-Maravilhas (2017) | Direção: Angela Robinson

    Um dos filmes mais leves dessa lista, Professor Marston e as Mulheres-Maravilhas mostra os bastidores da criação da heroína mais famosa de todos os tempos, que o mundo conheceu bem na pele de Gal Gadot no bem sucedido filme de 2017. O que nem todo mundo sabe é que a personagem foi criada por um psicólogo entusiasta do fetiche do bondage (ramo do BDSM) e a favor da submissão erótica dos homens às mulheres.

    Invasão de Privacidade (1993) | Direção: Phillip Noyce

    Indicado a diversos prêmios no Framboesa de Ouro, Invasão de Privacidade traz Sharon Stone em mais um thriller erótico na esteira do sucesso de Instinto Fatal. Com uma trama que envolve assassinatos e muito sexo vigiado por câmeras ocultas, o fetiche explorado no filme é um dos mais populares na ficção, o voyeurismo, ato de assistir pessoas nuas ou em relações sexuais, com ou sem o consentimento delas.

    9 1/2 Semanas de Amor (1986) | Direção: Adrian Lyne

    9 1/2 Semanas de Amor é mais um filme sobre um tórrido romance envolvendo jogos sexuais entre uma mulher submissa a vontade de um homem poderoso que também carrega similaridades com a posterior franquia Cinquenta Tons de Cinza. Com cross-dressing, exibicionismo e jogos de poder, o filme estrelado por Mickey Rourke e Kim Basinger não foi bem nas bilheterias, mas foi um verdadeiro sucesso nas locadoras.

    A Professora de Piano (2001) | Direção: Michael Haneke

    Isabelle Huppert vive uma mulher aparentemente austeura e sem vícios que encontra na satisfação de seus impulsos sexuais a liberação para uma vida de repressões neste drama de Michael Haneke, vencedor de três prêmios em Cannes. A atriz francesa é a professora de piano do título do filme que vive uma relação fria e masoquista com um de seus alunos, com direito a humilhações e mutilações.

    Salò, ou os 120 Dias de Sodoma (1975) | Direção: Pier Paolo Pasolini

    Pasolini ofereceu um tratado sobre o abuso de poder em regimes fascistas no filme mais controverso de sua carreira. O filme é baseado no livro do aristocrata e libertino francês Marquês de Sade, que deu nome ao termo sadismo. O que mais é preciso dizer aqui?

    Pink Flamingos (1972) | Direção: John Waters

    Subversivo até o último fio de cabelo, Pink Flamingos é um marco da contracultura. E também representa uma verdadeira enciclopédia de fetiches e parafilias: Cronofilia, exibicionismo, sadismo, masoquismo, voyeurismo, coprofilia, cleptofilia, autassassinofilia, zoofilia, biastofilia, entre outros. Vamos dar o significado de apenas um dessas. Coprofilia envolve o ato de ingerir fezes — de verdade!

    Invasão de Privacidade (1993) | Direção: Phillip Noyce

    Indicado a diversos prêmios no Framboesa de Ouro, Invasão de Privacidade traz Sharon Stone em mais um thriller erótico na esteira do sucesso de Instinto Fatal. Com uma trama que envolve assassinatos e muito sexo vigiado por câmeras ocultas, o fetiche explorado no filme é um dos mais populares na ficção, o voyeurismo, ato de assistir pessoas nuas ou em relações sexuais, com ou sem o consentimento delas.

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