Gueto, Black Music e Harlem.
Ao contar com uma licença que permite explorar diversos personagens da Marvel, a norte americana Netflix tem ampliado seu catálogo com séries baseadas em universos ainda não explorados pelo cinema, como é o caso de Luke Cage.
Cage é um típico morador do Harlem, humilde, pobre e capaz de tudo para defender os menos favorecidos, sendo eles próximos ou não. Embora seja dotado de força e resistência sobre-humanas, o roteiro não tenta explorar em excesso essa característica, pois cairia no lugar comum deixando o personagem praticamente imbatível. Ao contrário disso, temos um sujeito psicologicamente abalado com seu passado, fragilizado pelo fato de ser diferente e amplamente frustrado com suas responsabilidades dentro do bairro. A ideia de usar esse elemento mais humano remonta ao que foi visto no primeiro filme do homem aranha, uma vez que grandes poderes trazem grandes responsabilidades. Não que isso crie drama em demasia, mas ajuda a compilar um herói que serve de contraponto a suas habilidades.
Apesar do foco no drama, trata-se de uma série de ação, entretanto, são poucas as sequências para caracterizar esse elemento e muitas são simplistas e mal dirigidas, dando a sensação imensa de artificialidade (sem falar dos efeitos visuais amadores). Na primeira metade dos treze episódios, pouco se vê de agitação, o que melhora um pouco na segunda metade, incluindo o ritmo da história que se torna menos arrastado.
No elenco, além do (fraco) protagonista Mike Colter somos agraciados com o excelente (oscarizado) Mahershala Ali fazendo o vilão Cornell “Cottonmouth” Stokes, um homem temido e capaz de usar a violência na menor das circunstâncias quando é desafiado. Fazem parte também Rosario Dawson e Sonia Braga.
Contando com uma boa fotografia e uma narrativa mais voltada a dramas pessoais, LUKE CAGE pode não agradar a muitos e deixar a desejar em diversos aspectos, mas é um bom entretenimento para quem quer algo bem roteirizado.