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    Expresso do Amanhã: Critica da 1ª temporada

    Jennifer Connelly e Daveed Diggs estrelam a série, inspirada em filme do diretor de Parasita.

    Nota: 2,5/5,0

    Foi uma longa jornada até a série de Expresso do Amanhã chegar às telinhas. Foram anos de desenvolvimento — com trocas de comandoemissoras — até conseguirem adaptar a HQ O Perfuraneve, de Jacques Lob, Benjamin Legrand e Jean-Marc Rochette. E pressão só aumenta diante das inevitáveis comparações com outra versão de tal obra: um filme homônimo aclamado sob a direção Bong Joon-Ho, hoje conhecido como o vencedor do Oscar por Parasita. No Brasil, finalmente, o resultado chega pela Netflix,

    A trama começa quando um experimento de pesquisadores para combater o aquecimento global dá errado, transformando o mundo num ambiente hostil e congelante. Os únicos sobreviventes do planeta estão dentro do trem Snowpiercer, com 1.001 vagões, criados pelo visionário milionário Sr. Wilford. Lá, tudo é dividido por classes: os ricos compraram seus ingressos, então aproveitam do luxo. Os pobres pagam sua sobrevivência através de trabalho. E tem o pessoal do Fundo, que entraram sem pagar, desesperados, que vivem em condições desumanas.

    Comparações com o filme prejudicam Expresso do Amanhã

    Expresso do Amanhã, a série, já surge em grande desvantagem perto da qualidade do filme Expresso do Amanhã, mas suas semelhanças terminam em sua premissa. Na nova obra, um assassinato brutal acontece dentro do trem e o único detetive de homicídios ainda vivo é um "fundista", Andre Layton (Daveed Diggs) — convocado pela poderosa porta-voz do trem, Melanie Cavill (Jennifer Connelly) para solucionar o crime, enquanto ele tenta encontrar uma forma de começar a revolução de seu povo.

    Parece que os produtores ficaram com medo de que a guerra de classes não fosse o suficiente para manter Snowpiercer em formato de série (o que não é verdade, diga-se de passagem). Então, decidiram introduzir este mundo através de um mistério nos moldes de Assassinato no Expresso do Oriente, o que não chega a ser alternativa mais criativa para a obra. A parte mais intrigante da história surge na segunda metade da temporada, só que quase se perde ao inserir dramaticidade demais em algo que devia ser brutalmente realista. E é justamente esse o problema de Expresso do Amanhã.

    Mesmo com Jennifer Connelly, ser ok não é o suficiente

    Com uma premissa tão abrangente, com a possibilidade de abordar diferentes aspectos do ser humano dentre os diversos 1.001 vagões, com tanta história para contar... e o resultado da série de Graeme Manson (Orphan Black) é apenas ok. Na dúvida se quer ser conceitual ou popular, acaba apresentando uma narrativa pouco interessante, presa em conveniências de roteiro — além de perder completamente o aspecto sufocante do filme original. Não é justo comparar as duas obras, mas é inevitável, uma vez que você sabe até onde ela pode chegar, mas só percorreu metade do caminho com cinco vezes mais o tempo.

    Dois aspectos salvam Expresso do Amanhã de cair na mesmice. O primeiro é o belo visual, com um designe de produção impecável ao construir as diferenças entre os setores dos vagões. Outro acerto essencial é a escola de Jennifer Connelly para o papel de Melanie. A personagem é tão cheia de nuances que a vencedora do Oscar se esbalda na hora de equilibrar força com vulnerabilidade. Já Daveed Diggs surge menos inspirado, mas ainda entrega um bom trabalho, ao lado de outros destaques do elenco como Alison WrightMike O'Malley e Lena Hall.

    Apesar das duras críticas, Snowpiercer não chega a ser ruim... Apenas é um prato com todos os ingredientes certos, mas a receita errada.

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