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    Crítica Westworld 3X04: Os exilados serão exaltados

    Alcançando sua metade, a terceira temporada finalmente coloca suas principais cartas (e protagonistas) na mesa.

    HBO

    ATENÇÃO! Contém spoilers do ep. 4 da terceira temporada de Westworld, “The Mother of  Exiles”.

    E finalmente Westworld chega a algum tipo de resposta -- ou algo próximo disso, o que é um grande mérito, em se tratando da dinâmica enigmática apresentada ao longo das temporadas anteriores. Levamos praticamente dois anos e quatro episódios para rever o time principal de protagonistas, já que é a primeira vez desde o finale anterior em que todos dão as caras em um mesmo capítulo. William (Ed Harris), o saudoso "Homem de Preto", está de volta, ou pelo menos o corpo dele está ali. Já a cabeça....

    O episódio 4, "The Mother of Exiles", exibido no último domingo (5), é o que podemos chamar de ponto fora da curva desta atual fase de Westworld. As cartas estão na mesa e finalmente sabemos quem são  (quase todas) as personalidades que estão nas cabeças dos anfitriões espalhados pelo mundo "real". E a resposta é:. Dolores, Dolores, Dolores e Dolores. Sim, a mais avançada e carismática criatura da série, a chave de todas as perguntas, copiou sua persona para as pérolas e as introduziu em réplicas de personagens já conhecidos -- Charlotte Hale (Tessa Thompson), Musashi (Hiroyuki Sanada), o agente Martin Connells (Tommy Flanagan) e nela mesma, a verdadeira Dolores (Evan Rachel Wood). Isso explica muita coisa. Ou será que deixa tudo mais confuso? 

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    Mas muita movimentação ocorreu antes da grande revelação, que certamente norteará os desdobramentos dos capítulos remanescentes (são mais quatro nesta temporada). Ainda que o título "a mãe dos exilados" seja uma referência óbvia à libertadora Dolores (trata-se de um trecho do poema "O Novo Colosso", de Emma Lazarus, que se encontra gravado na base da Estátua da Liberdade, em Nova York), há bastante foco em William, que alcançou o "fim de seu labirinto" e se tornou definitivamente um narrador não-confiável da história. Chega a ser melancólica a imagem dele enclausurado em um asilo, vestido de branco (vamos chamá-lo de "Homem de Branco" agora?), desiludido e sem saber se o que vive é realidade ou fruto da imaginação. Fica a torcida para que o grande antagonista da primeira temporada recupere sua relevância na narrativa, ou se será o único integrante de uma trama paralela feita para se encher linguiça.

    Temos também as trajetórias confusas de Maeve (Thandie Newton) e Bernard (Jeffrey Wright), dois anfitriões que temos certeza de que são eles mesmos (temos?) e de que sabem o que estão fazendo (será?). Bernard ainda parece perdido no modo como conduz suas intenções, e mesmo a parceria e o alívio cômico ao lado do velho companheiro Stubbs (Luke Hemsworth) não dá sentido ao que ele parece realmente procurar. Como tudo em Westworld, é possível que mostrar essa indecisão seja uma manobra proposital da série para ele sorrateiramente ganhar força nos próximos episódios -- os quais prometem apresentar significativas disrupções na trama. 

    Afinal, conforme Serac (Vincent Cassel) avisa a Maeve antes de visitarem a antiga casa de Arnold, uma grande "divergência" ocorrera três meses antes. Tudo leva a crer que isso se refere à chegada de Dolores com suas ações libertadoras. Mas e se na verdade o agente das mudanças for Bernard? Ou mesmo Maeve? Ou até a agora sensível Charlotte (ou "Charlores")? Ou até mesmo outro personagem que pensamos ser humano mas é um anfitrião "disfarçado"? Westworld tem nos ensinado desde seu primeiro momento de que nada é exatamente o que parece, então não seria anormal se descobrirmos que o grande vilão desta temporada ainda não foi corretamente determinado. 

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    Outro foco deste episódio foi nos combates físicos entre os anfitriões, que representam embates mais justos e visualmente interessantes. Dolores e Stubbs se pegam na porradaria gratuita em meio a um baile de máscaras, com vitória para ela, enquanto a briga entre Musashi/Dolores e Maeve tem direito até a espada samurai, com a derrota da segunda. Sabemos que Maeve não morreu de fato (como quase ninguém morre em Westworld), mas fica claro pelas atitudes posteriores de "Musashi" que a mais maternal das anfitriãs teria um lugar reservado no grande plano arquitetado pela verdadeira Dolores. Também dá o que pensar o conteúdo dos muitos barris espalhados pela destilaria: uma gosma branca semelhante à substância com que os anfitriões são construídos. Será que Dolores estaria tramando um exército? 

    Enquanto todos brigam com todos e máscaras caem, Westworld segue caprichando em sua visão ousada sobre o futuro reservado a nós daqui quatro décadas. De acordo com os showrunners Lisa Joy e Jonathan Nolan, o ano de 2056 terá popularizado a criptografia sanguínea, os foguetes que pousam sozinhos, os óculos de realidade virtual mais perfeitos do que a realidade, os leilões sexuais e as drogas digitais, entre tantas outras facilidades (eu particularmente quero provar ternos daquele jeito!). Além disso, um incidente termonuclear vai destruir Paris em 2025, algo que trouxe consequências consideráveis a tudo o que vemos acontecendo, e é provável que as consequências brutais de outras guerras ainda nos serão reveladas nos próximos capítulos.

    Aos poucos vai ficando mais claro o plano de Dolores de libertar as máquinas e abrir os olhos dos humanos. Mas também se torna evidente que tal trama vem carregada de desvios de conduta moral que tornam sua causa difícil de ser suportada -- pelo menos por nós, os seres humanos que assistem à série. Quem é o verdadeiro antagonista de Westworld? Para quem deveremos torcer daqui em diante? Será que as intenções de Serac são tão ruins assim? Hector (Rodrigo Santoro) vai reaparecer? E qual é afinal a função de Caleb (Aaron Paul) nessa história, além de ser o fiel escudeiro-acessório de Dolores? São muitas as perguntas, mas elas só devem se acumular a uma pilha de novas questões que fatalmente surgirão na semana que vem. 

    Westworld retorna com novos episódios todos os domingos, às 22h, na HBO e HBOGo.

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