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    Emmy 2019: Entenda a disputa nas categorias de comédia

    Nada de brincadeira: essa é a briga mais acirrada da noite!

    O AdoroCinema segue com as matérias especiais analisando os concorrentes ao Emmy 2019. E se a disputa nas categorias de drama não tem tantas emoções, a situação no mundo da comédia é bem diferente. Nos últimos anos, a revolução na forma de se fazer e distribuir séries de TV abriu espaço para transformar formatos — colocando tal gênero e as minisséries num patamar tão aclamado quanto o pessoal de drama.

    Como a situação não está fácil para o bolão, chegou a hora de examinar cada candidato ao prêmio de melhor série cômica, desconstruindo suas reputações diante dos membros de Academia de Artes e Ciências Televisivas. E vale lembrar que a 71ª edição do Emmy acontecerá em 22 de setembro.

    Barry

    Chegando de mansinho, Barry foi uma das grandes surpresas de 2018, abocanhando importantes estatuetas douradas na última edição do Emmy — inclusive uma surpreendente vitória de Bill Hader, no lugar do queridinho Donald Glover (Atlanta), como melhor ator. O trunfo da série da HBO surge ao ter uma segunda temporada tão elogiada quanto seus episódios de estreia, fugindo da infeliz tradição onde séries novatas perdem seu charme em um novo ano.

    O resultado é explicito em suas 17 indicações, se tornando a quinta obra mais lembrada da noite. É importante também perceber como tais disputas estão distribuídas em diferentes setores: não somente aparecendo na categoria principal, mas rendendo chances de estatuetas para todos seus 5 protagonistas. Outra questão que comprova a popularidade de Barry dentro da Academia é a presença de dois episódios na disputa de melhor direção, por "The Audition" e "ronny/lily" — um dos capítulo mais ousados de 2019, também concorrendo em roteiro e edição.

    Na longa jornada, Barry vai se tornando a sucessora natural de Veep dentre as comédias de destaque na HBO, mas ainda precisa enfrentar a popularidade dessa veterana, e de (pelo menos) duas outras concorrentes fortes na categoria principal; então deve ter mais sorte nas brigas de atuação. Tendo dito isso, seu estilo singular não o deixa ser completamente esquecido, então é bom ficar de olho.

    Fleabag

    Phoebe Waller-Bridge é o nome do momento da TV mundial. Mesmo já sendo elogiada pela crítica, Fleabag explodiu mesmo em sua segunda temporada, onde uma popularidade "boca a boca" ajudou a divulgar a comédia dramática para além de seu leal grupo de fãs. O fato do "hot priest" vivido por Andrew Scott se tornar um fenômeno de popularidade (e objeto de desejo para boa parte da população) também ajuda em tal argumento.

    Também criadora da já querida Killing Eve, Waller-Brigde estrela, escreve e produz Fleabag, virando carro-chefe da aclamada obra, eleita como um dos maiores talentos da geração. Mesmo assim, a Academia não vê a trama como um projeto solo — vide como todas as outras quatro atrizes da série também ganharam indicações por suas performances, inclusive Olivia Colman (outro nome também em alta, após vencer o Oscar por A Favorita).

    Não é qualquer série que consegue 11 indicações após ser esnobada em sua primeira temporada; com menções em categorias importantes como melhor comédia, direção e roteiro. Numa categoria onde a disputa principal prometia ser entre as desbocadas obras Veep e The Marvelous Mrs. Maisel; a mistura de acidez e emoção de Fleabag a coloca bem no centro dessa briga, onde alguns até apostam que ela já tem mais chances que sua colega da Amazon. A categoria é acirrada, mas algo é praticamente certo: a Academia não vai perder a chance de premiar Phoebe Waller-Bridge. Só resta saber onde.

    The Good Place

    The Good Place pode ser um sucesso de público, mas nunca teve a mesma sorte em premiações. A recente série do elogiado produtor Mike Schur só começou a conquistar suas vagas na disputa apenas a partir do ano passado. Dessa vez, o número de indicações ao Emmy até dobrou — são cinco!

    Sua situação realmente parece estar melhor sob os olhos da Academia, por conseguir uma indicação em roteiro, com o memorável "Janet(s)". Mas ver nomes como Kristen BellD'Arcy Carden novamente esnobados não ajudam (sua temporada mais fraca) a tentar roubar o prêmio das mãos de outras séries unanimidade entre críticos. Assim, a maior chance de The Good Place parece estar nos ombros de Ted Danson, já vencedor de três estatuetas do Emmy ao longo da carreira.

    Sua estreia na categoria principal e um maior número de indicações são reconhecimento do apoio do público e de sua relevância na cultura pop, mas ainda não a colocam no posto de favorita.

    The Marvelous Mrs. Maisel

    O Emmy tem mania de repetir vencedores na categoria principal, mas o atraso na produção da temporada final de Veep deu chance para a The Marvelous Mrs. Maisel levar o prêmio de melhor comédia, mesmo sendo novata (algo mais típico de um Globo de Ouro do que ser o estilo da Academia). Logo, ela foi a queridinha do gênero na última temporada de premiações. Conseguirá repetir tal feito?

    Existem indícios que sim. Mas também existem que não. Para começar, a série de Amy Sherman-Palladino é a segunda série mais indicada da noite, lembrada 20 vezes, perdendo apenas para Game of Thrones. Se parte de tal sucesso deve ao impecável trabalho visual em reconstruir uma realidade de época (rendendo duas indicações em direção), sua popularidade segue comprovada nas categorias de atuação, onde as já premiadas Rachel BrosnahanAlex Borstein voltam a concorrer, junto com dois atores do elenco regular e três convidados.

    O problema surge no retorno de Veep, cujo final elogiado garante forte presença na cerimônia, ofuscando os 15 minutos de fama da rival. O fato da segunda temporada de The Marvelous Mrs. Maisel apresentar uma queda de qualidade também prejudica suas chances, ainda mais considerando que sua exibição foi cerca de dez meses atrás, não estando tão fresca na mente dos votantes animados por recentes sucessos de Barry e Fleabag. A Amazon tenta mudar isso, já divulgando o trailer da terceira temporada, mas será o suficiente?

    Boneca Russa

    A novata da vez é Boneca Russa, já premiada pelo sindicato de críticos de TV (junto com Fleabag). Suas 13 indicações sinalizam como a série foi querida pela academia, com chances na categoria principal, para a protagonista Natasha Lyonne e duas lembranças em melhor roteiro, pelo piloto "Nothing in This World Is Easy" e "A Warm Body" — o terceiro episódio, escrito por Lyonne e as co-criadoras Leslye Headland e Amy Poehler (que tem história complicada com a academia, pois nunca ganhou por Parks and Recreation, tendo apenas um Emmy de atriz convidada por Saturday Night Live, junto com Tina Fey).

    Russian Doll (no original) tem todos os quesitos que uma premiada necessita: é criativa com um formato querido (a lá Feitiço do Tempo), bem recebida por crítica e público, e tem nomes grandes na produção. Mas se encontra numa das disputas mais acirradas da categoria em anos. Sem falar que acabou perdendo certo timing, diante de outras concorrentes mais aclamadas nos últimos meses, enquanto sua estreia aconteceu lá em fevereiro.

    É um daqueles infortúnios, onde um ano cheio de coisas boas sempre deixa um injustiçado. A chance existe, mas é bem baixa. Felizmente, uma segunda temporada já está garantida, então quem sabe no futuro?

    Schitt's Creek

    Se Boneca Russa precisa apostar no futuro, Schitt's Creek é uma que já está merecendo faz tempo. Com um grupo leal de admiradores, a pequena comédia da Pop finalmente conseguiu ser lembrada pela academia, com quatro indicações — inclusive para os protagonistas Eugene Levy e Catherine O'Hara.

    Porém, esse parece ser o caso onde a indicação já é prêmio suficiente para a série, celebrando sua valorização e torcendo para tal visibilidade numa premiação ajude a espalhar a palavra da trama para outros públicos. Afinal, Schitt's Creek não aparece nas categorias de roteiro e/ou direção; um termômetro fundamental para a maior vencedora da noite. Sabe quando foi a última vez que uma comédia venceu sem nem concorrer nessas duas disputas? 2002. E mesmo assim, foi parar nas mãos de um certo fenômeno de popularidade chamado Friends...

    É, só resta aproveitar a festinha mesmo.

    Veep

    Se Game of Thrones é o Golias das séries dramáticas, Veep é a veterana favorita dentre as comédias. Após ficar ausente por um ano, a comédia da HBO retorna para o Emmy pela última vez, com uma temporada final bem aclamada. Em qualquer outro ano, sua vitória seria um acerto tranquilo no bolão, mas a situação não é bem assim em 2019.

    Vencedora de 17 estatuetas ao longo de sua jornada (3 delas de melhor comédia), Veep tem 9 indicações em 2019 — contando com categoria principal, quatro disputas de atuação e roteiro pelo capítulo final. Mas sua ausência em direção não é o único sinal vermelho para a trama. Veja como vários atores coadjuvantes (já valorizados em anos anteriores) ficaram fora da disputa para este ano, perdendo vagas para astros de Barry, Fleabag e Marvelous Mrs. Maisel.

    Isso não significa que a série perdeu qualidade. Apenas é o retrato de um gênero onde não existe apenas uma trama soberana, pois novas plataformas deram espaço para uma variedade de opções — o que torna a disputa mais interessante, não é mesmo? Oficialmente, Veep segue como a favorita, ainda mais em um momento político tão delicado nos Estados Unidos, mas ver outro nome sendo chamado não seria totalmente inesperado. Porém, o mesmo não se aplica a protagonista: Julia Louis-Dreyfus vai sair com mais uma estatueta. Se isso não acontecer, aí sim é zebra.

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