Minha conta
    Big Little Lies 2x05: A culpa fecha o cerco da mentira

    Leia nossa crítica de "Kill Me", com spoilers sobre a 2ª temporada de Big Little Lies.

    É possível sentir nostalgia sobre algo recente? Provavelmente sim, para os fãs mais tradicionais de Big Little Lies.  A diretora Andrea Arnold retoma a vibe intimista e sutil da primeira temporada de Jean-Marc Vallée, onde a edição mais abstrata responde questões, no lugar dos diálogos gritados por uma maravilhosa Renata Klein (Laura Dern). Numa série que não vive de grandes reviravoltas ou cenas de ação, são esses momentos de emoção que capturam o espectador.

    Começando pela treta digna de Casos de Família, Mary Louise (Meryl Streep) segue com o processo para conseguir a guarda de Max (Nicholas Crovetti) e Josh (Cameron Crovetti) . Dentre expressões de simpatia pela nora diante da juíza e a tentativa de um acordo supostamente decente, fica claro como ela pretende matar dois coelhos com um golpe só: o julgamento também serve como uma forma de pressionar Celeste (Nicole Kidman) a falar sobre a morte de Perry (Alexander Skarsgård) — que até morto parece atrapalhar a vida de todo mundo. Afinal, detetive Quinlan (Merrin Dungey) está ajudando o advogado de Mary e as Cinco de Monterey serão chamadas para testemunhar, onde mentir seria perjúrio e ficar calada pode tirar os filhos de Celeste. Madeleine (Reese Witherspoon) mantém o lema que elas precisam ficar unidas, e estamos super a favor da irmandade, mas essa mentira começa a ficar cada vez mais frágil.

    Se o desespero de Celeste é transmitido para um público cada vez mais apreensivo, foi emocionante a cena onde ela conversa com Max e Josh, explicandocomo eles serão entrevistados sobre o processo. Além da dignidade da ruiva em não querer manipulá-los contra a avó, foi lindo ver os dois pequenos se oferecendo para defendê-la. Inclusive, o AdoroCinema é contra qualquer tipo de violência, porém aprecia a intenção da dupla ao tentar proteger o irmão Ziggy (Iain Armitage) do bullying. Um grande trunfo de BLL é não tratar as crianças da narrativa como meros acessórios, mostrando como os erros dos adultos também trazem consequências para elas.

    Outros ombros cheios de peso? Bonnie (Zoë Kravitz). Diante do problema de saúde de Elizabeth (Crystal Fox), o drama finalmente dá espaço para a mãe de Skye (Chloe Coleman) falar sobre o abuso emocional e físico que sofreu na infância. Particularmente, como seu pai Martin (Martin Donovan) era uma testemunha passiva do que estava acontecendo.

    - "Você acha que eu não me envolvia? Que eu não protegia você?"

    - "Não, pai, não acho!

    - "Se você soubesse...

    - "Sei muito bem, eu estava lá!

    Fica aqui novamente a observação para belo trabalho de Kravitz está fazendo na temporada, principalmente em comparação aos grandes monstros da atuação com quem contracena. Se nessa cena, ela aparece corajosa, levantando a cabeça e enfrentando o pai; no próximo confronto entre os dois, é ela quem surge passiva, aceitando todas suas justificativas, perdendo qualquer vivacidade anteriormente vista.

    Por outro lado, quem também merece uma salva de palmas são Madeleine e Ed (Adam Scott), que conseguiram ter uma conversa honesta e sem brigas! Após uma patética tentativa de terapia em grupo, o casal encontra a brecha para falar sobre o relacionamento: Ed relembra como Madeleine o interrogava nos primeiros encontros, não procurando uma alma gêmea, mas um bom pai para Abgail (Kathryn Newton). E ele aceita isso, mas não consegue lidar com a instabilidade de não poder confiar na própria mulher. Por sua vez, a loira assume seus defeitos, prometendo que todos os erros que virão em diante serão novos — nada de infidelidade. Talvez eles ainda tenham solução? Qualquer tipo de esperança conquistada nessa breve sequência foi destruída durante a montagem final, onde o moço é paquerado por Tori (Sarah Sokolovic). Na frente do marido dela, Joseph (Santiago Cabrera). Lembra, aquele cara que teve um caso com Madeleine... Oi? 

    Em menores escalas, Renata e Jane (Shailene Woodley) também deram seus pequenos passos. Dona de uma confiança maior que sua mansão em Monterey, a executiva decide ajudar Celeste com as próprias mãos e chama Mary Louise para um chá, tentando convencê-la a desistir do processo. Porém, você não escala Meryl Streep para uma personagem de fraco pensamento, e a mãe de Perry vira o "truque Jedi" ao contrário. CItando como Renata deve se sentir culpada por perder tempos preciosos com a filha por causa do trabalho, só para acabar em falência numa casa grande com poucos móveis. Renata disfarça, mas fica claro como essa conversa a abalou, quando decide deixar Amabella (Ivy George) matar aula só para brincar com ela na piscina.

    Por sua vez, o relacionamento de Jane e Corey (Douglas Smith) parece estar ganhando força e ela acredita estar pronta para fazer sexo. Porém, o trauma do abuso com Perry ainda a pressiona e ela acaba caindo em prantos. Mais uma vez, seu namorado mostra apoio, porém qualquer simpatia que ele tinha com o público desaparece quando Bonnie o avista saindo da delegacia. Seria ele um espião? Não dá para confiar em pessoas bonitas demais... Porém, é possível que isso seja apenas um truque da edição, para causar mais ansiedade no público. Afinal, Big Little Lies é especialista no assunto.

    Mas, apesar de ter entregado um grande episódio, "Kill Me" nunca atingiu seu potencial. O motivo? Culpa do editor, que decidiu cortar a cena onde Reese Witherspoon jogava um sorvete em Meryl Streep — também conhecido como o momento que ia salvar o mundo em 2019. Triste.

    Melhor frase: Já que o sorvete não rolou, o prêmio vai para a rainha das alfinetadas, Mary Louise e seu "Seria tão bom se as pessoas pudessem simplesmente estar juntas. Talvez alguém invente um aplicativo para isso."

    Hinos do episódio: Reese Witherspoon cantando "(You Make Me Feel Like) A Natural Woman" não é algo que a gente encontra todo dia.

    Número de gritos histéricos na temporada: 3,5. Afinal, Renata gritando "Já disse que não foi sua culpa" foi quase um "Eu disse obrigada!" 2.0

    Considerações finais:

    - Se você não se emocionou com Chloe (Darby Camp) dando um abraço no pai, você não tem alma.

    - Por falar nisso, a dinâmica de ódio entre Ed e Nathan (James Tupper) segue como o alívio cômico que ninguém sabia como precisava. O que foi ver o ex de Madeleine querendo gritar e chamar o rival de babaca, só pra desistir de última hora e dar meia volta correndo?

    - Elizabeth passou dois episódios quieta só para soltar um "Kill Me" do nada. O que está acontecendo?

    facebook Tweet
    Links relacionados
    Comentários
    Back to Top