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    Good Omens: "Fui obrigado a elevar o nível da minha atuação para acompanhar David Tennant", elogia Michael Sheen (Exclusivo)

    Dia de conversar com anjos e demônios.

    Michael Sheen + David Tennant + Neil Gaiman. A série Good Omens nasceu cercada de expectativas ao unir o famoso livro de Gaiman e Terry Pratchett com dois grandes atores britânicos conhecidos pela desenvoltura tanto no drama quanto no humor. Desta vez, eles interpreta um anjo (Sheen) e um demônio (Tennant), que formam uma dupla inesperada na intenção de impedir o Apocalipse.

    O projeto resume, em seis episódios, o universo cômico da obra original, levando o espectador a diversos momentos da História, desde Adão e Eva até o tempo presente, passando pela chegada do Anticristo e a caça às bruxas na Idade Média. (Leia a nossa entrevista com Neil Gaiman).

    A convite da Amazon Prime Video, o AdoroCinema viajou a Londres para assistir à pré-estreia e conversar com os atores principais:

    Sheen + Tenant

    Nas telas, eles formam uma parceria de 6.000 anos, mas antes disso, os protagonistas nunca tinham trabalhado juntos, como lembra David Tennant:

    "Nós nos conhecemos há muito tempo e participamos de um mesmo filme, mas não tínhamos contracenado antes. Eu já sabia como este encontro seria, porque nós abordamos as coisas de um jeito parecido e sabia que nos completaríamos muito bem. Mesmo assim, a chegada ao set de filmagem foi uma surpresa, porque um set deste tamanho é uma bagunça! Além disso, nós não tivemos muito tempo para ensaiar".

    Michael Sheen completa:

    "Normalmente nós somos escalados para os mesmos papéis, então é raro estarmos em algo juntos, atuando um com o outro. Sabia que seria divertido porque amo assistir a David trabalhar, ele é brilhante. Diante dele, fui obrigado a elevar o nível da minha atuação. Felizmente, a escrita é muito boa e a dinâmica entre os personagens é bem estabelecida pelo roteiro". 

    Anjo elegante, demônio roqueiro

    A aparência dos personagens chama a atenção: enquanto o anjo Aziraphale está sempre impecavelmente vestido em seus ternos claros, o demônio Crowley usa óculos de sol e calças justas, escuras, típicas de um rockstar.

    "Nós debatemos muito sobre a aparência, porque dependeria da versão escolhida: nós faríamos uma aparência dos tempos em que o livro foi escrito, ou a versão de 2019? Eu senti que seria melhor explorar esse lado rock and roll, porque enquanto ator, só pelo fato de colocar estas roupas, você se sente mais ousado, mais inconsequente", explica Tennant.

    "Essa dinâmica pode ser mais complicada no começo", completa Sheen, "mas nós definimos um ao outro. O que Crowley estava fazendo determinava cada vez mais a minha versão de Aziraphale. Como este anjo tem uma postura mais rígida, isso deixa Crowley mais solto, e assim por diante. No primeiro dia de gravação, fizemos várias cenas sentados sob uma palmeira, com diálogos longos. Este se tornou um momento de testes para encontrar o caminho a partir dali".

    Ainda sobre a aparência dos protagonistas, Tennant relembra que no primeiro dia de filmagens, Gaiman tirou uma foto de ambos com um celular comum, e foi esta imagem que circulou por jornais e sites de Internet para promover a série:

    "Eu estava com o cabelo longo, que eu usei raramente durante as filmagens, mas essa foto rodou o mundo. Foi uma maneira curiosa de mostrar às pessoas um pouco de como seria a nossa caracterização no set de filmagem. Nós ainda estávamos entrando nos personagens, e depois observamos a foto e pensamos: 'É assim mesmo que eu deveria aparecer? A imagem deles é esta mesmo?'. Olhar para essa foto agora é muito divertido porque nos mostra a diferença em relação à versão final".

    Sobre anjos, demônios e vampiros

    A televisão tem multiplicado a quantidade de projetos sobre criaturas clássicas como vampiros, anjos, lobisomens, feiticeiras... Mas por que estas figuras sobrenaturais são tão populares hoje em dia? Sheen arrisca uma explicação:

    "Todos os personagens como vampiros, anjos e demônios são reinventados por cada geração porque eles representam coisas diferentes em cada tempo e sociedade. Além disso, os orçamentos mudaram muito: hoje temos muito mais dinheiro e tecnologia para desenvolver os efeitos visuais, que são essenciais para estas representações. Mas em termos de céu e inferno, anjos e demônios, o fim dos tempos e o apocalipse representam medos que jamais envelhecem. Talvez a gente esteja pensando nestas questões de uma maneira mais próxima hoje, infelizmente! Mas anjos e demônios, céu e inferno, sempre representam os dois extremos possíveis. A vida real precisa estar no meio disso, na área cinzenta. Good Omens aborda justamente esta área entre os dois".

    Desafios no set

    Para uma série com tantos efeitos especiais e viagens no tempo, a produção foi exaustiva:

    "O grande clímax da série foi uma das experiências mais difíceis da minha vida, dentro daquela base aérea. Era uma locação ótima, porque tinha uma aparência incrível, mas era horrível ficar lá. Estava molhado, frio, e tivemos que ficar muito tempo de pé, sem fazer nada, esperando os ajustes técnicos. Isso durou vários dias, porque nós sempre tínhamos que voltar para filmar mais", lembra Michael Sheen. Tennant completa: "E era o mês de novembro, quando choveu durante umas quatro semanas!".

    Sheen completa: "Mas o maior desafio, relacionado aos personagens e a história, para mim, foi quando estávamos separados. Tem uma sequência longa em que Crowley e Aziraphale não estão juntos e isso dificultou encarnar este personagem específico que eu criei. A dinâmica entre eles é uma parte importante do que faz a história funcionar. Além disso, todos os dias traziam desafios técnicos porque, neste tipo de histórias, sempre tinha um personagem inserido na pós-produção porque estavam na tela verde. Pelo menos, todo dia tinha algo diferente, o que representa um desafio importante para um ator".

    Neil Gaiman como showrunner

    A presença do autor do livro, Neil Gaiman, como showrunner, facilita o trabalho ou aumenta a pressão para os atores? Para Sheen, a colaboração é positiva:

    "Ter Neil Gaiman no comando de todas as escolhas criativas, com Douglas MacKinnon (diretor), te dá uma grande confiança porque ele foi um dos escritores da coisa original, ele é um Deus-todo-poderoso do universo Good Omens. Por terem muitas pessoas que amam esse livro, essas histórias e esses personagens, você sente uma responsabilidade enorme de realmente trazer isso para a tela. Mas ele também é uma pessoa incrivelmente generosa em termos criativos. Ele deixava claro o que gostaria de ver ou não, mas também fazia questão que todo mundo se sentisse incluído e colaborasse na criação. Não tinha nenhuma demonstração de ego naquele lugar". 

    "Todo bom showrunner é como um operador infiltrado", explica Tennant. "Você sabe que está sendo olhado pelo criador deste universo, e fica desesperado para impressionar. Você quer ter o sentimento de fazer algo que o agrade. Mesmo assim, a pressão era nossa: Gaiman tem uma presença benevolente, ele quer te ajudar a chegar nesse resultado".

    Mas houve espaço para improviso?

    "Não muito", confessa Sheen". "Mesmo assim, uma das sequências preferidas do Neil não estava no roteiro. Ele disse: 'Foi fantástico, eu nem tive que escrever!'. Para esta cena, eu tive a ideia de fazer um truque de mágica, porque Aziraphale adora mágica. Então ele fica muito animado e começa a fazer truques com a moeda… A equipe gostou e disse: 'Continue improvisando!', e no final, acabaram usando bastante dessa cena". 

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