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    Chernobyl: Fatos reais do acidente nuclear dão ar político e perturbador para nova aposta de ficção da HBO (Primeiras impressões)

    Com cinco episódios, a nova minissérie estreia no Brasil no dia 10/5 e mergulha no drama ao redor do maior acidente nuclear de todos os tempos.

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    Diversas explicações foram dadas para o acidente nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, mas nada que seja escrito num documento parece fazer justiça aos anônimos que trabalharam até a morte em abril de 1986. Em Chernobyl, nova minissérie da HBO, os fatos reais permeiam uma ficção que pretende não só olhar para culpados, mas especialmente para as vítimas e suas histórias não contadas. Dividida em cinco episódios, a chocante produção conta com Johan Renck como diretor e Craig Mazin como showrunner.

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    Nos primeiros segundos do episódio de estreia, ouvimos a voz de Jared Harris (The Crown) fazendo uma pensata sobre o que significa a espiral de mentiras que envolveram o caso. No papel de Valery Legasov, engenheiro que integrou o comitê de investigação do acidente, ele diz: "O perigo de se ouvir mentiras demais é que não conseguiremos mais reconhecer o que é verdade". As palavras deixam claro o tom político da trama e também parecem ser um adendo à famosa frase do ministro nazista Joseph Goebbels, que dizia que "uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”.

    Intitulado "1:23:45", o primeiro capítulo apresenta dois momentos: o primeiro dois anos após o acidente, e o outro na noite do desastre em si. Além de serem conectados pelo protagonista, o que une os anos de 1986 e 1988 é um mesmo gosto amargo provocado pela ocultação da verdade, seja sentido pelo personagem, seja sentido pelo próprio público ao entrar nos pormenores da história. 

    A espiral de inverdades toma conta dos diálogos desde o primeiro alerta em torno da usina e as escolhas da montagem reforçam a aflição desta ser uma história que todos já conhecem o final. Ao longo de uma hora, 23 minutos e 45 segundos de episódio, vemos a corda ir estourando para o lado mais fraco enquanto homens de terno decidem o que deve ser feito dentro de uma sala. No bunker à prova de ataques norte-americanos, políticos e engenheiros soviéticos dão uma resposta lenta e autocentrada para um povo que pouco sabia como funcionava a usina. 

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    O roteiro, aliás, entra no mínimo de questões técnicas para trazer veracidade à história e consegue deixar o assunto palatável mesmo para quem pretende apenas assistir a uma série de TV. Por outro lado, o mais curioso fica no ponto de vista dos populares, que não entendem o poder da energia nuclear e chegam a aconselhar tomar vodka de 4 em 4 horas em caso de contato com a radiação. 

    A precisão histórica também chama a atenção e tudo o que cabe na tela transborda realidade, mas sempre fotografada de forma artística. Desde a caracterização dos atores, extremamente parecidos com as pessoas reais que interpretam, até a criação dos cenários, a minissérie promete uma imersão total até o fim da temporada. O público quase poder sentir de casa o tal "gosto do metal" da fumaça tóxica e talvez só se lembre de que está assistindo a uma ficção quando se der conta que os camaradas soviéticos estão falando inglês.  

    A opção por não usar o idioma nativo acaba destoando das demais escolhas, mas ainda há espaço para avisos de emergência usando o alfabeto cirílico, o que reconecta drama e espectador justamente no momento chave: o início do acidente e o disparo de mensagens de socorro. Forte e dramático, o primeiro episódio deixa clara a vocação de Chernobyl para impactar com uma história minuciosamente inspirada em fatos reais —  e quem sabe ganhar prêmios.

    Também no elenco estão Stellan Skarsgård (Gênio Indomável) e Emily Watson (Hilary e Jackie). No Brasil, a minissérie estreia na HBO no dia 10 de maio às 21h.

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