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    Big Mouth segue divertida, constrangedora e importante (Crítica da 2ª temporada)

    Segunda temporada da comédia animada da Netflix já está disponível.

    Nota: 3,5 / 5,0

    Entre muitas piadas sujas e constrangedoras, a primeira temporada de Big Mouth surpreende justamente pela honestidade crua e tão verdadeira ao se tratar da traumatizante época da pré-adolescência. Seguindo na trilha do mesmo caminho de sucesso, a segunda temporada continua reunindo com primor dois elementos fascinantes: o humor e a vergonha.

    Neste ano, a comédia criada e produzida por Nick Kroll e Andrew Goldberg, no entanto, vai mais fundo em temas mais sensíveis. Sem perder a graça, a temporada consegue tratar não apenas da puberdade e do despertar sexual, mas também toca em temas como experimentação, remorsos, slutshamming, depressão, aceitação do corpo e até mesmo aborto.

    Um dos maiores trunfos de Big Mouth é o fato de ela conseguir efetivamente fazer com estes personagens animados algo que é raro, pois dá a eles a chance de se desenvolverem e evoluírem. Este detalhe na verdade é essencial para que a série funcione, já que se baseia no fato de estarem passando por mudanças físicas e psicológicas. Mais do que isso, no entanto, a comédia é provocativa em pequenos rompimentos com estereótipos, ao permitir que os protagonistas demonstrem sentimentos contraditórios e que tentem lidar com isso através do diálogo.

    Netflix

    Um dos arcos narrativos mais interessantes e genuinamente cômicos da temporada é o de Nick (Nick Kroll), que ressente a puberdade tardia e passa toda a temporada lidando com Monstros do Hormônio disfuncionais — ora um muito velho, ora outro extremamente jovem. Ligado a isso está o seu primeiro relacionamento, que transborda a esperada imaturidade por todos os poros. Ainda assim, detalhes como o momento em que se estabelece que a infame “friendzone” não existe — ou quando os episódios tiram sarro deste lugar-comum — saltam aos olhos e mostram que além de apenas fazer comédia, Kroll e Goldberg querem aqui tecer ácidos comentários a respeito de como enxergamos relacionamentos e a dependência deles.

    Por outro lado, Jessi (Jessi Klein) e Missy (Jenny Slate) continuam ganhando cada vez mais destaque. Se a primeira temporada foi mais focada em Missy, a segunda dedica boa parte de seu tempo aos conflitos de Jessi, e esta abordagem funciona quase como que em uma espécie de complementação. Jessi é uma representação bastante honesta no que diz respeito a como a personagem lida com a separação dos pais, o novo relacionamento da mãe e a relação com o corpo e as colegas frente às próprias guinadas feministas.

    No fim, a segunda temporada de Big Mouth sendo mais inteligente do que deveria ser. Faz comédia com tabus sem ser baixa, cutuca temas sensíveis sem medo — o que chega ao ápice no excelente episódio sobre o Planned Parenthood, é ao mesmo tempo delicada e abertamente bem humorada. Em tempos sombrios, Big Mouth é, acima de tudo isso, uma série essencial para tratar de sexualidade como ela deve ser.

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