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    Retrospectiva 2017: Os melhores episódios de séries de TV do ano

    Os capítulos que melhor definiram a TV em 2017!

    7. Mr. Robot, ‘eps3.4_runtime-err0r.r00’ (3.05)

    O mérito deste episódio de Mr. Robot está mais na sua desafiadora técnica do que em qualquer outra coisa. Após uma segunda temporada que cambaleou, a terceira de Mr. Robot se revigora indo direto ao ponto. É aí que o episódio 5 dá o seu show, todo em plano sequência, mostrando a invasão à E Corp, o conflito interno de Angela, de Elliot, com um trabalho singular de direção de Sam Esmail.

    6. Legion, ‘Chapter 6’ (1.06)

    Legion é uma mistura audaciosa de elementos desafiadores. O visual naturalmente deslumbrante da primeira temporada ganha uma sobrevida no sexto episódio, quando Lenny (Aubrey Plaza) leva David (Dan Stevens) de volta ao hospital psiquiátrico, e dá início a um conto de terror psicológico que não apenas explica toda a história mas o faz utilizando metáforas, sem subestimar a inteligência do público, sempre esperando por uma resposta. O episódio pode ser visto como a peça central de um elaborado quebra-cabeças, mas no fim das contas é muito mais do que isso: é uma hora corajosa de televisão, que desafia o público a seguir com a história mesmo que ela vire de cabeça para baixo e descarte tudo o que entende por certo.

    5. BoJack Horseman, ‘Underground’ (4.07)

    Este é um típico episódio engarrafado, ou a versão de Raphael Bob-Waksberg de um. Durante uma festa que ocorre na casa do Mr. Peanutbutter, a estrutura acaba desabando. A mansão fica soterrada, e todos os convidados da festa ficam presos naquele ambiente durante sete dias, e precisam descobrir como solucionar os problemas de convivência e dividirem comida e água enquanto o resgate não chega. A situação escalona, e o que vemos na tela é o aquário de uma sociedade, uma análise anárquica da burguesia obrigada a se despir das convenções sociais.

    A potente metáfora ganha mais força justamente porque o formato em animação permite absurdos quase surrealistas no roteiro. A quarta temporada de BoJack Horseman teve mais de um episódio que merece destaque, mas Underground se sobressai por toda a particularidade da situação, que muito se assemelha a O Anjo Exterminador, de Luis Buñuel. Continue assim, série.

    4. Better Call Saul, ‘Chicanery’ (3.05)

    Este episódio dirigido pelo veterano Daniel Sackheim (The Americans, Game of Thrones) e escrito por Vince GilliganPeter Gould condensa a instabilidade da relação entre Chuck (Michael McKean) e Jimmy (Bob Odenkirk), expondo todas as dores do relacionamento fraterno. Dói de ver o quanto os dois estão machucados, e aqui cabe o mérito a McKean, em uma atuação sem precedentes que foi injustamente esnobada pela temporada de premiações.

    3. Game of Thrones, ‘The Spoils of War’ (7.04)

    Este não é necessariamente o episódio mais ousado ou narrativamente impecável visto na televisão em 2017, mas para uma temporada de Game of Thrones que foi, no mínimo, extremamente irregular, o quarto episódio é o grande responsável pelos momentos mais empolgantes. Um mérito respeitável. No contexto da história, cumpre com perfeição o básico da narrativa ao amarrar os três arcos principais com o mesmo preceito, a mesma ideia do que a guerra representa e o que ela deixa como triste herança para os sobreviventes. Em tempos de extremismos políticos, conflitos armados e relações internacionais completamente abaladas, acaba sendo um reflexo um tanto quanto pertinente, por mais que em realidades e contextos diferentes.

    Além disso, ‘The Spoils of War’ é de longe o episódio melhor dirigido da temporada, um mérito que vai para Matt Shakman e também para toda a equipe de pós-produção e efeitos visuais. A batalha intitulada ‘Loot Train Attack’ (‘Ataque do Trem de Pilhagem’) foi desafiadora pela quantidade de pessoas envolvidas e por trabalhar ao mesmo tempo duas estratégias de guerra completamente diferentes; a dos Lannister, baseada no império romano, e a dos Dothraki, inspirada nas lutas vikings. É um daqueles episódios de Game of Thrones que merecia ser visto nas telonas.

    2. The Leftovers, ‘The Book of Nora’ (3.08)

    Em total honestidade, seria possível preencher metade dessa lista apenas com episódios da terceira temporada de The Leftovers. O arco final da série, injustamente subestimada, é tão recheado de grandes momentos que é difícil escolher um. Há muito acontecendo em cada um dos oito episódios da última temporada, mas todos eles são histórias fechadas, únicas e com um objetivo claro. Pense, por exemplo, no episódio 5, ‘It’s a Matt, Matt, Matt, Matt World’, que coloca o reverendo Matt Jamison (Christopher Eccleston) em um barco de um grupo de orgia cultuador de um leão. Lá, ele encontra Deus. Aquele Deus mesmo. Um homem simples, mas egocêntrico e perfeitamente irritante. É estranho? Certamente. Faz sentido na história? Absolutamente. Tem também, aliás, aquele episódio em que Kevin tem um irmão gêmeo, é o presidente dos EUA e precisa provar a sua identidade escaneando o próprio pênis. Enfim…

    A series finale particularmente é o mais radical dos episódios, mas porque joga com muita simplicidade. É uma atitude corajosa, e que funciona muitíssimo bem. A cartada final de The Leftovers é a mais sutil, e deve muito de seu mérito à brilhante atuação de Carrie Coon. Ao entregar o monólogo mais importante do episódio, da temporada e da série, para uma pessoa que sequer era a protagonista, arrisca porque quebra a primeira ‘regra’ do audiovisual, e conta uma história ao invés de mostrá-la. Mas se é capaz de levar o público às lágrimas, então está fazendo algo certo.

    1. Twin Peaks: O Retorno, ‘Parte 8’ (3.08)

    Alguém poderia argumentar que o episódio 8 de Twin Peaks: O Retorno não tem história. Na verdade alguém poderia argumentar que os 18 episódios de ‘O Retorno’ não têm história, mas o capítulo central traz a origem de BOB, a origem de todo o mal ligada à explosão da bomba atômica. É inventivo em todos os sentidos, seja porque é um episódio totalmente escuro, ainda mais do que o padrão de Lynch, seja porque conecta imagens de amor inocente à ascensão do mal e à manutenção da esperança. É poético mesmo quando não diz absolutamente nada, e convida o espectador a enxergar o universo como uma colcha de retalhos em que causa e consequência se misturam e invertem seus lugares a todo momento. Não há muito o que argumentar aqui a não ser que este é possivelmente um dos episódios mais desafiadores e eletrizantes da história da televisão.

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