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    Showrunners de Game of Thrones defendem sua nova série após receberem críticas negativas na internet

    Confederate causou polêmica antes mesmo de ser lançada.

    Jamie McCarthy

    Em uma realidade paralela, as federações do sul dos Estados Unidos não perderam a Guerra Civil. Após o conflito terminar em um impasse, os Confederados se separaram da União - os estados do Norte - e fundaram sua própria nação soberana. Nesse Sul alternativo, a escravidão não foi abolida. Com a deterioração das relações com o Norte, ocorre a Terceira Guerra Civil. Essa é a premissa de Confederate, série de David Benioff e D.B. Weiss, criadores da aclamada Game of Thrones. Antes mesmo de ser lançado, o novo seriado da HBO já causou polêmica.

    Nas redes sociais, principalmente no Twitter, a principal crítica dos internautas foi o fato de que uma história como essa - centrada em conflitos raciais e em um tema tão sensível como a escravidão, especialmente para a história dos Estados Unidos -, não deveria ser narrada por dois homens brancos. Ainda que Benioff e Weiss não sejam os únicos showrunners - Nichelle e Malcolm Spellman, que são negros, também comandarão o projeto -, Confederate logo tornou-se alvo de uma chuva de comentários negativos, potencializados pelo instável clima político e social instaurado nos Estados Unidos desde a eleição de Donald Trump.

    "Confederate da HBO - onde o Sul ganha a Guerra Civil e a escravidão continua legalizada - parece algo como uma série que Jeff Sessions [procurador-geral do governo Trump] faria se fosse um showrunner"

    "Confederate poderia ter os melhor roteiros da televisão e ainda assim seria uma série para agradar supremacistas brancos e ganhar audiência. Eu passo"

    Logo, uma ácida e irônica hashtag ganhou força no Twitter: #InsteadOfConfederate (#AoInvésDeConfederate, em tradução livre), que sugere que a HBO substitua sua nova série - já encomendada para uma temporada completa - por outros seriados ainda mais controversos:

    "HBO, ao invés de Confederate, que tal uma série onde o público verá autópsias reais? Coloquem isso para passar durante o horário de almoço"

    Em uma longa entrevista à Vulture, o time de showrunners defendeu a série. Benioff reconheceu que a equipe de criadores sabia que Confederate podia provocar esse tipo de reação, mas pediu paciência ao público: "Nós não temos uma sinopse ainda. Nós sequer temos os nomes dos personagens. Então tudo é muito novo, nada foi escrito ainda. Acho que é isso que foi um pouco supreendente no meio de todas as críticas. Essa reação é um pouco prematura. Sabe, é claro que nós podemos ferrar com tudo. Mas nós ainda não erramos".

    Nichelle Spellman (Justified, The Good Wife) endossou as palavras do colega: "Entendo a preocupação das pessoas. Mas gostaria que as pessoas tivessem se manifestado na noite da estreia, domingo à noite na HBO, depois de terem assistido à série e tomado a decisão se nós conseguimos cumprir ou não o objetivo que nós queríamos atingir. A preocupação das pessoas é real. Mas acho que nós quatro somos profissionais conscientes e sérios [...] O que nós escrevemos no passado prova isso. Então, eu gostaria de ter tido a oportunidade de ver o debate começar após a estreia da série".

    Weiss, por sua vez, declarou que eles estão cientes das críticas à Game of Thrones - que praticamente não apresenta personagens não-brancos - e que eles abordarão a nova série de uma forma diferente: "Nós somos hiper-conscientes da diferença entre uma série que narra uma história fictícia em um mundo fictício e outra que narra uma história alternativa em nosso mundo. Nós sabemos que os elementos que fazem parte de Confederate são muito mais crus e reais, e que as pessoas serão muito mais afetadas mais por essa trama do que pela história de um lugar chamado Westeros, uma história sobre a qual ninguém nunca tinha ouvido falar antes de ler os livros ou ver a série [...] Nós quatro planejamos abordar Confederate através de um espírito diferente, por necessidade, do que o espírito de abordagem de Game of Thrones".

    Por fim, Malcolm Spellman esclareceu a premissa de Confederate, afirmando que o sul não "ganhou" a guerra, e também explicou por que a série será relevante: "Acho que as pessoas precisam parar de acreditar que a escravidão foi algo que simplesmente acabou. Isso afeta as pessoas até hoje. É fácil desviar do assunto porque às vezes você não consegue apontar o racismo, especialmente pelo fato de que isso se tornou algo muito sutil. Mas todo mundo sabe que com Donald Trump no poder, um monte de preconceitos voltaram à tona [...] um drama como Confederate permite tornar o racismo mais visível".

    E você, o que acha da controvérsia? Uma série como Confederate ajudará ou prejudicará o debate? Quem tem a razão nesta questão: os showrunners ou o público? Só o tempo dirá. O certo é que esta é uma situação muito complexa e que os roteiristas terão que realmente lidar com o delicado tema do seriado com extremo cuidado.

    Ainda sem previsão de estreia, Confederate é uma das grandes apostas da HBO para a era pós-Game of Thrones, uma vez que a série baseada nos livros de George R.R. Martin se aproxima cada vez mais do fim.

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