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    Friends From College capricha no elenco, mas não consegue fazer o espectador rir (Crítica da primeira temporada)

    Keegan-Michael Key, Cobie Smulders e Fred Savage estrelam a nova série da Netflix.

    Netflix

    Muito se discute sobre qual é o limite do humor, mas ninguém deve esquecer que a construção da comédia deve ser focada em uma simples base: fazer rir. Infelizmente, Friends From College não consegue atingir tal objetivo.

    Nova aposta da Netflix, o show (como o título já aponta) acompanha o reencontro de seis amigos que passam a morar na mesma cidade, 20 anos depois de terem se conhecido em Harvard: Ethan (Keegan-Michael Key), Lisa (Cobie Smulders), Sam (Annie Parisse), Max (Fred Savage), Nick (Nat Faxon) e Marianne (Jae Suh Park). Mas apenas três deles ganham tempo de destaque na tela.

    Acontece que Ethan e Lisa estão tentando ter um filho, porém o escritor tem um longo caso com Sam. E é justamente essa trama de infidelidade que movimenta todos os oito episódios iniciais, sendo intercalada com clichês já vistos em diversas séries de comédia. Casamento constrangedor de um conhecido da galera? Tem. Substituição de um animal de estimação falecido por outro semelhante? Tem. Ônibus/balada com motorista divertido? Tem. Um personagem certinho surtando ao usar álcool ou drogas? Claro que tem.

    Ao invés de tentar aprofundar a discussão sobre o difícil processo de amadurecimento e criticar a exagerada saudade nostálgica dos tempos de juventude, os criadores Nicholas Stoller (Ressaca de Amor, Vizinhos) e Francesca Delbanco (Cinco Anos de Noivado) apresentam personagens completamente unidimensionais que parecem ter sido jogados em várias esquetes desconectadas - cujo único próposito é forçar uma risada.

    O público acompanha personagens que cometem diversas decisões erradas, mas não consegue entender as motivações por trás de cada ato, nem conhecer o passado de cada um. E se trata simplesmente de uma questão de caráter, pois outras produções como You're The Worst já provaram que é possível fazer o público se importar (e se divertir!) com pessoas desajustadas e imperfeitas.

    Como já foi mencionado, apenas três protagonistas apresentam algum tipo de desenvolvimento e, dentre eles, somente Cobie Smulders consegue trazer momentos de humanidade para a tela. Na trama, Lisa tem dificuldades para engravidar - o que acaba se tornando um dos únicos momentos interessantes da produção, principalmente o quarto episódio. Apesar de possíveis similaridades, a atriz é capaz de construir algo diferente da famosa Robin Scherbatsky de How I Met Your Mother.

    Infelizmente, essa história acaba perdendo espaço para o romance proibido entre Sam e Ethan. Annie Parisse até cumpre bem seu papel, mas Keegan-Michael Key aparece preso num personagem completamente sem-graça, que fica fazendo vozes ridículas e irritantes. Dentre o resto do grupo, Jae Suh Park entrega uma Marianne agradável e interessante, mas desperdiçada numa trama confusa. Nat Faxon é praticamente um figurante de luxo até os episódios finais, enquanto Fred Savage tenta trazer o seu melhor num papel sem desenvolvimento.

    Dono de um papel recorrente, a escalação de Billy Eichner é curiosa. Foi legal ver esse ator, conhecido por performances mais escandalosas, ser a voz da razão nesta narrativa e construir uma boa química com Fred Savage. A série ainda conta com participações especiais de Kate McKinnon, Seth Rogen e Ike Barinholtz - todos divertidos, mas presos em estereótipos que já fizeram antes em suas carreiras.

    Com episódios de trinta minutos cada, acompanhar Friends From College não é uma experiência desagradável. O grande problema é que o show não traz nada inédito como uma comédia, seja através de personagens, roteiro ou direção. O talento está ali, mas faltou profundidade... e graça!

     

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