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    Girls: Última temporada escorrega no final, mas consegue cair de pé (Crítica)

    Série criada e estrelada por Lena Dunham chegou ao fim na noite deste domingo.

    Foi ao ar na noite deste domingo, 16 de abril, o episódio final da última temporada de Girls, série produzida por Judd Apatow e Lena Dunham para a HBO. Ao longo de seis anos, a produção teve seus altos e baixos, o que não diminui a importâncias de apresentar uma série focada em personagens femininas repletas de conflitos e questionamentos. Em determinado episódio, a personagem principal Hannah (Dunham) diz aos pais que gostaria de ser a voz de sua geração. De certa forma, a série serviu sim como voz da geração dos millennials, para o bem e para o mal. 

    Bem superior às temporadas cinco e quatro, o sexto ano chegou ao fim com um episódio focado quase que totalmente em Hannah. Apenas Marnie (Allison Williams) e Loreen (Becky Ann Baker) ganham um pouco de destaque em cena, com todo restante do elenco sendo deixado de lado. É claro que Dunham é corpo e alma da produção. Ela é criadora da série, roteirista, estrela principal e ainda dirigiu inúmeros episódios. Mas isso não significa que Hannah deveria destoar do restante do time. Neste sentido, é sempre bom lembrar que o título é Girls.

    Nunca foi uma série sobre uma garota. E é isso que o último episódio leva a crer. O desenvolvimento do personagem, o início de uma nova jornada, é tudo muito significativo, mas não precisava representar uma ruptura com relação a tudo que ocorreu antes. Girls acabou optando por um "bottle episode" para o último capítulo, o que é quase impensável. Se você não é fã de Community talvez esteja se perguntando o que é "bottle episode". São aqueles episódios que funcionam quase que isoladamente da história principal, como o capítulo da mosca em Breaking Bad ou o do parque em The Walking Dead.

    Neste sentido, o nono episódio da temporada representa o series finale perfeito. Deu aos fãs a oportunidade de se despedir de seus personagens favoritos e termina de forma realmente poética.

    No geral, a temporada foi irregular. A dinâmica entre Jessa (Jemima Kirke) e Adam (Adam Driver) foi problemática, especialmente ao decidirem fazer um filme sobre suas próprias vidas. E o mesmo acontece com Marnie e Desi (Ebon Moss-Bachrach). Dentre os pontos altos, destaca-se o desenvolvimento do personagem de Elijah (Andrew Rannells), que ganhou um episódio quase que só pra ele nesta temporada (o sétimo), em que mostrou todo seu talento de ícone da Broadway.

    Curiosamente, apesar da ressalva anterior, o melhor episódio da temporada foi um capítulo isolado da história principal. Mas não o último. Estamos falando, é claro, do terceiro episódio, que contou com a participação do ótimo Matthew Rhys (The Americans). Com uma performance digna de uma indicação ao Emmy de Melhor Ator Convidado, Rhys dá vida a um escritor que chama Hannah em sua casa para contestar um artigo que ela escreveu que o colocava como um predador sexual, após relatos de alunas que teriam sido seduzidas por ele. A dinâmica entre Matthew e Lena é excelente, e o episódio levanta uma série de questionamentos ao mesmo tempo em que mantém um clima de algo estranho no ar. Desde já, um episódio clássico da série.

    Agora, é importante destacar mais um ponto negativo, já visto desde as últimas duas personagens, que é o mau aproveitamento de Shoshanna (Zosia Mamet). Uma das favoritas do público desde o início da série, ela foi sendo deixada de lado até que surge com uma postura de ruptura no penúltimo episódio.

    Com o final de Girls, é impossível não reconhecer o valor da produção. Teve seus problemas, é verdade, mas foi sempre original, exótica e divertida, o que já é ótimo para um produto audiovisual. 

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