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    Orange Is the New Black: Confira nossa crítica da quarta temporada

    Novas caras e velhas brigas em Litchfield.

    Voltar no tempo é um tema recorrente nos episódios da quarta temporada de Orange Is the New Black, produção original Netflix criada por Jenji Kohan a partir das memórias de Piper Kerman. Faz sentido, pois foi recuperando coisas que deram certo nos primeiros dois anos da comédia dramática que a showrunner conseguiu colocar tudo nos eixos após uma esquecível terceira temporada.

    Para desespero de quem não suportou os episódios de 2015, a história é retomada com as detentas de Litchfield aproveitando a liberdade no lago às margens da casa de detenção. Nenhum minuto passou, sequência direta, mau presságio. Que não dura muito, felizmente, pois a invasão de novas prisioneiras logo indica que elementos não faltarão para o desenvolvimento de inúmeros conflitos - e é disso que o povo gosta. Disso e de amar odiar ou odiar amar Piper Chapman (Taylor Schilling), que permanece gerindo com punho de ferro seu arriscado negócio de calcinhas usadas, crente que realmente convence como "Poderosa Chefona". Sabemos que ela irá se ferrar com as dominicanas lideradas por Ruiz (Jessica Pimentel, muito bem) e a expectativa pelo tamanho da queda estimula o binge-watching. OITNB não é OITNB quando não gera sentimentos conflitantes a respeito da carismática personagem.

    A tão elogiada diversidade do elenco é explorada até o limite dessa vez. A superlotada prisão torna-se laboratório de uma espécie de "experimento social agressivo" em que estereótipos são aproveitados e quebrados em velocidade recorde e estar só representa correr riscos. O caos é iminente, mas a guerra fria de gangues não tem aqui o peso sombrio do arco de Vee (Lorraine Toussaint) no segundo ano, dividindo democraticamente espaço com momentos dramáticos, sangrentos, tensos, esquisitos e cômicos. Soso (Kimiko Glenn) e Poussey (Samira Wiley) até reencenam Digam o Que Quiserem, mas os sedentos por romance caliente da melhor qualidade sentirão muita falta de Vauseman. Para alegria dos fãs, Nicky (Natasha Lyonne) reaparece, mas a grande ladra de cenas da temporada é a estrela da culinária Martha Stewart Judy King (Blair Brown), capaz até de revigorar os monotemáticos Yoga Jones (Constance Shulman) Luschek (Matt Peters).

    OITNB adora um jogo de poder e novamente aborda muito bem questões como racismo, misoginia, responsabilização, esquizofrenia, manipulação, sexismo, fidelidade, privatização e abuso sexual - a sequência em que Doggett (Taryn Manning) finalmente confronta seu estuprador é digna de nota. Com histórias cada vez mais previsíveis, no entanto, os flashbacks já não têm a força de outrora. Guardas sádicos e assediadores em contraponto ao rapaz cheio de boas intenções, Nicky tentando largar as drogas e Caputo (Nick Sandow) dominado por megera sendo usados e reutilizados em diferentes temporadas também dão a impressão que os roteiristas precisam urgentemente de novas ideias.

    Seguindo a tradição contemporânea (até tu, Orange?), há aquela morte chocante que maltrata corações. A season finale é arrastada, com desnecessários quinze minutos extras e um forçado "realismo quase fantástico" que destoa dos doze episódios anteriores, mas termina com um gancho excelente. Que venham as próximas três temporadas, confirmadas pela Netflix em fevereiro.

    Nota: 4,0/5

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