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    Entrevista com Jodele Larcher

    Bate-papo com o curador do festival de videoarte VIDEO ATAQ.

    por Roberto Cunha

    AdoroCinema: Você acha que existe algum preconceito dos cineastas "tradicionais" em relação aos "novos" cineastas? Essa coisa de puristas x vanguardistas de agora?

    Jodele Larcher: O que estamos assistindo é a construção de um novo sistema de captação e montagem. As câmeras são mais leves, a edição mais rápida, é um sopro de renovação no ar. Não sei de casos de discórdia. O que sei é que a cinematografia digital está facilitando para os novos diretores mostrarem sua cara. Vários cineastas tradicionais estão aderindo. Nomes como David Lynch, Spike Lee... gente boa. Este festival que estamos trazendo (RESFEST) reflete bem esta tendência renovadora. O que há de melhor na cinematografia digital atualizada. Não é só um festival. Tem palestras, seminários, vamos trazer o Jarbas Agnelli para palestra. Ele dirigiu o clipe dos robôs do Pato Fu, o novo do Rappa e também aquele comercial da revista Época (Leão de Ouro em Cannes e Clio em Miami). Tem um super animador americano. Tem muita coisa legal. Não é porque estou no projeto não. Quem puder visitar não vai se arrepender.

    AC: Há anos ouvimos falar na convergência dos meios de comunicação e, de certa forma, isso já acontece em alguns casos. Você acredita que isso vai mudar a maneira de se realizar a sétima arte? Existe alguma possibilidade do cinema digital acabar com o tradicional?

    JL: Está em curso este "mantra" da convergência mas é pro bem, as facilidades estão surgindo muito rapidamente para não perdermos tempo. Ainda vamos ver muitas transformações, mas nunca vamos esquecer a sensação do escurinho do cinema.

    AC: Você trabalhou um tempo numa empresa conhecida pelo "tal" do padrão global e que era líder absoluta de audiência no País. Hoje, o que se vê é que aquele tipo de liderança era mais fruto da inércia da concorrência do que da própria qualidade total do que era exibido. Investindo no mercado de cinema, parece repetir a mesma fórmula da TV: aposta naquilo que é líquido e certo, colocando na telona sucessos da telinha. Todos sabem que uma visão comercial se faz necessária para qualquer projeto decolar, mas você não acha que eles poderiam apoiar projetos independentes, por exemplo? Abrir espaço para novos roteiristas?

    JL: A Globo tem a linha de ação particular dela. O grupo tem a GloboSat que investe em novos roteiristas. Agora, eu acho bacana colocar sucessos na telona, e o Guel e sua turma são o que há de bem feito na TV aberta.

    AC: Não dá para falar de cinema sem citar o êxito americano. E lá existe um mercado muito promissor e inexplorado, no Brasil, que é o "telefilme". Vc acha que o cinema digital pode ser uma alternativa para abrir este mercado aqui em nosso País?

    JL: Claro que o esquema digital facilita a produção de telefilmes nacionais, o cinema regional é o grande filão. Temos que construir canais de distribuição paralelos. O problema é que as afiliadas tem pouca autonomia de grade e as cabeças de rede têm medo, mas bem que poderiam contratar um Beto Brant, por exemplo, para ser o diretor geral de uma série policial bem brasileira.

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