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    Matthias e Maxime: Para Xavier Dolan, jovens estão mais evoluídos em relação à fluidez de gênero (Entrevista)

    Seu novo filme, um drama romântico entre dois amigos de longa data, estreia diretamente na MUBI.

    Matthias e Maxime, filme de Xavier Dolan que concorreu à Palma de Ouro no Festival de Cannes 2019, chegou ao catálogo da MUBI (saiba mais sobre o serviço de streaming aqui). 

    Na trama, dois melhores amigos de infância são convidados a compartilhar um beijo com o propósito de atuarem em um curta-metragem. Logo, uma dúvida persistente se instala, confrontando ambos com suas preferências, ameaçando a irmandade de seu círculo social e, eventualmente, mudando suas vidas.

    Aproveitando a estreia de Matthias e Maxime, o AdoroCinema entrevistou Dolan sobre seu projeto. Além de dirigir, o cineasta canadense também é o roteirista da história e atuou como um dos protagonistas. Confira a conversa completa abaixo:

    AC: Você dirigiu, atuou, escreveu, editou e também fez o figurino para esse filme. Dizem que, possivelmente, a partir de agora as equipes serão menores por causa da pandemia da COVID-19. Você acredita que cineastas multitarefa como você estarão em uma "vantagem"?

    Obviamente fiz isso cercado e auxiliado por pessoas, artistas sem os quais eu mal seria capaz de funcionar. Tenho trabalhado com Pierre-Yves Gayraud agora em figurinos para dois filmes. Eu amo trabalhar com ele. Tomamos todas as decisões juntos e ele supervisiona o departamento. Tenho fé absoluta nele e em seus gostos. Posso ser multitarefa, mas eu só posso prosperar quando estou cercado por outros artistas que me dão sua opinião e conselhos, e não têm medo de me criticar. Sempre foi assim para mim e, espero, sempre será.

    AC: Por que você optou por cortar a cena do beijo (que marca muito essa história), sem mostrá-la por completo?

    Em algum momento a cena existia no roteiro, mas eu a tirei e cortei antes do beijo. Eu queria que as pessoas antecipassem o segundo beijo. Acho que, a partir do momento em que cortamos o beijo no curta-metragem, meio que sabemos, ou talvez até esperamos que haja um segundo. Não é? Talvez eu estivesse errado sobre isso.

    AC: O desenvolvimento do romance entre eles é muito sutil, mas todo o ambiente em que os personagens vivem também é muito interessante. O que você acha que chama mais atenção em seu novo filme?

    Eu adoraria pensar que as pessoas são atraídas pelas várias amizades neste filme. Entre "os meninos", entre Matthias e Maxime, e até entre mulheres, em algum momento. O filme foi uma declaração de amor aos meus amigos. Espero que as pessoas tirem um certo senso de companheirismo.

    AC: Você é um cineasta que vem de uma geração que fala da sexualidade como algo mais fluido e dinâmico. Como isso influencia a maneira como seus filmes lidam com esses temas, em comparação com os cineastas mais antigos?

    Na verdade, não sou desta geração. Tenho 31 anos! Fluidez sexual ou fluidez de gênero são noções que eu ignorava por anos - e era tão pouco familiarizado quanto as pessoas mais velhas ao meu redor - quando se tornou mais comum falar sobre isso abertamente, na mídia. Eu realmente sinto que a geração mais jovem está muito mais evoluída nesse nível do que a minha. Claro, não há idade para se livrar dos rótulos. Sempre destaquei personagens queer, sempre tive uma agenda, no fundo, quando se tratava de mostrar essa diversidade. Mas venho de um lugar muito mais tradicional e muitas vezes sinto que minhas opiniões e instintos sobre o assunto estão ultrapassados. Então eu leio e mantenho minha mente totalmente aberta, disposta a aprender e se adaptar.

    AC: Qual é o seu critério para atuar em seus próprios filmes? Você sente uma conexão que precisa ser ampliada, além de dirigir e escrever essas histórias?

    É bem simples. Só me pergunto se me encaixo na história ou não depois que a ideia existe. Eu não me forço nisso, nunca. Eu me elenco como se tivesse escolhido qualquer outro ator.

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