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    Crítica: A Vastidão da Noite

    Com ótima dupla de protagonistas, novo filme do Prime Video traz originalidade dentro de uma fórmula já conhecida.

    NOTA: 3,5 / 5,0

    1958. Dois jovens protagonistas, uma cidade do interior dos Estados Unidos e uma noite cheia de mistérios a serem resolvidos. The Vast of Night é uma produção que impressiona pela simplicidade com que conta uma história em tempo real, sem pausas, distribuída em longos planos e diálogos. Aparentemente com orçamento reduzido, o filme se aproveita de elementos inicialmente sem muitas complexidades para entregar uma narrativa que se desenrola naturalmente, aprofundando-se aos poucos no que está escondido no escuro. É a escuridão que dá toda a base da narrativa, destacando uma sensação incômoda na jornada de dois jovens destemidos.

    A estrutura do enredo começa como uma espécie de episódio televisivo de um programa de mistério, no estilo Twilight Zone. Em uma cena ou outra, a tela de cinema tradicional se transforma em uma televisão da década de 50, com interferência e sons diferentes, enquanto os protagonistas Fay (Sierra McCormick) e Everett (Jake Horowitz) tentam desvendar um mistério que descobriram via rádio local. Juntamente com esta adição visual, o belo trabalho de som e o uso de pouca luz em praticamente todos os ambientes, somos transportados para aquela época sem delongas ou explicações excessivas.

    Enquanto boa parte da pacata cidade está acompanhando a um jogo de basquete na quadra da escola, a dupla está praticamente sozinha na investigação. Isso ajuda a compor o cenário no qual The Vast of Night se encontra: o filme acontece durante a Guerra Fria, logo no início da corrida espacial entre EUA e URSS, com as pessoas divagando sobre inúmeras ideias tecnológicas para o futuro. Muitas das dúvidas e devaneios dos jovens transparecem nas entrelinhas, especialmente durante os divertidos e intensos diálogos.

    ENREDO INTRIGANTE E PROTAGONISTAS CARISMÁTICOS

    O diretor Andrew Patterson está estritamente interessado em colher o máximo de seus dois protagonistas, e são eles quem dão vida a tudo o que está no entorno. Desde quando Fay e Everett caminham pela rua por minutos e falam sem parar até o momento em que colhem o depoimento de uma testemunha com potencial, Patterson mantém o mesmo nível que emana a força de uma ideia desconhecida e ao mesmo tempo estimulante. Trata-se de uma clássica história de fantasia nos moldes de E.T, O Enigma de Outro MundoStranger Things e Super 8. São obras muito distintas umas das outras, é claro, mas há algo em comum que chama bastante a atenção.

    E o que The Vast of Night possui de semelhança com tais obras é a certificação de que a urgência é a questão que mais funciona neste gênero. A sensação de ter de correr para obter sucesso em algo que algumas pessoas ao redor podem não acreditar está mais do que presente no filme. Portanto, é extremamente envolvente acompanhar Fay e Everett em uma verdadeira corrida contra o tempo, procurando por respostas para eles mesmos enquanto indivíduos.

    A questão mais interessante na história é a de que ambos mergulham na missão sem querer provar nada a ninguém; eles fazem tudo isso para compreender melhor o mundo em que vivem, tentando sair de uma caixinha para vislumbrar o futuro. The Vast of Night pode não ser a reinvenção de um gênero amplamente conhecido, mas sem dúvidas sabe como contar uma história direta - que poderia recair em estereótipos - de forma original. Desta forma, a trama funciona muito por conta de apoiar-se em um estilo mais simplificado; que, ironicamente, soa mais surpreendente e intrigante do que se fosse o caso de inúmeros artifícios visuais e tecnológicos.

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