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    The Walking Dead: A guerra contra os Sussurradores ficará para depois (Crítica)

    Apesar de o final oficial ainda estar por vir, damos a nossa opinião sobre a temporada (quase) completa.

    Já tendo passado por inúmeros altos e baixos, é certo dizer que a 10ª temporada de The Walking Dead manteve um nível consistente por boa parte do tempo - ainda mais quando falamos da midseason para frente.

    A incessante batalha entre o grupo de sobreviventes e os Sussurradores, antes liderados por Alpha, manteve-se como o ponto central da temporada. Porém, devido à pandemia do coronavírus, o episódio que encerrará este ano de produção só será exibido daqui alguns meses: ele ainda não foi finalizado na pós-produção e, com isso, ficamos apenas com um aperitivo do que está por vir.

    A tão esperada guerra final só acontecerá no 16º episódio, mas a própria AMC divulgou que o final planejado aparecerá como uma exibição "especial" em algum momento de 2020. Contudo, com apenas um episódio faltando, é justo fazermos uma análise geral da temporada, uma vez que o próprio canal considera o 15º capítulo, intitulado The Tower, como o desfecho oficial.

    Uma vez que a pandemia afetou exatamente o encerramento da temporada, fica muito claro que há muitas lacunas inesperadas nesta "season quase finale". O desfecho é um tanto anti-climático, já que Beta, com sua horda de zumbis, encontra o hospital em que a maior parte dos sobreviventes se encontra. Normalmente, um episódio como The Tower seria perfeito para anteceder o clímax que veríamos na semana que vem, mas teremos de segurar a espera por tempo indeterminado.

    Mas, no todo, o 15º capítulo prepara bem o terreno para a batalha final. Daryl e Judith protagonizam um momento tão importante quanto pessoal e possuem uma bela troca de diálogos; Carol encontra mais uma prova para perdoar a si mesma e o passado ao conversar com Kelly; Ekeziel, Yumico e Eugene, em uma missão paralela à principal, nos apresentam a Princesa, uma nova personagem que acaba por ser um ótimo alívio cômico; e Negan garante mais um momento de redenção ao tentar ajudar Lydia.

    O momento mais marcante de The Tower acaba por ser o de Negan, por demonstrar o quanto evoluiu positivamente ao longo da 10ª temporada. Sua participação foi essencial para a trama seguir de forma mais fluida, já que ele esteve em ambos os lados da luta. Ao ter mais contato com Alpha e conseguir sua confiança para, então, matá-la a pedido de Carol, o antagonista mantém seu foco até o presente momento e tem o potencial de manter este importante papel na batalha a seguir - ainda mais após provar para Daryl sua lealdade no capítulo anterior.

    Ao longo da temporada, Carol também se mostrou, novamente, como uma das personagens remanescentes mais fortes. Seu estilo de "lobo solitário", evidenciado ainda mais após a morte de seu filho adotivo, Henry, foi o catalisador para torná-la uma das figuras mais interessantes de The Walking Dead. Sua sede por vingança foi crescente e, indiretamente, foi a responsável pelos eventos do episódio 12 (Walk With Us), até então o melhor da temporada. O fato de ter trocado favores com Negan demonstra o quanto a vilã desestabilizou Carol psicologicamente - e o quanto ela também foi essencial para o atual rumo da narrativa.

    A propósito, a atual narrativa de The Walking Dead não demonstrou tantos furos ou tropeços. Por se manter focada no embate físico e mental dos Sussurradores contra os sobreviventes, a 10ª temporada misturou ação, tensão e um bom texto durante boa parte do tempo. Além de uma boa direção, incluindo nas cenas mais frenéticas. São raras as exceções de núcleos mais fracos (talvez o de Virgil não possuía força no início, mas foi importante para pavimentar a saída de Michonne da série), assim como são raros os momentos em que a trama anda em círculos.

    Em What We Become, episódio em que damos adeus a Danai Gurira, há todos os elementos de episódio filler (quando os eventos não são necessariamente importantes para a trama principal), mas por mais que Michonne esteja fisicamente distante de Judith e cia, sua ausência é bem justificada. Adicionalmente, ainda dá mais poder à corajosa menina, que encoraja a mãe a seguir em busca de Rick Grimes. Foi um adeus digno a uma poderosa personagem - e que também nos deu vislumbres do passado, exaltando nostalgia e o peso de certas escolhas.

    Abrindo espaço para personagens diferentes, tais como Lydia e a própria Princesa (que roubou a cena neste 15º episódio), a série administrou bem o tempo de tela de todos os núcleos, fortificando, também, os delírios crescentes de Beta. Especialmente após a morte de Alpha, o personagem perde todo o senso da razão e age através da raiva, fato esse que certamente trará mais impacto na batalha do episódio 16, com o título de A Certain Doom.

    Mesclando violência com certas doses de saudosismo, The Walking Dead se mostrou totalmente capaz de se reestruturar criativamente, sem perder sua essência ou identidade.

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