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    Elite: Critica da 3ª temporada

    A série espanhola da Netflix surpreende com amadurecimentos, mesmo que ainda se jogue nos clichês.

    Nota: 3,5/5,0

    Quando Elite estreou lá em 2008, chamou a atenção por seu conteúdo sensual e um thriller de mistério com o famoso "Quem Matou?", recheado de reviravoltas típicas de novelas. E todas essas características seguem firmes e fortes em sua terceira temporada. Porém, a série encontra seu auge de uma forma que ninguém poderia imaginar: com desenvolvimento de personagens.

    A história recomeça com a volta de Polo (Álvaro Rico) em Las Encinas, absolvido (ou melhor, nem processado) pela morte de Marina (Maria Pedraza). Logo, as tensões só aumentam num ano já complicado, pois trata-se do final do curso para os protagonistas. Como Elite não pode deixar de ter um mistério, uma morte ocorre justamente na festa de formatura: Polo foi assassinado. E o que sobra são muitos suspeitos de tal crime.

    Como dito no texto de primeiras impressões, Elite pode se tornar cansativa ao investir na mesma fórmula, contando a história através de flashbacks para solucionar um mistério. A grande diferença é que, dessa vez, a série criada por Darío Madrona e Carlos Montero já conhece bem os personagens com os quais está lidando. Centralizando cada episódio em um ou dois dos protagonistas, a trama cria espaço para cada um deles apresentar um arco próprio. Existe um plano para conectá-los ao longo da história, mapeando-os com um efeito dominó. Por exemplo, uma decisão de Valério (Jorge Lopez) pode afetar Carla (Ester Expósito), que afeta Samuel (Itzán Escamilla) e Polo ao mesmo tempo, culminando em outra consequência para Valério.

    Ao mesmo tempo, Elite apresenta sua temporada mais densa, com cenas bem dramáticas — mesmo que ainda recorra para reviravoltas absurdas ou conclusões simplistas em seu final. A coisa mais legal dessa temporada não é descobrir quem matou Polo, mas observar como esses jovens podem se desenvolver (ou se transformar) ao longo dos episódios. Em determinado momento, parece que Samuel e Gúzman (Miguel Bernardeau) trocaram de almas. Mas não foi isso, a vida jogou ambos em jornadas diferentes... Um cansado de sofrer, outro aprendendo a superar sua raiva.

    Além desta amizade, outra parceria que encanta a temporada é a situação "amigas e rivais" de Lu (Danna Paola) e Nadia (Mina El Hammani), que deixam de disputar um homem para competir por uma grande chance em seu futuro. O que se constrói ali é um sentimento de admiração, com uma incentivando a outra, mesmo que estejam concorrendo pela mesma coisa. Principalmente, o crescimento de Lucrecia é uma das situações que mais brilham na temporada. Se vendo completamente só pela primeira vez, ela precisa aprender a enfrentar problemas com trabalho e empatia. Mas a jovem segue soltando algumas das melhores frases do show.

    Quem também precisa aprender a se virar, porém o faz de uma forma mais destrutiva é Valério, com Jorge Lopez novamente roubando a cena. Os criadores foram espertos em juntar um personagem cheio de empatia com os dois seres mais odiados pelo público, criando algo (não) totalmente novo, porém interessante de ver. Só que o grande destaque do roteiro de Elite vai para o arco de Polo. Seria tão fácil cair no clichê ao tentar humanizar o "vilão" da história, para tentar fazer o público se importar com sua morte — como aconteceu em 13 Reasons Why. Tudo que eles falharam ao fazer isso na segunda temporada, eles constroem de forma cativante na terceira. A cena final entre Polo e Gúzman é algo merecido e justo para as jornadas de ambos.

    Como nem tudo são flores no mundo de Elite, existem alguns tropeços é claro. Os novatos Yeray (Leïti Sène) e Malik (Sergio Momo) só servem para atrapalhar ships, são completamente ignorados no mistério central e quase não afetam o resultado final. Mesmo queridos pelo público, Samuel e Carla passam a temporada separados, presos numa trama de novela. Mas a marquesa ainda consegue se sustentar uma virada inesperada; enquanto ele acaba se perdendo numa espiral e levando Rebeca (Claudia Salas) junto, infelizmente. Tendo dito isso, tem uma cena no episódio de blecaute entre os dois que se torna um dos melhores momentos da temporada. Por fim, ainda temos o arco de Ander (Arón Piper) — que é realmente impactante para os personagens, mas fica repetindo os mesmos problemas do ano passado em seu romance com Omar (Omar Ayuso).

    Ainda não está claro qual é o futuro da série. Parece ter encerrado o ciclo daqueles personagens, ao mesmo tempo que deixa uma porta aberta (e meio sem sentido) para uma quarta temporada. Pelo sucesso da série, não seria impossível surgir uma continuação no estilo Skins com uma nova geração, mas se isso foi sua forma de dizer adeus (pelo menos para esse grupo) não podia ter sido feito de maneira melhor.

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