Minha conta
    His Dark Materials 1x02: Casos de Família

    Lyra encontra problemas e traições em seu caminho.

    Atenção! Contém SPOILERS do episódio 2 a 1ª temporada de His Dark Materials, “The Idea of North”

    His Dark Materials continua seguindo o livro de Philip Pullman quase à risca. O segundo episódio, que traz Lyra (Dafne Keen) chegando à sua nova casa em Londres com Sra. Coulter (Ruth Wilson), aproveita para mergulhar um pouco mais na história das crianças desaparecidas e mostrar que talvez essa mulher “tão boazinha” não seja tão boazinha assim.

    Neste sentido, não chega a ser uma surpresa que a série continue seguindo os passos do livro “A Bússola de Ouro” quase à risca, salvo algumas adições e estreitamento de laços. A passagem de Lyra pela casa da Sra. Coulter é curta, mas importante para a menina: ela descobre que os Papões, ou seja, o grupo de pessoas que está raptando crianças e é o responsável pelo desaparecimento de seu melhor amigo, Roger, na verdade se chama Conselho de Oblação. Não bastasse, a Sra. Coulter, que diz querer protegê-la, está ligada a esta misteriosa organização e é uma das responsáveis diretas pelo rapto de crianças.

    A esta altura da história, é claro que ainda há muitas perguntas sem resposta, como deve ser, e alguns dos elementos mais importantes para a narrativa começam a ser pontuados para que depois sejam desenvolvidos com mais clareza futuramente. O homem com o daemon em formato de cobra, por exemplo, trata-se de Lorde Boreal (Ariyon Bakare), e o fato de ele cruzar um portal entre dois mundos é apenas uma breve introdução a uma vertente gigantesca desta história. Da mesma forma semi-introdutória, o fato de a origem e o objetivo do Pó não terem sido esclarecidos completamente é proposital e faz parte do jogo.

    Mas apesar de continuar impulsionando a história à frente, o segundo episódio de His Dark Materials ganha força quando dá destaque para a relação dúbia e não tão confiável assim entre Lyra e a Sra. Coulter. A mulher parece de fato nutrir um carinho pela menina, até que de um momento para o outro não parece tanto assim. O mérito do convencimento aqui é todo da atuação de Wilson, aliás. É necessário que se desconfie de Marisa, mas que a leitura da personagem não seja completamente determinista.

    Tratando-se de atuação, o mesmo mérito de convencimento não pode ser dito a respeito de Keen. A garota capta bem os trejeitos de Lyra — o gosto cínico pela mentira, o ar infantil de inocência que esconde toda a sua esperteza, mas Tom Hooper peca com uma direção que deixa a garota subaproveitada: os momentos dramáticos são exageradamente dramáticos, deixando escancarado qualquer sentimento que o público deveria ter. Ao mesmo tempo, há uma certa frieza nas relações — e, mais uma vez, no laço forte entre Lyra e Pan — que deixa artificial o que deveria ser orgânico. Quando a câmera diz exatamente o que o espectador precisa sentir, a relação entre a produção e o público se torna algo desgastante e óbvio.

    E este desgaste, no fim das contas, é o grande problema da direção de Tom Hooper, que não consegue desfazer a artificialidade naturalmente imposta por cenários tão pomposos, grandiosos e animais falantes. Mesmo assim, esta é de fato a porção mais introdutória de His Dark Materials, e as expectativas são de próximos episódios mais recheados de ação e o início de fato da jornada da garota. 

    Outras informações

    • Sim, Lorde Asriel é o pai de Lyra. Ela que lute para superar esse trauma, né?

    • Novamente em relação aos livros, há certos elementos deste episódio que só acontecem bem depois em “A Bússola de Ouro”, mas que a produção decidiu adiantar para facilitar o entendimento e a relação entre o Pó, Lyra e o Conselho de Oblação. Nada mal.

    • Tragam logo Iorek Byrnison, por favor.

    facebook Tweet
    Comentários
    Back to Top