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    Festival de Gramado 2019: Pacarrete é ovacionado pelo público

    Pintou o favorito.

    Festivais de cinema de vez em quando entregam sessões mágicas, onde a simbiose entre o exibido na telona e o público resulta fatalmente em uma enxurrada de aplausos. Nesta terça-feira, foi assim. Ao encerramento de Pacarrete, o público gramadense irrompeu em uma ovação absoluta à equipe do longa-metragem, em especial à atriz Marcélia Cartaxo. Confira nossa crítica!

    Inspirado nas memórias do próprio diretor Allan Deberton, Pacarrete foi uma de suas vizinhas quando criança, personagem icônica na pequena cidade cearense de Russas graças ao seu temperamento explosivo e o apreço pelo balé e a cultura francesa. Na coletiva realizada na manhã de hoje, o diretor falou um pouco sobre a verdadeira Pacarrete.

    "Quando era criança, voltando da escola andando de bicicleta, vi uma senhorinha brava com a vassoura, gritando com todo mundo e criando confusão. Era Pacarrete, a doida, como a chamavam. Ela era professora e eu mesmo tinha medo dela", disse o diretor. "Ela precisou falecer para ter a curiosidade em saber mais sobre ela. Seu nome veio do francês, Pacarrete significa margarida e por isso a personagem usava flores na cabeça, no chapéu de palha [..] Ela nasceu em Russas mesmo, em 1912, e viveu quase um século. Era uma pessoa criticada a beça, mais odiada que amada na verdade, mas quando estávamos rodando o filme tudo isto mudou. Todo mundo a conhecia, era amiga de todo mundo...", complementou, provocando risadas do público.

    A intérprete de Pacarrete é Marcélia Cartaxo, que precisou passar por quatro horas de maquiagem para chegar à caracterização da personagem, aos 65 anos. "Foi um desafio muito grande", disse a atriz. "Passei uma noite experimentando várias vozes até encontrar a ideal de Pacarrete. Questionava muito esta voz, não me sentia confortável com ela até encontrar a musicalidade certa. Tive também aulas de francês e de piano, nunca tive muito ouvido para música [..] Foi uma preparação muito tensa e o Allan sempre me respeitou, em relação às minhas limitações. O balé em especial é muito difícil, é que nem ser um atleta. Precisa todos os dias fazer aqueles movimentos e exercícios."

    Questionada sobre o momento atual do cinema brasileiro, Marcélia deu um depoimento tocante: "Quando digo que neste momento precisamos resistir bastante, é porque está difícil mesmo. Tinha três trabalhos para fazer e todos foram adiados por causa deste momento atual, em que não tem mais edital.

    O cinema é um mercado muito grande, é a profissão da gente e trabalhamos muito! O maior recado deste filme é termos conseguido mexer com as emoções. Está tudo tão distante, tão estranho, estão tirando tudo da gente e estamos ficando sem o nosso chão. É isso que precisamos dizer, que nosso cinema precisa ter espaço no mercado e nas escolas. Precisa ter modernização para a gente socializar, com respeito. E estamos ficando mais velho, fica mais difícil neste meio.

    O que eu recebo vai pra mesa, preciso trabalhar para sustentar a família. As pessoas me perguntam, 'e aí, quais são os próximos projetos?' Não sei... Por isso digo para viver o hoje, feliz, me cuidar. Amanhã há de ter outras portas abertas, a gente tem que acreditar nisso."

    Também estrelado por João MiguelSoia Lira e Zezita Matos, Pacarrete é desde já o grande favorito para faturar muitos Kikitos na premiação deste sábado. Até o momento, o filme não tem data de estreia no circuito comercial.

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