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    Big Little Lies 2x06: A briga pela verdade (e pelo Emmy) engrena de vez!

    Leia nossa crítica de "The Bad Mother", com spoilers sobre a 2ª temporada de Big Little Lies.

    Tirando uma página do roteiro de The Good Wife ou qualquer outro drama criminal tão amado pelo público norte-americano, Big Little Lies apresenta o início do julgamento — também conhecido como o auge do confronto entre Celeste (Nicole Kidman) e Mary Louise (Meryl Streep). Quem diria que, numa série cujo pontapé inicial foi um assassinato misterioso, o processo de destaque seria sobre a custódia de duas crianças, não é mesmo?

    Na realidade, "The Bad Mother" também poderia ser intitulado "vídeo de candidatura de Nicole Kidman para o Emmy 2020", pois o capítulo foi todo centrado no depoimento de sua personagem diante da juíza. E é difícil manter a calma quando um advogado sagaz (Denis O'Hare, não valorizado o suficiente antes por nossas críticas semanais) começa a questionar TODOS os pontos de sua vida. Perto deste interrogatório, nunca mais alguém pode reclamar quando aquele tio chato vem questionar "e as namoradinha(o)s?". Mary Louise não teve receio em jogar sujo — desde os remédios e as recentes escapadas sexuais de Celeste, até questionando o status de vítima em seu casamento abusivo com Perry (Alexander Skarsgård), com mais uma interpretação emocional de Kidman.

    Obviamente, também não ia perder a chance de perguntar sobre o "acidente" sofrido pelo falecido; com direito a videozinho reforçado por leis físicas sobre como foi um assassinato, na realidade. A mãe de Max (Nicholas Crovetti) e Josh (Cameron Crovetti) mantém sua versão dos fatos, mas a detetive Quinlan (Merrin Dungey) estava lá, pronta para ver as reações das "Cinco de Monterey" no julgamento. E se Bonnie (Zoë Kravitz) chamou sua atenção no tribunal, foi a fotografia de Madeline (Reese Witherspoon) que ela ficou observando por mais tempo em seu escritório... O que isso quer dizer?

    Nos dias seguintes do processo, Celeste consegue dar algum tipo de volta por cima, dando uma declaração mais sensata e honesta para a juíza. Mas antes que a decisão seja tomada, a ruiva faz um pedido: quer que Mary Louise também seja analisada, afinal é tão parte do processo quanto ela. Inclusive, Celeste deseja que a função de interrogá-la vá para suas próprias mãos. É o embate Kidman e Streep pré-temporada de premiações!

    Se o episódio foi realmente centrado em Celeste, é inegável como o arco de Bonnie roubou a atenção. Está clara que a condição de Elizabeth (Crystal Fox) não vai melhorar, e sua filha pergunta se tem algum jeito de encerrar sua dor matando-a, alegando que teriam pena de um cachorro em fase terminal, para o pavor de seu pai e da média. Afinal, aquele "Kill Me" do episódio passado não foi nada sutil... Dentre repetidas sequências de sonhos e imaginações da personagem, Kravitz entrega uma bela performance mesmo quando decide fazer sua confissão para a mãe desacordada, relembrando como o abuso que sofreu na infância culminou nas decisões erradas de sua vida: "Te culpo por matar um homem. Quando parti para cima dele, eu estava empurrando você!"

    Quem também tomou atitude nesse episódio foi Jane (Shailene Woodley). Provando mais uma vez como a irmandade feminina é uma das coisas mais poderosas do mundo, ela logo recebe uma mensagem da Bonnie sobre como Corey (Douglas Smith) foi visto saindo da delegacia. Felizmente, ele não é um policial infiltrado, só foi ferozmente interrogado por Quinlan. Infelizmente, a mãe de Ziggy (Iain Armitage) ainda não confia 100% nele e não está pronta para deixar alguém entrar em sua vida novamente. Porém, ela está pronta para marchar até a porta de Mary Louise e dizer uma boas verdades sobre como tal processo contra Celeste é injusto e como o filho dela era um embuste. Precisa de coragem para gritar na cara de uma Meryl Streep mais assustadora que a Miranda de O Diabo Veste Prada.

    Em pleno penúltimo episódio, as tramas de Madeline e Renata (Laura Dern) parecem estar presas num loop pouco interessante. Pelo menos, Whiterspoon consegue aproveitar tais momentos para ir da doçura ao tentar reconquistar Ed (Adam Scott) com honestidade deslavada e um vestido de noiva que não cabe mais; até soltar tiradas cruéis contra Bonnie numa discussão sobre como manter a mentira sobre a morte de Perry. Sinceramente, a situação dela está nas mãos do marido: perdão ou se jogar na tentação que é Tori (Sarah Sokolovic)? Por fim, Renata descobriu que seu marido ainda a traiu com a babá. No meio de um processo de falência. Que foi culpa dele. Resultado? A executiva mandou Gordon (Jeffrey Nordling) calar a boca por toda a vida, numa fala tão cheia de palavrões, que deve ser algum tipo de recorde.

    Numa trama cheia de altos e baixos, a segunda temporada de Big Little Lies se sustenta pela qualidade das atuações de suas protagonistas — e é isso que realmente nos deixa ansiosos pelo último episódio na semana que vem. Mas é triste ver que esse é resultado de uma possível opressão do trabalho da diretora Andrea Arnold, já que fontes da imprensa norte-americana afirmam que a HBO ignorou toda visão artística da cineasta e entregou os episódios para serem finalizados (e até refilmados) por Jean-Marc Vallée, diretor da primeira temporada (supostamente sem o apoio de Kidman e Witherspoon, produtoras da série). A emissora nega tal acusação, mas isso explicaria a mudança de tom observada ao longo dos episódios, além da falta de clareza em certos arcos principais. A adaptação de Liane Moriarty traz a construção de seis personagens complexas, tão essenciais para colocar a representatividade feminina no centro da atenção da cultura. Mas isso pode ter custado a voz de uma mulher nos bastidores. Parece que estamos dando um passo para frente, mas seis para trás.

    Melhor frase: "Eu tenho um diário de masturbação e uma lista de desejos. Você entrou para ambos." Tori, você ganhou o respeito do povo.

    Hinos do episódio: Reese dançando "Everybody Wants to Rule the World" em um vestido de noiva lembra uma cena icônica de Monica (Courteney Cox), Rachel (Jennifer Aniston) e Phoebe (Lisa Kudrow) em Friends e isso é lindo.

    Número de gritos histéricos na temporada: 4,5! Obrigada pela cooperação, Renata!

    Considerações finais:

    - Bonnie, amiga, quando se confessa um crime, não deixe evidências físicas como escrever num papel!

    - Como Gordon foi de "marido mais inútil da primeira temporada" para "marido mais destrutivo ever na segunda"?

    - Quem leu o livro original de Liane Moriarty percebeu a referência sobre como Ed ia querer falar a verdade para a polícia, durante a conversa entre Renata e Madeleine?

    - Sério, Joseph (Santiago Cabrera) está envolvido nessas escapadas da mulher? Quando Big Little Lies virou um thriller erótico dos anos 90?

    - Levanta a mão quem ri toda vez que o alarme apita quando Renata passa pelo detector de metais!

    - Fica aqui também uma série de aplausos para quem cuida do perfil da HBO no Twitter e que gosta de jogar um shade:

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