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    O Mundo Sombrio de Sabrina: Crítica da 2ª temporada

    Com ares adolescentes e muita mitologia, a série volta a empolgar na segunda metade de sua temporada.

    Nota: 3,5 / 5,0

    "Por que as coisas sempre acontecem com você?". As palavras de Ambrose (Chance Perdomo) para Sabrina Spellman (Kiernan Shipka) representam bem a premissa da segunda temporada de O Mundo Sombrio de Sabrina. A bruxinha adolescente enfrenta altos e baixos no novo ano, passando por não um, mas dois triângulos amorosos, além de uma ressurreição; criando uma sósia má; cumprindo uma profecia, e chutando bundas de inimigos. Isso tudo de forma impetuosa e precipitada, sem exatamente pensar nas consequências, como é de se esperar de alguém com 16 anos.

    Filmado simultâneamente com sua primeira parte, o segundo ano da produção foi bem sucedido em dar seguimento à história da protagonista. Enquanto a temporada de estreia se preocupou em apresentar os personagens e a mitologia da série, inclusive deixando alguns arcos narrativos esquecidos pelo caminho; a segunda parte foi responsável por amarrar as pontas soltas com muitas revelações e algumas reviravoltas que bebem diretamente da "jornada do herói".

    Sabrina, antes dividida entre o mundo da magia e dos mortais, praticamente sofria bullying por ser meia bruxa. Agora, após assinar o Livro da Besta, provou ser mais poderosa do que outros feiticeiros. Até demais, em um momento "deus ex-machina" bastante apelativo na série.

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    A segunda temporada foca bastante na temática adolescente, com triângulos amorosos, bailes escolares e conflitos entre colegas de classe. Entretanto, foca em temas mais sérios, como relacionamento de família, machismo e transexualidade. Um dos destaques é a transição de Susie Putnam (Lachlan Watson) para Theo, foco da primeira metade da temporada. Entretanto, os últimos episódios acabam jogando a personagem para escanteio, agindo de "vela" para Roz (Jaz Sinclair) e Harvey (Ross Lynch). Pelo menos, os três humanos ganham mais espaço e se tornam heróis em capítulos-chave.

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    Outra temática importante é o conservadorismo e o machismo da Igreja da Noite, presente na figura do Padre Blackwood (Richard Coyle). A todo momento, ele é desafiado por mulheres empoderadas, em prol de políticas mais igualitárias e libertárias — entre elas, Sabrina, Prudence (Tati Gabrielle) e Zelda. Miranda Otto está primorosa como a tia de Sabrina e impagável quando está enfeitiçada pelo marido. Além do vilão interpretado por Coyle, Michelle Gomez brilha como Mary Wardwell, cada mais empenhada em manipular Sabrina a cumprir os planos de Satã. Porém, mais do que uma serviçal do Senhor das Trevas, ela mostra força por si só, como uma mulher e vilã poderosa e independente.

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    Ao mesmo tempo, a série é sombria, apostando na mitologia bruxa e inserindo elementos religiosos em sua trama, como Matusalém, Adão, Lilith e Lúcifer. O episódio "Missionários", por exemplo, apresenta caçadores de bruxa, supostamente enviados divinos, um deles interpretado por Spencer Treat Clark (Corpo Fechado, Vidro), muito bem no papel de convidado. Destaque também para a versão angelical do Senhor das Trevas, sarcástico (tal como na série Lucifer), interpretado por Luke Cook (The Librarians, Guardiões da Galáxia Vol. 2).

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    As referências não param por aí. O Mundo Sombrio de Sabrina ainda apresenta Dorian Grey e faz menção a Fênix Negra, a Abismo do Medo e traz um belo número musical com a canção "Masquerade", de O Fantasma da Ópera. Já esperamos o episódio musical! Outro destaque positivo é o capítulo "engarrafado", "As Profecias do Dr. Cerberus", que acompanha uma misteriosa mulher (disfarçada) que lê tarô para cada um dos personagens principais, mostrando a eles possíveis realidades, baseadas em determinadas escolhas deles.

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    Composta de nove episódios, O Mundo Sombrio de Sabrina é confuso (até bobo) em seus primeiros capítulos, mas entra nos eixos e começa a empolgar na metade da temporada. Tanto que chega a um desfecho satisfatório, com um bom encerramento e gancho para o próximo ano, sem fugir do foco da trama principal. Só sentimos falta da importância de Salem.

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