O mesmo dia, o mesmo filme, a mesma premissa. Parece até título de filme argentino, mas é apenas uma piada curta para falar sobre um fenômeno que cada vez mais tem sido explorado na indústria cinematográfica, com diversas vertentes e variantes: o looping temporal.
Um forte exemplo disso é o mais recente filme original Netflix, Um Amor, Mil Casamentos, estrelado por Sam Claflin e utilizando do recurso para construir uma comédia romântica. Não é a primeira fez que o serviço do streaming faz algo do tipo, visto a ascensão da série Boneca Russa que foi bastante elogiada e teve uma ótima recepção.
Não importa se você é uma pessoa que simplesmente curte assistir a uns filmes de vez em quando ou se é alguém que se denomina "cinéfilo de carteirinha": pense com a gente se alguma vez você já assistiu a algum filme que contasse com uma narrativa envolvendo uma pessoa fadada a repetir o mesmo dia várias vezes. Nem precisa dizer, sabemos que a resposta provavelmente será "sim".
Todavia, por mais que esta introdução pareça estar tomando um rumo desnecessariamente crítico à adoção exacerbada do dispositivo de looping temporal, isso não é algo ruim! Afinal, contanto que a temática da repetição seja adotada com as devidas alterações necessárias para que não entremos em nosso próprio looping — com o perdão do trocadilho — de enredos parecidos, vale de tudo!
Sem mais delongas, preparamos aqui uma lista com algumas das produções do cinema e da TV que bebem da mesma fonte criativa do looping temporal, e conseguiram render histórias bem interessantes e diferentes entre si. Vamos lá?
Um Amor, Mil Casamentos
As comédias românticas também podem ter um looping temporal! Um Amor, Mil Casamentos apresenta diferentes versões de um mesmo dia que se repetem para Jack (Sam Claflin). Ele terá que lidar com diversas confusões como uma ex-namorada, uma convidada com um segredo e um possível romance na festa de casamento de sua irmã.
Feitiço do Tempo
Provavelmente o filme mais debatido quando se trata deste nicho específico, Feitiço do Tempo conta a história de um repórter de televisão (Bill Murray) que vai cobrir o "animador" Dia da Marmota, festa tradicional compartilhada por norte-americanos e canadenses, e se vê preso no mesmo dia várias vezes. Ele aproveita para fazer tudo o que sempre quis, mas eventualmente acaba se cansando. Quem nunca, não é mesmo?
Primer
Streemit / Reprodução
Neste caso, é bem possível que você desista no meio da trama depois de tantas informações jogadas com pouco tempo de assimilação. Mas se você for um daqueles espectadores corajosos que gostam de ser desafiados, esse é o seu filme. Feito de maneira independente, Primer narra a trajetória de um cientista que tenta voltar no tempo. Parece simples. Parece.
A Morte Te Dá Parabéns (1 e 2)
Universal
Adaptando a temática da repetição a uma história de terror e suspense, A Morte Te Dá Parabéns acerta em trazer uma abordagem despretensiosa, cuja maior qualidade é justamente não se levar a sério. Depois de obter um retorno muito positivo nas salas de cinema, a Universal encomendou rapidamente a continuação, que chegou aos cinemas em 2019.
No Limite do Amanhã
Warner Bros Entertainment
Você vê que um subgênero voltou com tudo quando Tom Cruise e Emily Blunt protagonizam um filme usando-o como fórmula. No maior estilo blockbuster, No Limite do Amanhã nos apresenta ao soldado Bill Cage (Cruise), que na intenção de vencer uma guerra contra alienígenas, acaba morrendo. O problema (ou solução?) é que, tal qual um jogo de Atari, ele sempre ganha uma nova chance para derrotá-los. Mas suas fichas não vão durar para sempre, não é?
Antes que Eu Vá
Fox
Feitiço do Tempo encontra Meninas Malvadas. A grande virada de Antes que Eu Vá é justamente tirar a auréola dos bons protagonistas e trazer uma pessoa de caráter...duvidoso. Samantha Kingston (Zoey Deutch) encarna uma jovem mesquinha com a vida ideal e invejada por todos. Pouco tempo antes de morrer, contudo, ela tem a chance de mudar os acontecimentos de sua última semana — e, claro, toda sua vida.
Nu
Netflix
Todo mundo ama uma farofa de vez em quando, e Nu, da Netflix, talvez seja o exemplo mais farofeiro desta lista! Acompanhando os passos de Rob Anderson (Marlon Wayans), a comédia mostra um rapaz que se recusou a crescer (metaforicamente) e assumir responsabilidades. Até que ele se encontra na delicada situação de acordar sempre no dia do seu casamento, pelado no elevador (literalmente).
Boneca Russa
Netflix
Você foi convidada para uma festa. E toda vez que tenta sair dela, você morre. É bom torcer para que, pelo menos, tenha muita comida, né? Por mais que Boneca Russa pareça apresentar uma ideia sem muitas novidades, ou até mesmo pouco desenvolvida, o seriado surpreende ao tratar de temas que vão muito além da tragédia do looping temporal, tornando o processo do eterno retorno — alô, Nietzsche! — um mero pano de fundo.
Buffy - A Caça-Vampiros
Buffy - A Caça-Vampiros não fez (quase) nada de errado, muitos diriam. Definitivamente, uma das melhores coisas que a série de 1992 nos proporcionou foi aquele episódio da sexta temporada em que Jonathon (Danny Strong) faz um feitiço que cria um looping temporal e Buffy (Sarah Michelle Gellar) acaba em um problema tão estranho e complexo que mal daria para explicar em um parágrafo. Em resumo, ela tem muito trabalho para desfazer a mandinga.
Supernatural
Warner
Antes de atingir incontáveis temporadas de qualidade duvidosa, a série Supernatural veio com um episódio bem interessante em seu terceiro ano. Depois que Dean (Jensen Ackles) leva um tiro e morre, seu irmão Sam (Jared Padalecki) percebe que está vivendo aquele mesmo dia assim que acorda e começa a bolar uma estratégia para salvar seu querido parceiro de aventuras. Acho que não precisamos dizer o que acontece no final.
E aí, qual é sua obra preferida nessa lista? Conta pra gente! Só não esquece de conferir que dia é hoje. Vai que...