Minha conta
    Marighella: "O Brasil tem esse poder de apagar sua História", diz Bruno Gagliasso sobre importância do filme (Exclusivo)

    O AdoroCinema bateu um papo com Seu Jorge, Bruno Gagliasso e Wagner Moura durante o Festival de Berlim 2019

    Lançado no Festival de Berlim 2019 fora de competição, Marighella é a cinebiografia do ex-deputado, poeta e guerrilheiro Carlos Marighella. Presente no Festival, o AdoroCinema bateu um papo exclusivo com o diretor Wagner Moura os atores, que incluem Seu Jorge no papel principal e Bruno Gagliasso no papel de antagonista, Lúcio.

    Para Moura, uma das grandes dificuldades na concepção do projeto foi a captação: "Quando eu comecei a pensar neste filme, não imaginava que, em 2012, seria tão difícil a captação. Evidentemente, foi difícil pela natureza do filme [...], do Marighella e por eu ser um artista identificado com a esquerda", constatou.

    Radical, o filme baseado na biografia escrita por Mário Magalhães ainda não tem data de lançamento no Brasil, mas a produtora Andrea Barata Ribeiro afirma que a distribuição vai acontecer. "Nós vamos batalhar e, se precisar, faremos um lançamento independente. Vamos fazer o que for preciso. Vamos lançar Marighella no Brasil."

    Em sua crítica, o AdoroCinema destacou:

    "O filme busca estruturar, através de seus confrontos binários (uma montagem paralela expõe as diferenças entre capitalismo e comunismo), uma importante disputa de narrativas. Nos tempos em que historiadores e jornalistas de WhatsApp discutem se o nazismo foi de esquerda ou direita, se a Terra é redonda ou plana, Marighella contrapõe de forma clara os discursos de ambas as partes: enquanto os comunistas afirmam ter pego em armas para libertar a população do regime ditatorial, os militares dizem ter tomado o poder para salvar esta mesma população dos comunistas. Enquanto Lúcio afirma que a polícia age em nome do orgulho patriótico, personagens se referem ao guerrilheiro como aquele que 'realmente amou o Brasil'. Ao final da trama, aliás, apenas um grupo estará cantando o Hino brasileiro a plenos pulmões."

    Festival de Berlim 2019: "Temos não só o direito, mas a obrigação de resistir", explica Wagner Moura sobre Marighella

    Nos sets, um dos pedidos de Moura para Seu Jorge era que ele tentasse imprimir a presença marcante do seu personagem: "Ele falava: 'Jorge, eu preciso muito que você chegue ao set e crie um estado de atenção. Marighella era um homem notável, ele chegava em qualquer lugar e as pessoas percebiam que chegou alguém especial'. Foi muito intenso, foi uma cascata dentro daquilo que [Wagner Moura] entrendia e do que ele queria contar sobre o Marighella."

    "Queria que o filme chegasse nas pessoas pelas quais [ele] lutou", continou o diretor. "Farei um esforço extra para levar o filme a favelas, movimentos sociais, acampamentos, periferias. O que importa é aquilo funcionar, de um modo geral, com coerência. O que sai da boca dos personagens no filme é coerente com quem eles foram."

    Dando vida ao investigador Lúcio, Gagliasso se emocionou contando que o filme será muito importante para sua filha, Titi, no futuro. O ator também explicou por que considera importante que a história de Marighella seja contada:

    "Meu maior desafio de carreira foi dar vida ao Lúcio. Acho que toda História tem sua escória, e eu faço essa escória", afirmou. "O Brasil tem esse poder de apagar sua História, e não podemos fazer isso. Fazer arte hoje é um ato político", finalizou. 

    Confira a entrevista na íntegra no vídeo acima.

    facebook Tweet
    Links relacionados
    Comentários
    Back to Top