Responsável por aclamados títulos recentes do cinema latino-americano como O Pântano e Zama, Lucrécia Martel é uma das realizadoras mais importantes do cenário da sétima arte local. Sua relevância e suas habilidades chamaram, curiosamente, a atenção da Marvel, que tentou contar com a diretora argentina em Viúva Negra antes de finalmente contratar Cate Shortland (Lore). E por que Martel recusou o convite? Por causa das cenas de ação (via Indiewire):
"Recebi um e-mail da Marvel para uma reunião [...] A Marvel e outras produtoras estão tentando trazer mais mulheres para a direção... O que eles me disseram na reunião foi 'nós precisamos de uma diretora porque queremos alguém que esteja preocupada com o desenvolvimento da personagem de Scarlett Johansson [...] Mas eles também me disseram, 'Não se preocupe com as cenas de ação, nós tomamos conta disso'. E eu pensei que adoraria conhecer Scarlett Johansson, mas que também adoraria dirigir as cenas de ação", contou a cineasta.
O motivo para Martel ter declinado a proposta teve a ver, portanto, com uma parcela de sexismo da Marvel, na visão da diretora: "Os estúdios estão interessados em mulheres na direção mas eles ainda acham que as cenas de ação devem ser feitas por homens. E a primeira coisa que pedi a eles foi se poderíamos mudar os efeitos especiais porque tem muitos lasers. Isso é horrível. Além disso, a trilha sonora dos filmes da Marvel é bem horrenda. Talvez nós não concordemos neste ponto mas é realmente difícil ver um filme da Marvel. É doloroso para os ouvidos".
Assim, não será dessa vez que veremos Martel fazer o salto para o cinema de blockbusters. É importante também acompanhar de perto a ressalva levantada pela cineasta: será que a Marvel e as outras companhias realmente não confiam nas mulheres que contratam para as cenas de ação? Ou as sequências do tipo são realizadas, em todas as produções, por equipes autônomas? Em tempos de conquista de poder feminino na indústria, é preciso prestar atenção nesta questão.
Viúva Negra deve ser lançado em 2020.