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    O Mundo Sombrio de Sabrina: Os vilões da série e sua construção a partir dos figurinos (Visita a set)

    Intérpretes da Srta. Wardell e de Padre Blackwood explicam visual de seus personagens e como isso influenciou na atuação como antagonistas.

    O Mundo Sombrio de Sabrina, inspirado nos quadrinhos "Chilling Adventure of Sabrina", tem um visual bastante característico. Com uma pegada sombria, focada no terror clássico como de O Exorcista e A Hora do Pesadelo, porém ainda com uma leveza de humor e drama adolescentes. Elementos presentes no roteiro, nos figurinos de cerca de 15 personagens principais e 69 figurantes, e nos cenários da casa dos Spellman, de Harvey, da escola Baxter High e da Academia de Artes Ocultas.

    Para montar uma produção como essa, foi necessário uma equipe imensa, que pensou em cada detalhe. O AdoroCinema visitou o set da produção em Vancouver, em junho deste ano. Além de conversar com os atores, com o figurinista e com o artista de efeitos visuais, fizemos um tour com a designer de produção, que mostrou como foram idealizados os belos cenários.

    A casa mortuária dos Spellman era em uma colina, ao ar livre, com um cemitério falso construído ao lado. Entretanto, a construção era apenas uma fachada, oca por dentro e com fundo falso. Seu interior foi gravado nos estúdios em Langley, na Colúmbia Britânica, no Canadá.

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    Os cenários foram construídos inteiramente pela designer de produção Lisa Soper e sua equipe — desde o papel de parede, os móveis, inscrições nos cômodos, até as paredes "removíveis", permitindo que a câmera pegasse qualquer ângulo necessário. Os sets, na forma octogonal, eram montáveis, abriam conforme a necessidade de determinada localização da série ser usada; e fechavam para otimizar o espaço no estúdio, quando não estavam sendo utilizados para gravação.

    O principal desafio era adaptar os quadrinhos do criador e showrunner Roberto Aguirre-Sacasa. Entretanto, para Lisa Soper e para o figurinista Angus Strathie, a liberdade de criação foi praticamente total, especialmente considerando que a série foi caracterizada como atemporal.

    "O Mundo Sombrio de Sabrina se passa em outro tempo, que pode ser dez, quarenta anos atrás, tanto faz, o que é ótimo, porque nos dá uma licença para criar um visual bem específico e individual para a obra", explicou Strathie, mostrando algumas das belas roupas criadas para a produção. "Nós temos bruxas, crianças, demônios de outros mundos, então é bom ter essa liberdade para poder expressar esses personagens através do figurino. Nós usamos roupas dos anos 60, até de períodos anteriores, especialmente para as bruxas. A Zelda [Miranda Otto] e a Hilda [Lucy Davis] têm 300 anos, então elas possuem um guarda roupa bem grande. Muitas roupas da Zelda são dos anos 40 e 50, já para as da Hilda nós procuramos algo mais clássico, com uma paleta de cores mais brilhante. Ela é uma mulher que talvez não tenha o melhor gosto do mundo mas ela veste o que gosta. Para a Sabrina [Kiernan Shipka], nós procuramos algo mais anos 60 mas que também passa uma pegada jovem e moderna."

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    Como toda boa história (de bruxos), a série da Netflix tem seus antagonistas. A diferenciação deles não está somente no roteiro, mas também no figurino e no cenário. A principal vilã é a professora Mary Wardell, que passa por uma transformação na série, de boazinha para má... No caso, Madame Satã.

    "A minha ambição para a Madame Satã é não ser uma coisa só, não ser apenas malvada", revelou a intérprete da personagem, Michelle Gomez. "Acho que o que é preocupante e assustador com o mal é que você só percebe depois que ele já te pegou, e eu espero fazer isso com charme, inteligência e o humor que tem no roteiro. Como qualquer psicopata decente, ela nunca pensa que é má", revelou.

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    A grande mudança da personagem — que se dá no primeiro episódio — fica evidente principalmente no seu visual. Segundo Gomez, "a Srta. Wardell é uma pessoa doce, do bem, um membro respeitado da comunidade — até que ela é possuída pela Madame Satã. E é aí que eu estou me divertindo mais, porque as crianças, os estudantes, Sabrina, todos ficam boquiabertos com essa mudança que a Srta. Wardell teve, dos sapatos básicos de trabalho para saltos de 10, 12 centímetros. É uma transformação bem 'elevada'", comentou.

    O figurinista Angus Strathie — que, segundo Gomez, é sua paixão no set — também explicou como essa mudança se dá para a Srta. Wardell. "Nos primeiros episódios, ela é uma professora de Ensino Médio normal, mas quando essa personagem é possuída pela Madame Satã, passa a usar vestidos mais apertados na escola, com cores mais neutras, como marrom, e quando ela está como Madame Satã ela só usa preto."

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    "Ela pode fazer o que ela quiser, mas, por agora, a diversão é em tentar conter esse poder, porque ela ainda está no ambiente escolar e ainda precisa manipular a situação sendo vista como a Srta. Wardell", disse Gomez sobre a personagem ainda manter um estilo "comportado" quando está fingindo ser a professora de Baxter High. "Mas definitivamente tem um ar de 'algo aconteceu com a senhora Wardell', uma mudança massiva na energia e como ela se posta e se veste. Essas roupas poderiam até estar no fundo do armário da Wardell mas ela as veste com mais estilo."

    Strathie revelou que troca muitas ideias com o elenco sobre seus figurinos, especialmente com Michelle Gomez. "Madame Satã tem ombros largos, um olhar duro e uma pose imponente. Fizemos para ela um casaco de couro e é ótimo, quando você tem esse feedback dos atores, os visuais ficam muito melhores."

    Outro importante antagonista da trama é Faustos Blackwood, Sumo Sacerdote da Igreja da Noite e Decano da Academia das Artes Ocultas. Segundo seu intérprete, Richard Coyle, o personagem é como um "papa sombrio", o "oposto de um padre".

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    "Blackwood tem motivações próprias, uma agenda individual, ele é ambicioso e impiedoso e [Sabrina] defende coisas que ele não concorda", revelou Coyle sobre o relacionamento do Decano com a protagonista. "[Eles] são opostos, então ocorre uma luta de ideais desde o começo. Mas também, de uma maneira bem curiosa, ele acaba sendo uma figura paterna ao contrário. É uma relação complicada, não é tão simples como se eles fossem apenas inimigos, existe um lado paterno em Blackwood também."

    O visual de Blackwood é bastante suntuoso, clássico. "Eu uso umas cortinas, algumas toalhas de mesa...", brincou Coyle. "Algumas coisas muito bonitas, capas, becas, roupas cerimoniais. Faço muitas apresentações em cerimônias e batismos sombrios e esse tipo de coisa. São muito bonitos, quase o estilo de um cavalheiro vitoriano", comentou o ator sobre seu figurino.

    "Tem o lado cerimonial, mais formal, do Blackwood, e o lado mais relaxado dele, quando ele está na Universidade e em casa", completou Coyle. "Mas ele é um indivíduo bem estranho, com objetivos bastante esquisitos. O figurino cerimonial ajuda bastante para as grandes ocasiões, como fazer os batismos ou punir alguém."

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    De acordo com Angus Strathie, o visual dos membros da Academia das Artes Invisíveis é um dos pontos altos de seu trabalho, tanto de Blackwood, quanto das "Meninas Malvadas" Irmãs Estranhas — Prudence (Tati Gabrielle), Agatha (Adeline Rudolph) e Dorcas (Abigail F. Cowen) — e de Nicholas Scratch (Gavin Leatherwood). "Fazemos todas as roupas, não tem nada de segunda mão", explicou ele. "Tiramos um pouco do contexto moderno, mais com o que não usamos do que com o que usamos", comentando que o tipo de tecido importa. "Nós gostamos de pensar em coisas que seriam usadas tanto a cinquenta anos atrás como hoje em dia."

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    Segundo Richard Coyle, os antagonistas de Sabrina são bastante cativantes, como ocorre em outras produções. "Eu acho que [os vilões] são bem sexy", disse, rindo. "Eles são interessantes. Nós somos atraídos por pessoas ruins por algum motivo. Eu não gostaria de sair com um psicopata mas tem um lado em pessoas malvadas que é atrativo", completou.

    A primeira temporada de O Mundo Sombrio de Sabrina está disponível na Netflix. Leia a nossa crítica, e confira como o elenco comparou a nova produção com a sitcom dos anos 1990 e com as HQs, e explicou o foco em representatividade da série.

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