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    New York Comic Con 2018: Titans inaugura uma fase mais sóbria da DC nas telinhas (Primeiras impressões)

    O AdoroCinema assistiu aos dois primeiros episódios da nova série inspirada em Os Jovens Titãs.

    Titans chegou “queimando a largada” da New York Comic Con 2018 para entregar um presente para os fãs da DC Comics. A série em live-action dos Jovens Titãs, que é a porta de entrada para o serviço de streaming exclusivo da DC nos Estados Unidos, ganhou pré-estreia recheada de surpresas um dia antes do início oficial da NYCC.

    Os dois primeiros episódios, exibidos para a imprensa, fãs e convidados presentes, contam uma história de origem deste grupo disforme de indivíduos, mas apesar do tom introdutório, é possível identificar algumas características perenes — que tanto diferenciam a série das demais adaptações de material da DC para as telinhas, como as séries do ‘Arrowverse’, quanto a aproximam mais do Universo Estendido DC, mas sem fazer uma relação direta com este.

    A história acompanha um grupo de heróis passando por fases de amadurecimento, questionando o lugar a que pertencem em uma abordagem mais enérgica da clássica franquia Os Jovens Titãs. Dick Grayson (vivido por Brenton Thwaites) e Rachel Roth (personagem de Teagan Croft) acabam no meio de uma conspiração que pode literalmente trazer o inferno à Terra. No meio do caminho juntam-se a eles uma temperamental Estelar (Anna Diop) e o adorável Mutano (Ryan Potter). Juntos, eles se transformam em uma família adotiva e em um time de heróis.

    Sem ignorar o nome que vem atrelado ao de Dick Grayson, o Robin, na mente de qualquer conhecedor de histórias em quadrinhos, Titans trilha um caminho para se equilibrar sem a necessidade de trazer o Batman. Mas isso não significa que ele seja completamente esquecido. O seu nome é mencionado algumas vezes, seja para situar a história de Grayson ou para estabelecer que sua presença não é exatamente um desejo do ex pupilo — um rancor, aliás, que deve ser parte importante da trama da primeira temporada, pois faz uma ligação honesta com o grande escalão da DC sem a necessidade de envolver o justiceiro de Gotham diretamente. 

    Dave Kotinsky/Getty Images for DC UNIVERSE

    Mas o que realmente chama atenção em Grayson não é a sua relação de ódio com Batman, e sim o seu tom sombrio. O assunto já havia repercutido durante o lançamento do trailer, quando um surpreendente (e inesperado) “fuck Batman” sai de sua boca. “A série é sobre Dick Grayson tentando encontrar uma nova maneira de lutar”, defende o seu intérprete, Thwaites. “Não é uma história sobre o Batman.”

    É justamente a “nova maneira de lutar” de Grayson que mais diferencia Titans de outras séries de heróis. Trata-se de um personagem violento e imperturbável, que traz consigo um trauma de Bruce Wayne (tentando se desvencilhar do antigo mestre mas aparentando ser basicamente uma versão 2.0 do mesmo) e cenas de luta que não fogem do sangue; adicione à personalidade sombria a baixa iluminação de boa parte das cenas e pronto: estamos diante de uma série do Universo DC, para o bem ou para o mal.

    O maior destaque, no entanto, vai para Teagan Croft, intérprete de Ravena — ou melhor, de Rachel. A adolescente rouba a cena com facilidade nos episódios iniciais. Seu drama pessoal é envolvente. Ela não entende seus poderes e os rejeita, é incapaz de controlá-los e tem medo do que ela mesma pode causar. A aura sombria da personagem ainda nessa fase de incerteza é contraposta pelo seu humor ácido e afiado, uma elasticidade que Croft executa muito bem.

    Entre os principais, Estelar e Mutano aparecem menos nos dois primeiros episódios, que buscam estabelecer antes de qualquer outra coisa uma base mais forte da história de Dick e Rachel. A única cena de Mutano (Potter) é curta, mas bem humorada, enquanto Estelar (Diop) ainda é um mistério, pois trata-se de uma personagem que não sabe muito sobre si e acaba soando um tanto disforme. Por sua vez, Columba (Minka Kelly) e Rapina (Alan Ritchson) ganham um certo destaque, mas ele parece ser um personagem que está ali simplesmente para soltar algumas frases engraçadas uma vez ou outra.

    Seguindo nesta linha, Titãs parece de fato ser uma tentativa de inaugurar uma nova fase das adaptações da DC para as telinhas. Ela se leva a sério, mas busca equilibrar e não exagerar na sobriedade. Por isso, esteja atento a referências a outras séries e nomes em telas de celular, pois são alguns momentos que realmente fazem diferença e aliviam o tom.

    O seu maior desafio, talvez, seja provar o que ela tem de diferencial além de cenas com sangue. Com apenas dois episódios, temos a introdução dos protagonistas e um grande motivador, que é a história de Ravena, mas não é o suficiente. O maior perigo é ela se ater a uma história de origem, um tipo de narrativa da qual a TV está cheia. O arco de Rachel é contrabalanceado com a existência de outros personagens que não já estão “livres e soltos”, mas acabam não tendo o mesmo carisma que a primeira. Resta aguardar.

    Titãs será exibida no Brasil pela Netflix, ainda sem data de estreia. Nos Estados Unidos, chega em 12 de outubro. 

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