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    Festival de Brasília 2018: Documentário sobre Dilma Rousseff e outras presas políticas é aplaudido de pé

    Torre das Donzelas e Los Silencios foram apresentados no primeiro dia da competição.

    A primeira noite da mostra competitiva do 51º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro começou com fortes momentos no palco do Cine Brasília.

    Junior Aragão / Divulgação

    Torre das Donzelas, de Susanna Lira, apresentou a história de dezenas de presas políticas, incluindo Dilma Rousseff, que foram encarceradas no presídio Tiradentes (apelidado "Torre das Donzelas") durante a ditadura militar. O documentário alterna as graves histórias de abusos e torturas com cenas de amizade e colaboração entre as mulheres.

    O filme foi aplaudido de pé duas vezes: primeiro, quando levou ao palco dezenas de protagonistas, sobreviventes da ditadura, e após a exibição, diante das personagens em lágrimas. A sessão foi marcada por gritos de "Viva Dilma" e "Lula livre" ao longo da exibição.

    Leia a nossa crítica.

    Junior Aragão / Divulgação

    Já Los Silencios levou os espectadores a um minúsculo vilarejo na fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru. Após exibição na Quinzena dos Realizadores, em Cannes, o drama dirigido por Beatriz Seigner apresentou a vida de moradores de baixa renda, que perderam familiares nos conflitos armados da região.

    As atrizes, de língua espanhola, agradeceram a Seigner pela oportunidade de contarem as suas histórias, enquanto o produtor Leonardo Mecchi lançou um potente discurso contra as novas medidas do governo para o audiovisual: "Eu acuso Sérgio Sá Leitão e Christian de Castro de acabarem com a diversidade no audiovisual brasileiro. Se for para morrer, morreremos lutando". Tanto os discursos quanto o filme receberam fortes aplausos dentro do Cine Brasília.

    Leia a nossa crítica.

    A noite também trouxe os primeiros curtas-metragens em competição. Boca de Loba, de Bárbara Cabeça, propõe uma jornada feminina pelos espaços urbanos. A diretora efetua uma curiosa combinação entre a filmagem punk, com imagens granuladas e câmera na mão, e o caráter lendário, evocando a figura de mulheres míticas, perigosas - uma espécie de atualização das bruxas e das sereias.

    O resultado é um fluxo criativo de imagens e ideias, além de um discurso engajado que se transmite tanto na fala quanto na estética. Estas mulheres literalmente subterrâneas, que saem das bocas de lobo para ocupar as ruas de madrugada, sugerem um bem-vindo enfrentamento às regras sociais.

    Kairo, de Fábio Rodrigo, opta por um caminho mais clássico, focado no encontro entre uma assistente social e um garotinho de nove anos de idade. Ela precisa dar uma má notícia à criança, mas hesita sobre a melhor maneira de fazê-lo. O projeto se constrói através do suspense: o que teria acontecido à família dele? Qual será a reação do pequeno estudante?

    O drama se conclui com um letreiro potente, embora desconexo em relação à história mostrada. O grito político explicita o que o filme não consegue desenvolver por conta própria, suscitando uma pequena frustração. O tratamento do som, com diálogos destacados dos ruídos ambientes, também chama atenção pela artificialidade. Pelo menos, existe evidente empatia e humanismo na trama, além de uma composição sóbria de Vaneza Oliveira

    A mostra competitiva continua, no dia 16 de setembro, com um longa-metragem da casa, o brasiliense New Life S.A., de André Carvalheira, além dos curtas-metragens Liberdade, de Pedro Nishi e Vinícius Silva, e Sempre Verei Cores no seu Cinza, de Anabela Roque.

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