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    Festival de Vitória 2018: Filme infantil de Oswaldo Montenegro é apresentado na 4ª noite

    Ocorreu também uma homenagem feita a Luiz Carlos Barreto, que contabiliza mais de 70 filmes em sua carreira.

    A programação da 25ª edição do Festival de Vitória só melhora a cada noite não somente pelos filmes apresentados como também pela escolha dos homenageados. Figuras importantes que marcaram a cinematografia brasileira como Maria GladysNeville D'Almeida foram destaques nos outros dias, mas na quinta-feira quem recebeu o Troféu Vitória foi Luiz Carlos Barreto.

    Com 90 anos e mais de 70 filmes em sua carreira, Barretão (como é carinhosamente chamado) estreou no cinema como co-roteirista e produtor de O Assalto ao Trem Pagador (1962), dirigido por Roberto Farias, e é uma das figuras mais conhecidas do Cinema Novo. Seu papel nas telonas se propagou para áreas da fotografia e produção, tendo assinado obras como Vidas Secas (1963) e Terra em Transe (1967). 

    Devido a motivos pessoais, infelizmente ele não compareceu ao Teatro Carlos Gomes para receber o prêmio em mãos; quem o representou foi o amigo e cineasta Luiz Carlos Lacerda. “É uma honra receber este troféu em um festival tão importante para o cinema brasileiro”, disse.

    Seguindo com a programação competitiva de curtas-metragens, Maré abriu a sessão. Dirigido por Amaranta César, o curta apresenta diversas gerações de mulheres que vivem em quilombos no Brasil e possui uma vibração sensorial muito forte. O movimento da maré, apesar de suave, leva as mulheres quilombolas a um vai e vem físico e mental.

    Terra Vermelha (ou “O Perigo da História Única”), de Carlos Queiroz, apresenta alguns problemas na narrativa que prejudicam o tratamento do tema. A frase “Histórias importam, muitas histórias importam” é repetida inúmeras vezes mas não é possível fazer a conexão do significado dela para o que o diretor tenta mostrar. A crítica ao poder da hegemonia em criar apenas uma abordagem para o que, na verdade, possui mais questionamentos é interessante, mas não é aprofundada devido à breve duração.

    Estamos Todos Aqui, de Chico Santos e Rafael Mellim, possui uma linguagem dinâmica e moldada pela presença de Rosa, "que nunca foi Lucas". A jovem transgênero é quem nos guia pela Favela da Prainha, prestes a ser demolida devido ao projeto de espansão de um porto. O curta trabalha assuntos urgentes como a desestruturação daqueles que não conseguem reivindicar seus direitos básicos e o tratamento para com pessoas transgênero. Todos estão lá – e a ficção se une ao documental de maneira belíssima. "É tudo nosso", diz Rosa àqueles que querem tirar seu lugar. Sua luta interna acaba se igualando com a de todos ali presentes e é emocionante ver tal encaixe.

    Peripatético, que esteve na programação do Cine PE 2018, foi apresentado também em Vitória. Nosso crítico João Vitor Figueira escreveu sobre o curta: "'Por que você merece essa vaga?': A pergunta frequente em entrevistas de emprego é revelada em seu potencial opressivo no criativo Peripatético, de Jéssica Queiroz, um projeto digno de nota por retratar os dilemas da mulher negra e jovem da periferia com a direção de uma mulher negra — questão cada vez mais urgente e necessária na busca por uma produção audiovisual que possa representar melhor grupos que nem sempre tiveram espaço. As atuações nem sempre estão à altura do roteiro e alguns recursos (como os grafitis que se movem) talvez fossem mais interessantes na ideia do que na prática, mas o filme é digno de nota pela criatividade e frontalidade na qual trata seus temas, mesmo que mire em muitos de uma vez."

    Fechando a noite, o longa que participa da mostra competitiva é A Chave do Vale Encantado, de Oswaldo Montenegro. Com forte influência do teatro, o diretor e músico definiu seu filme em uma frase: “A única coisa que posso dizer é que este é um filme de avô”.

    Com passagem recente pelo Festival de Gramado, a crítica Taiani Mendes falou sobre o longa: "A Chave do Vale Encantado tem boas atuações de Rafael Canedo (Príncipe), Deto Montenegro (Lobo) e Kamila Pistori (Bruxa), mas poderia ser um pouco menos disperso e não tão colorido artificialmente, cheio de efeitos e brilhos que só servem para incomodar. Não ocorreu uma correção e sim uma saturação total das cores, que resulta mais assustadora do que fantástica. Mas diverte."

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